junho 30, 2010

Blog # 640

O mal do mundo são os iluminados que querem salvá-lo. A Associação para o Planeamento da Família e o Ministério da Educação querem um pénis de esferovite no seu ‘kit’ de informação sexual e tratar as crianças como se fossem propriedade de um Estado moderninho e fraturante – logo a seguir, um séquito de militantes trata os que manifestam a mínima dúvida com o desdém que os imbecis costumam achar ‘inteligente’. É desse gente que é preciso ter medo, sobretudo porque estão no poder e à solta, impunemente. O problema não é eles terem as suas ideias; a questão é desprezarem todas as ideias dos outros, como fazem os delinquentes políticos. Outro dia, um papagaio profissional dizia neste jornal que ninguém tem o direito de recusar a educação sexual. Não faltava mais nada.

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Policiais nórdicos? Está aí Jo Nesbø! Deixa-nos sem respirar em ‘Vingança a Sangue-Frio’ (Livros d’Hoje), uma história em que os investigadores são investigados e a incerteza dura até ao fim. Muito, muito bom. Não perca.

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FRASES

"Oficialmente hoje não há acontecimentos." João Gonçalves, no blog Portugal dos Pequeninos.

"A massa crítica futebolística peninsular pende para o eixo Madrid-Barcelona." José Medeiros Ferreira, ontem, no CM.

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junho 29, 2010

Primeiro livro Infantil


"Se eu fosse... Nacionalidades» marca a estreia de Francisco José Viegas na literatura infantil, um género que nunca cativou o autor, como o próprio admitiu na apresentação da obra. Editado pela Booksmile e com ilustrações de Rui Penedo (que também faz a sua estreia), este é o primeiro livro (também disponível para a plataforma iPad quando estiver à venda em Portugal) de uma colecção que vai abordar vários temas (o segundo, com lançamento em Julho, será sobre as profissões). Em todos eles teremos a companhia de Leonel, ou melhor, Lio, como é conhecido pelos familiares e amigos, um menino que anda sempre com a cabeça no ar, «mais distraído do que uma abóbora. Uma abóbora na lua, ainda por cima». No final, Lio vence com facilidade o combate com «o reinado das abelhinhas, formiguinhas e princesinhas louras com olhos azuis»...

A apresentação de «Se eu fosse... Nacionalidades» esteve a cargo de Carla Maia de Almeida, também ela uma escritora de livros infantis (uma designação que não gosta de usar) e uma das especialistas deste género no nosso país. Se Viegas e Penedo faziam a sua estreia a escrever e desenhar, a escritora também dava os primeiros passos na apresentação. Mas não parecia, já que o seu à vontade foi notório e quase não teve de recorrer às suas cábulas para falar da obra.

Carla Maia de Almeida destacou em primeiro lugar o bom momento que a literatura infantil ou infanto-juvenil vive no nosso país e no Mundo, «uma melhoria qualitativa significativa na ilustração, nos textos e no arranjo gráfico, mas também há um maior cuidado no próprio livro como objecto editorial». Deste modo, e segundo a apresentadora, «o reinado das abelhinhas, formiguinhas e princesinhas louras com olhos azuis terminou. Não sou contra esses livros, mas sou a favor da biodiversidade e portanto da existência de outras espécies».

Evidentemente que Carla Maia de Almeida considera que «Se eu fosse... Nacionalidades» se encontra neste novo mundo imaginário dos livros infantis, ressaltando que Francisco José Viegas conseguiu fugir a uma tendência da maior parte dos autores que iniciam as suas carreiras neste género: «A grande maioria dos escritores quando escrevem o seu primeiro livro infantil ficam obcecados por passarem a MENSAGEM, sentem-se obrigados a transmitir um valor positivo com o livro. Isso irrita-me bastante! Muitos dos livros para as crianças andam sequestrados por boas intenções mas esquecem o principal, a boa história, a ilustração e o cuidado com as palavras. A verdade é que os miúdos vivem sequestrados pela MENSAGEM. E felizmente Viegas conseguiu evitar isso.»

A apresentadora salientou ainda que um dos méritos de «Se eu fosse... Nacionalidades» é ser um livro informativo, um atributo que tende a ser subestimado pelos adultos na sua capacidade de provocar a efabulação. «E a verdade é que nos livros informativos se escondem muitas vezes variados mundos. O protagonista do livro, o Lio, revela uma das grandes capacidades das crianças, que é a de fazer perguntas. O condicional do título, «Se», não é mais do que uma pergunta."

in Diário Digital - 28 Junho 2010

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O olhar estrangeiro

"Com um olhar crítico, e não menos apaixonado, sobre seu próprio país, o escritor, professor universitário e jornalista português Francisco José Viegas, é autor de diversos livros de poesia, de livros de viagem e de romances traduzidos para o alemão e o francês.

Através de romances de sucesso como Lourenço Marquês, Longe de Manaus, Viegas leva seus leitores a grandes histórias policiais, aventuras, seja em Guiné, Angola, Portugal ou Brasil. Sempre acompanhado de seu protagonista, o detetive portuense Jaime Ramos.

No Brasil, onde tem livros publicados pelas editoras Record e Língua Geral, Viegas mantém forte relação afetiva. Já morou em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, além de ter viajado o país afora descobrindo e se encantando com os brasileiros.

Francisco José Viegas conversou com SaraivaConteúdo sobre a proximidade cultural entre Brasil e Portugal, fazendo um paralelo crítico-afetivo entre os dois países, principalmente no universo literário. O encontro ocorreu no escritório da revista Ler, onde ele trabalha como editor."

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Blog # 639

A crise chegou, em força, aos dinheiros da cultura. O cinema, por exemplo, está a ser rudemente atingido (a rodagem do novo filme de João Canijo já foi interrompida por quebra de promessa do Instituto do Cinema) e as “outras artes” estão na fila. É verdade que o dinheiro aplicado na cultura se tornou mais rendível do que o destinado a ‘boys’ ou ‘empresas amigas’; e muitas falências perpetradas por gestores criminosos receberam mais apoio do que a cultura no seu todo. Mas deve notar-se que o Estado alimentou projetos de grandeza sem poder cumpri-los, como se quisesse financiar a ‘indústria cultural’ no seu todo, à maneira de um mecenas prodigioso e intratável. Isso é uma coisa. Outra, a forma como procede a cortes cegos e encolhe os ombros como se não fosse com ele.

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Em ano de comemoração dos cem anos da República, a Texto lança no próximo mês uma pequena biografia do polémico Afonso Costa – é da autoria de Filipe Ribeiro de Meneses, professor universitário na Irlanda.

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FRASES

"Após mais de cem anos, os ingleses podem ainda não ter compreendido como se joga futebol." Maradona, no blogue A Causa Foi Modificada.

"Oxalá a Seleção nos ajude, porque esta semana os portugueses vão sentir o aperto do cinto." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM

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junho 28, 2010

Blog # 638

Somos autorizados a pensar que o primeiro-ministro acha que o mundo político se divide em duas metades: a dos que gostam de Camões e a dos outros. O primeiro-ministro só gosta dos políticos que gostam de Camões. É uma decisão política arriscada (e uma piadinha ligeiramente tonta) porque, ao longo da nossa História, há gente pouco recomendável entre os políticos que gostam ou gostaram de Camões. O primeiro-ministro, que em tempos mencionou a sua admiração por Fernando Pessoa, enganando-se no heterónimo e trocando o poema, arrisca-se a ser chamado para uma sabatina literária da qual pode sair chamuscado. Não é um bom critério para avaliação de políticos, mas não custa fazer-lhe a vontade. Por exemplo: quem escreveu “perdigão perdeu a pena/ não há mal que lhe não venha”?

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A Biblioteca Nacional vai fechar, para obras, por 10 meses. A notícia é estranha – compreende-se que encerre por “um certo tempo”, mas 10 meses é uma eternidade para a casa dos livros. Sem contar com os atrasos nas obras, claro...

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FRASES

"Disponibilizamos um apartamento gratuito aos médicos interessados em vir fazer consultas." Bombeiros da Calheta, ilha de São Jorge. Ontem, no CM.

"Neste momento de turbulência mundial precisamos do futebol para um pouco de ordem." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição.

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junho 27, 2010

Olha aí o Mei-re-lis!

Fábio Coentrão é a nova estrela – e ainda vai subir mais alto, se ganharmos à Espanha. Anteontem inutilizou Maicón e Daniel Alves e foi dos seus pés que nasceu o primeiro ataque com sujeito, predicado e complemento directo. Brilhante e bem parecido, vai ser essencial no jogo de terça-feira. Outra estrela: Raul Meireles. Os comentadores brasileiros temem-no: “Olha aí o Mei-re-lis!” Quando o Brasil tinha Tafarel na baliza, ainda a bola ia no meio campo e já Galvão Bueno (o relatador da Globo) gritava, cheio de medo: “Agarra Tafarel que é sua!” Agora é isto: “Olha aí o Mei-re-lis!”

E, portanto, o jogo com Espanha. Vicente del Bosque é um homem simpático, com aquele tufo de cabelo a desmentir a calvície. Mas falta-lhe o não sei quê. Talvez Queiroz tenha aprendido o não sei quê depois do jogo contra a Coreia. Às vezes é preciso um suplemento de alma e chegar aos oitavos pode ser isso. Se for verdade, temos homem. Já estou a ver o primeiro golo a bater nas redes. Jogamos de branco ou de vermelho? Só me falta saber isso.

in Correio da Manhã - 27 Junho 2010

junho 26, 2010

Glória e um desabafo

O jornal brasileiro O Globo da passada terça-feira era duplamente dedicado a Portugal. A primeira página mostrava o golo de Cristiano Ronaldo contra a Coreia do Norte; a capa do caderno de desporto era totalmente ocupada com a foto de Ronaldo, sorridente, e o título perverso: «À espera do Brasil.» Estamos todos à espera do Brasil.

Como a maior parte dos portugueses, a minha história de amante de futebol está ligada à sorte da selecção canarinha, e emociono-me sempre que leio os textos de Nelson Rodrigues sobre ela. Os primeiros jogos que vi foram os do Brasil no campeonato do mundo de 1970, no México, onde vi Pelé falhar golos mas descobri Tostão, Jairzinho e Rivelino. Desde essa altura, eu fui sócio do Brasil. Não chorei de tristeza com a derrota do time de Zico (sempre o achei um pé-frio, coisa que realmente ele é) e de Sócrates no Mundial de Espanha, mas festejei o título mal ganho nos EUA e a vitória no Coreia-Japão. Foi o bastante. No Brasil, fiz-me sócio de um clube. Mas, chegado aqui, é o limite. Hoje, o Brasil precisa de perder. E nós precisamos de ganhar. E para ganhar precisamos de entender Dunga e a sua cabeça estranha. Precisamos de ganhar com alegria.

2. E é isto: Dunga é um chato. Vê-se quando fala. Aliás, Dunga fala pouco – ele prega sermões. Moral, família, deveres, obrigações, ressentimento, sermões; é um chato. Scolari, apesar de também ser gaúcho (nada contra; pelo contrário), nunca conseguia ser tão aborrecido (não era; aliás, Felipão fazia rir e era divertido). Tem outros defeitos e um deles foi ter jogado no Internacional de Porto Alegre (um dos meus prazeres é o de recordar as vitórias do Grémio sobre o Internacional enquanto Dunga era colorado). Mais chato do que Dunga, sinceramente, só o futebol de Dunga. Dunga nasceu eu Ijuí, a terra de Paulo Bonamigo (treinou o Botafogo, o Palmeiras, o Marítimo ou o Atlético de Minas), que é a dois passos de Cruz Alta, a terra de Érico Veríssimo (o grande escritor), e a três de Passo Fundo, a terra de Felipão (já sabemos). Mas não precisava de ser assim. Hoje, à tarde, precisa de uma lição.

in A Bola - 25 Junho 2010

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junho 25, 2010

Blog # 637

Um grupo de cineastas publicou ontem um manifesto onde, atacando pelo meio o pérfido “cinema americano” e o “cinema pimba” português, acusam a Zon/PT/Lusomundo de sequestrar quase meia centena de filmes portugueses (comprados ao produtor Paulo Branco) e de os esconder dos espectadores. A acusação contra a Zon é grave e deve ser pública, mas o problema é mais vasto e deixa a nu a chamada “indústria cultural” (que, de facto, não existe) e a sua extrema dependência do Estado e também dos seus lóbis (uma vez que o Estado, aprisionado por laços suspeitíssimos à PT, não faz cumprir leis existentes) e vícios. O resto, compreende-se: os cineastas pedem dinheiro para os filmes, distribuição comercial sem riscos e admiração perpétua por parte das massas. Assim até não estava mal.

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Douglas Coupland é o célebre autor de ‘Geração X’ e de ‘A Vida Depois de Deus’. Publica agora ‘Geração A’ (na Teorema), uma tentativa de revisitar o início do apocalipse anunciado nos seus primeiros livros. Lá vai, lá vai.

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FRASES

"A solução não é taxar e taxar e taxar: é criar riqueza e diminuir a despesa pública." Paula Teixeira da Cruz, ontem, no CM.

"Ou seja: os outros convergiram, Portugal divergiu." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

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junho 24, 2010

Blog # 636

Depois de ter passado três horas em frente à televisão (um recorde pessoal), assistindo às chamadas “telenovelas portuguesas” (outra originalidade), percebi que não havia cinco minutos sem referências a sexo. A mesma coisa nos noticiários da televisão, na publicidade (naturalmente), nos programas juvenis e, até, nas discussões entre políticos. Em breve vamos ter saudades dos tempos em que se falava pouco de sexo. Não porque não se possa mencionar o assunto – mas porque o excesso e a banalização lhe retiram o essencial, o seu picante. Vi também os “materiais” de “educação sexual” que vão ser fornecidos às crianças (que já estão intoxicadas pela televisão e pela net) nas escolas. Em breve devíamos pensar numa espécie de “educação para o pudor”. Um apelo à delicadeza.

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Há livros que passam em silêncio e são preciosidades. ‘Nos Mares da Terra Nova. A Saga dos Bacalhoeiros’, de Anselmo Vieira, reconstitui a faina de um navio que andava no Ártico no final da década de 40. Heroísmo e poesia.

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FRASES

"As escutas servem para investigar o terrorismo e a droga mas não o crime económico e político?" Eduardo Dâmaso, ontem, no CM.

"Se calhar a sociologia é uma treta, como a antropologia e a medicina ocidental." Francisco Curate, no blog Daedalus.

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junho 23, 2010

Blog # 635

O mais recente Eurobarómetro analisou as perspetivas dos europeus sobre “os impactos sociais da crise”. Segundo o inquérito, os portugueses estão preocupados com a pobreza – e, logo a seguir, com a velhice. Justifica-se. A crise e, depois, maus governantes e maus gestores – ambos deviam ser punidos – fizeram “as pessoas” chegar a este ponto. Não é novo na história portuguesa mas dá uma ideia de como o país pensou o seu futuro: deixando-o ao abandono, evitando pensar nos dias que hão de chegar e promovendo a incerteza absoluta. Estes dados serão determinantes para a nossa maneira de viver e de pensar, e não se combatem com discursos otimistas. O otimismo é uma receita boa para idiotas. Em vez disso, voltar aos nossos limites, à nossa condição, melhorar, varrer a casa.

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A Livros d’Hoje aposta, para Julho, em ‘A Menina que Não Sabia Ler’, de John Harding – uma história fantástica em redor de uma adolescente que descobre uma biblioteca fechada. E, em redor da biblioteca, como sempre – fantasmas.

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FRASES

"O sucesso, literário ou qualquer outro, é importante para o reconhecimento da fotogenia." J. E. Agualusa, no blogue A Douta Ignorância.

"Golear a Coreia foi o pior que podia ter acontecido. Não se entrega um Ferrari a um alcoólico." João Pereira Coutinho, ontem, no CM.

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junho 22, 2010

Blog # 634

A Feira do Livro do Porto teve, este ano, mais 50 000 visitantes do que no ano anterior. Compreende-se: a Avenida dos Aliados é um cenário muito mais apropriado do que o Palácio de Cristal ou a Rotunda da Boavista. É, exatamente, o centro da cidade – o lugar onde devem estar os livros e onde os leitores devem ser autorizados a passear, a sentar-se e a falar com os seus autores preferidos. É no centro das cidades que devem estar, também, as escolas e os jardins. Se alguma coisa provou esta “nova feira do livro” portuense, não teve apenas a ver com os “números do negócio” (simpáticos em ano de crise) mas também com a humanização da cidade. Contra os que pensam numa cidade alastrando para o deserto, a “nova feira do livro” portuense foi um grandioso ato de resistência.

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A ‘Correspondência, 1959-1971’ entre José Saramago e José Rodrigues Migueis, organizada por José Albino Pereira (Caminho) mostra-nos um Saramago que escrevia solto, livre e inesperado. Vale a pena a experiência.

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FRASES

"Por que carga de água o funeral de um escritor tem de cumprir o protocolo dos actos oficiais?" Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura.

"Quando comecei a gravar os filmes gostaria que o mundo fosse exatamente assim." Daniel Radcliffe, que interpretou Harry Potter. Ontem, no CM.

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junho 21, 2010

Blog # 633

Os funerais são, em primeiro lugar, assuntos de família e de amigos. Só depois vêm as multidões. Sobre uma despedida (porque a morte é uma interrupção), deve haver decência e silêncio. José Saramago disse o que disse de Cavaco Silva; não gostava dele e estava no seu direito. Coisas humanas e simples. Cavaco, como Presidente, publicou uma nota correta, essencial e justa. A homenagem dos políticos no funeral de um escritor devia ser uma nota de rodapé. A decência perde-se quando são os políticos a tomar a dianteira. Nada contra. Cada um é como é. E os mortos são como foram. Daqui a uma semana, a poeira volta ao deserto. O que fica de Saramago são os seus livros. O ruído dos políticos em redor desta questão é apenas um insulto à decência que se esperava. O costume.

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É o novo livro de António Pinto Ribeiro, professor, programador, ensaísta: ‘É Março e é Natal em Ouagadougou’ (edição da Cotovia), um livro de viagens. Cem páginas do diário de um observador de grande alcance. Muito bom.

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FRASES

"A ideologia pode cegar-nos para a literatura." Carlos M. Fernandes, no blogue O Insurgente.

"Portugal fez ao contrário, mexeu nos impostos e não cortou na despesa." António Barreto, ontem, no CM.

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junho 18, 2010

Blog # 632

De uma associação entre a Sociedade Portuguesa de Autores e a Gestão dos Direitos dos Artistas resultou uma ideia interessante: constituir uma plataforma para apoiar a exportação e internacionalização de música portuguesa. A ideia não é apenas boa mas, também, inovadora, uma vez que, além dos apoios estatais e dos fundos comunitários (uma originalidade europeia que dá para tudo, de salsichas a betão), a Portuguese Music Export vai arrancar com o dinheiro das duas entidades cooperativas. Isto prova que não basta falar da “indústria cultural” como se ela existisse a partir do nada, produto do nosso bom gosto natural; é também necessário trabalhar e investir. E arriscar – porque o êxito do ‘trabalho artístico’ não é um direito adquirido ao alcance de todos os cidadãos.

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Já há livro para fim de semana: ‘A Morte do Ouvidor’, de Germano Almeida (Caminho) está em cima da mesa. Romance histórico, reenvia-nos ao século XVIII e a uma espécie de ‘inconfidência caboverdiana’ no tempo do Marquês de Pombal.

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FRASES

"Este teste foi uma chachada, muito mais fácil do que o exame do ano passado." Madalena Abreu, 16 anos, sobre os exames do 9º ano. Ontem, no CM.

"Maradona pode ser Deus, mas não é Jesus." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição.

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junho 17, 2010

Blog # 631

Várias fotografias de André Malraux, Albert Camus, Sartre ou Fernando Pessoa, por exemplo, foram vítimas de higienistas e falsificadores – retirando da imagem os cigarros ou os copos com álccol. É preciso limpar o mundo, purificá-lo e torná-lo mais saudável. A Vinicius de Moraes roubaram-lhe um copo, que ele segurava na mão direita. Estaline também limpava as fotografias, eliminando os seus opositores. Na semana passada abriu em Londres uma exposição sobre a Inglaterra durante a II Guerra, na qual os censores roubaram o charuto da boca de Winston Churchill. A operação digital é mais do que um roubo; trata-se de uma falsificação grosseira (todos se lembram da foto) e ainda por cima realizada por um museu. O fundamentalismo desta pobre gente ameaça a memória do mundo.

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Livro pequeno mas importante: “As Boas Maneiras ainda São Importantes?”, com o subtítulo ‘Em defesa do comportamento civilizado num mundo bárbaro’, de Lucinda Holdforth (Bizâncio). Devia ser distribuído a adultos e adolescentes.

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FRASES

"Tenho que confessar um pecado. Sempre tive alguma inveja da Espanha." Jorge Costa, no blogue Cachimbo de Magritte.

"A Península Ibérica tornou-se alvo de todas as dúvidas sobre a dívida." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

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junho 16, 2010

Blog # 630

É natural que as pessoas se irritem com a seleção. O empate de ontem não apenas soube a pouco como, além disso, mostrou o futebol mais cavernícola dos últimos tempos. O argumento compreende-se: era preciso ser cauteloso contra a Costa do Marfim, que possui talentos de primeira grandeza, capazes de marcar golo com uma distração nossa. Até pode ser que esse jogo seja o mais indicado para nos levar aos oitavos de final, mas é também o mais penoso de ver. Os ingleses, quando não querem futebol, veem críquete, leem ou vão observar pássaros. Nós não podemos. O nosso “desporto” é este e a natureza não está entre os nossos passatempos. Uma bola ao poste é pouco para tanta expectativa, mas pode ser defeito nosso querer ganhar tudo logo no primeiro jogo; é da depressão.

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A ideia é simples: o tamanho dos portugueses mudou; as empresas precisam de adaptar-se ao facto (por exemplo: é um suplício comprar roupa para mim) e de ler ‘Marketing de Peso’, de Tiago Silvério Marques (Guerra e Paz).

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FRASES

"O primeiro jogo não é decisivo – certo. Mas escreve linhas fortes no destino desta seleção." Octávio Ribeiro, ontem, no CM.

"Não há autoestradas (nem estradas) grátis. Todas são pagas pelo contribuinte." Carlos Loureiro, no blogue Blasfémias.

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junho 15, 2010

Blog # 629

Fernandes Tomás, considerado um dos pais do liberalismo português do século XIX, defendia o voto de braço no ar. A ideia era ver se os eleitores votavam, ou não, em candidatos patriotas ou nos “inimigos do povo”. Silva Carvalho, outro deles, organizou os serviços secretos do vintismo, uma rede de espionagem política, e defendia que, para ir de uma cidade a outra, só com autorização da polícia. Portugal é uma sociedade livre, sem liberais que defendam a liberdade. A ninguém passou pela cabeça que a obrigatoriedade de usar um chip na matrícula do automóvel é um atentado à liberdade e privacidade dos cidadãos. A desculpa derradeira é que “quem não deve, não teme”. Um argumento medíocre num país que tudo facilita ao Estado e que trata os cidadãos como um perigo a vigiar.

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Helena Marques, revelada com ‘O Último Cais’ (1992), regressa com mais um romance já no próximo mês (a 18 de Julho): ‘O Bazar Alemão’, uma história do final dos anos 30, passada no Funchal, na comunidade judaico-alemã.

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FRASES

"Sabe, isto é um país de macacos de imitação." Quim Barreiros, ontem, no CM

"A vida pode ser muita coisa, importa é saber o que estamos preparados para receber." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado

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junho 14, 2010

Blog # 628

Muito ruído para nada: os agora descobertos ‘manuscritos inéditos’ de Stieg Larsson, o autor da trilogia Millenium, valem um caracol. O melhor de Larsson, além da vida de jornalista, são os livros que escreveu; os pais recebem direitos de autor e negam-se a conversar com a mulher de Larsson, que se sentava no mesmo sofá mas que nem sabia sobre o que ele estava a escrever, o que é bizarro. Frieza nórdica? Não. Larsson era um solitário. Só um homem solitário e infeliz pode criar os personagens maravilhosos da sua trilogia. Em cada página respira-se essa solidão e o desinteresse que lhe dedicavam. Mesmo os ‘manuscritos inéditos’ eram coisas que a revista ‘Jules Verne’ se tinha recusado a publicar. O desprezo dos outros é uma vantagem – não na vida, só na literatura.

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No final do mês (a 30 de Junho) arrancam em Leiria as comemorações dos dez anos de atividade do espaço de conferências e debate da Livraria Arquivo, que já conta 30 anos de vida. Sem a Arquivo, Leiria era mais pobre.

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FRASES

"Espanha campeã do mundo é tão certo como o agravamento das medidas de austeridade em 2012." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição

"É-me indiferente que as escolas distribuam pénis de esferovite ou vaginas de contraplacado." João Pereira Coutinho, sobre as aulas de Ed. Sexual. Ontem, no CM

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junho 11, 2010

Blog # 627

Assinala-se hoje o centenário do nascimento de Jacques-Yves Cousteau (1910-1997), o oceanógrafo que mudou a nossa maneira de ver o mar e de habitar o planeta. Todos nós viajámos a bordo do ‘Calypso’, o seu navio – e descobrimos a luz e a escuridão do fundo do mar através dos seus olhos. Tudo isto era antes da ecologia; hoje, há ambientalistas e militantes radicais do ecologismo que não sabem o nome das árvores dos jardins ou dos bosques e que nunca viram as imagens (maravilhosas, sim) que Cousteau divulgou nos seus documentários e programas de televisão. Graças a esses documentários muitos despertaram para a necessidade de preservar e de conhecer o mar, ao qual também pertencemos. Era um olhar digno e curioso, deslumbrado e cheio de alegria. Nunca mais houve um assim.

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Um ‘clássico reunido’, mas não é romance: trata-se de ‘Inéditos de Economia Matemática’, de Bento de Jesus Caraça (edição da Gradiva, introdução de Carlos Bastien) – interessa a economistas e a matemáticos, ou seja, a todos nós.

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FRASES

"Quem furta é ladrão? Será que se deveria dizer ‘furtador’ do mesmo modo que se diz ‘inverdade’?" Joana Carvalho Dias, no blogue Os Tempos e as Vontades.

"Parece que há mesmo a intenção do Estado de acabar com o mundo rural." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

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junho 10, 2010

Blog # 626

Couto Viana estava do lado dos vencidos, o que - num país que vive a História da Literatura e dos criadores marcado pelo ‘complexo de esquerda’ - não ajudou. A sua morte despertou uma nostalgia brava e magoada em redor deste homem melancólico que deu uma parte da vida pelos leitores que manteve e que lhe sobrevivem. Tão poucos. Muitos não sabem que o são, porque Couto Viana escreveu fados. Mas não era um letrista. Era um poeta que conhecia o seu lugar num mundo que o ignorou deliberadamente, como uma presença incómoda. Cai sobre a sua morte um silêncio discreto, como ele quereria ou foi levado a querer. Um dia será redescoberto.

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junho 09, 2010

Blog # 625

As coisas difíceis são mais saborosas mas convém não exagerar. Veja-se o caso do inglês Nathan Dunne, professor, historiador de arte e, agora, editor de áudio-livros. Na era do mp3 e do mp4, que já destronaram o CD, que já tinha destronado as fitas em cassete, Dunne decidiu que valia a pena regressar ao mais difícil e “incómodo” — e arriscou um negócio arrojado e desajustado aos novos tempos: publica áudio-livros em discos de vinil, de 33 rpm, com duração de 20 minutos de cada lado. Pega, não pega? Não se sabe, mas é bom ver que nem toda a gente fala a mesma língua ou tem o mesmo desejo de velocidade. Esses discos, diz ele, são uma espécie de “férias do ruído e da velocidade”. Acredito. É um resistente que vale a pena acompanhar na época do e-Book. Merece aplauso.

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O regresso de Leonel Brim, autor mais do que bissexto (de ‘Talvez Pinóquio’ por exemplo): ‘Os Pés do Cordeiro’ chega às livrarias (Bizâncio) e começa assim: “Há mais sémen na gaita de um tíbio do que pelos eu tenho na cara.”

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FRASES

"Eu?! Valha-me Deus! Nem pensar! Nunca!" António Serzedelo, presidente da Opus Gay, sobre o casamento. Ontem, no CM.

"Ter honra nos negócios é importante. Mas […] há coisas que simplesmente não se anunciam." Carla Quevedo sobre o banqueiro Ricardo Salgado. No blogue Bomba Inteligente.

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junho 08, 2010

Blog # 624

Amanhã comemoram-se os 200 anos do nascimento de Robert Schumann, um músico que, curiosamente, começou por estudar Direito na cidade onde viveu e morreu Bach (Leipzig). Foi aí, no meio de paixões turbulentas ou, pelo menos, intensas, que se apaixonou pelo piano, instrumento a que dedicou a maior parte do seu talento, dos seus sonhos e do seu esforço. Assinalar este bicentenário é importante – Schumann reenvia-nos aos tempos de glória da música e do romantismo. Era bom que, amanhã, soasse uma pequena peça de Schumann onde quer que estivéssemos. Na escola era bom, mas será difícil. Na rádio, seguramente. Em nossa casa, talvez. Mas, como se trata de música, pode ser apenas no nosso coração, que é a melhor sala de espetáculos para um músico ser recordado. Como um verso.

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A Caminho das Palavras acaba de publicar ‘Fora de Jogo’; tema? Futebol. Escrito por Francisco Duarte Mangas, Jacinto Lucas Pires, Jorge Marmelo, João Tordo, Patrícia Portela, Sérgio Almeida ou Moacyr Scliar. É o tema, é o tema.

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FRASES

"Faça férias cá dentro, ajude a pagar o TGV. As férias no Algarve pagam uma obra da Mota-Engil." João Miranda, no blogue Blasfémias.

"O Estado tem que estar ao nosso serviço. Não somos nós que estamos ao serviço do Estado." Pedro Passos Coelho, ontem, no CM.

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junho 07, 2010

Blog # 623

O governo vai fechar mais escolas e, entretanto, admite que os alunos com mais de 15 anos podem saltar do 8.º para o 10.º ano desde que façam o exame do 9.º. São soluções – não as ideais, mas são soluções. Fechar escolas nunca é bom, sobretudo porque os técnicos que as fecham, a centenas de quilómetros, não conhecem as estradas nem os efeitos que a viagem diária de 2 horas num autocarro autárquico tem numa criança. Quanto à rapaziada de 15 anos que pode fazer o exame do 9.º, é – claramente – uma maneira de despachar o assunto e de ver se eles estudam sozinhos. O problema é que as autoridades apresentam estas soluções como “as ideais” e como um incentivo a bem das crianças e da qualidade do ensino. O melhor era dizerem a verdade. Podia-se discutir, mas a falar verdade.

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É já amanhã que o irlandês Colm Tóibín estará em Cascais (Museu C. Castro Guimarães) para a apresentação do seu novo romance ‘Brooklyn’ (Bertrand), às 18h30. Uma história entre Brooklyn e Dublin, na melhor tradição irlandesa.

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FRASES

"O melhor é o ministério da Educação assumir que a escola já não é um local de estudo." F. Moreira de Sá, no blogue Albergue Espanhol.

"Pode ter sido levada por homens, mas acredito que pode ter sido vítima da inveja de mulheres." Mãe de Carina, a jovem de Lamego desaparecida há 35 dias. Ontem, no CM.

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junho 05, 2010

Uma aposta arriscada

André Villas Boas é o novo treinador do FC Porto. A troca de um técnico com a experiência de Jesualdo Ferreira por um treinador que, aos 32 anos, enfrenta o maior desafio da sua vida profissional, tem muitas leituras – mas não é inédita na história do FC Porto, que já contratou nomes como Artur Jorge, Fernando Santos e José Mourinho. Ela marca antes de mais, um novo ciclo na vida do clube depois de quatro anos gloriosos – nem isso é inédito, como se sabe. O que pode ser muito positivo se se evitarem erros cometidos nas difíceis transições pós-penta e pós-Mourinho.

André Villas Boas sabe com o que conta: uma massa de adeptos exigentes e impacientes, mas também compreensivos e dedicados; uma estrutura desportiva de grande qualidade e uma direcção solidária; fundos relativamente sólidos para encarar a necessidade de uma série de contratações que, nesta fase, têm de ser cirúrgicas e muito criteriosas; e, finalmente, um plantel estilhaçado e com necessidade de um bom trabalho de preparação psicológica (só isso explica o duvidoso comportamento da equipa na final da Taça). É nesse plantel estilhaçado, de onde figuras decisivas poderão sair logo após o Mundial – e de onde outras terão de sair quanto antes –, que André Villas Boas se deve fixar.

Os últimos dois anos constituíram uma provação difícil para o FC Porto; a perseguição política e da «justiça desportiva» de que o clube foi alvo deixou abertas algumas feridas de cura lenta. O «Apito Dourado», é hoje possível ver com clareza, foi uma tentativa de criminalizar o FC Porto; a perseguição vergonhosa de que o clube foi alvo durante este período (e que culminou numa série de desastrosos erros jurídicos e técnicos – para além de morais – por parte dessa «justiça desportiva» no ano corrente). André Villas Boas terá de gerir essas feridas. E terá, também, com a inteligência e a sensibilidade que se lhe reconhece, de gerir a imagem do FC Porto diante de uma imprensa hostil e muito dada ao benfiquismo militante. Não são os «trabalhos de Hércules». São os trabalhos de Villas Boas.

in A Bola - 5 Junho 2010

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junho 04, 2010

Blog # 622

Muitos leitores descobriram o romance histórico com ‘A Voz dos Deuses’ (1984), que publicou apenas aos 40 anos. João Aguiar (escritor, guionista, jornalista e até libretista de ópera), ficou sempre ligado a esse título, mesmo depois da publicação de ‘O Trono do Altíssimo’ ou ‘Os Comedores de Pérolas’ – não admira. Será o grande livro de um autor que sempre tentou estabelecer uma relação com a história e o mistério de ser português. Doente há muito, João Aguiar não pôde escrever o livro que imaginou como uma ponte entre esse romance e o resto da sua obra. Mas deixou milhões de leitores felizes com os 30 títulos da série ‘O Bando dos Quatro’, adaptada à televisão. Afável, irónico, cultíssimo, monárquico, conservador, foi um cavalheiro, raro como já não há nos nossos dias.

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Um dos livros da temporada e uma espécie de ‘manual do viajante comovido’: ‘Portugal, o Sabor da Terra’, de José Mattoso, Suzanne Daveau e Duarte Belo (Temas e Debates). Uma obra-prima de história & geografia, um livro de cabeceira.

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FRASES

"O País vai ficar cada vez mais assimétrico e o interior cada vez mais isolado." Mário Nogueira, FENPROF, sobre o encerramento de escolas. Ontem, no CM.

"A questão é saber como, após um ataque especulativo, sobreviveremos a um ataque de vuvuzelas." Joana Carvalho Dias, no blogue Tempos e Vontades.

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junho 02, 2010

Blog # 621

O nome de Ferreira Gullar, um poeta superior da nossa Língua, é Prémio Camões deste ano. É conhecido em Portugal por uma minoria de leitores de poesia. Este fato, explicável e compreensível, leva ao despeito de uma série de inteletuais que acha que só existe o que vem nos seus dicionários. Foi assim com Antônio Cândido, um dos grandes mestres da cultura de Língua Portuguesa; foi assim com Arménio Vieira ou Autran Dourado; mas, em relação ao Brasil, foi o que também aconteceu com Eduardo Lourenço ou Velho da Costa, pouco conhecidos do lado de lá do mar – o que prova a ignorância mútua no mundo da Língua Portuguesa. Mas o Prémio Camões também tem culpa; é atribuído em silêncio, sem burburinho nem apelo público, como se fosse um segredo da Academia, embrulhado em celofane.

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Sou fanático de dicionários e, por isso, quero festejar Ana Cristina Alves –responsável pelo ‘Dicionário Académico Chinês-Português e Português-Chinês’ (Porto Editora). Quando ouvir “isto para mim é Chinês”, abra logo o livro.

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FRASES

"Àqueles que nunca acreditam, não vale a pena fazer nada, porque não vão mudar de opinião." Carlos Queiroz, ontem, no CM.

"Metade saúde, um quarto relações, um oitavo dinheiro, alguns interesses, viagens e férias." Luís M. Jorge, sobre a felicidade, no blogue Vida Breve.

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junho 01, 2010

Blog # 620

Assisti, no Rio de Janeiro, em 1985, ao primeiro Rock In Rio. A romaria que hoje em dia toma o nome daquele festival tem poucas semelhanças com o entusiasmo e o sentido originais. O rock é uma coisa séria – o Rock In Rio lisboeta é uma provação delicodoce para famílias, onde até o som dos Motorhead é quase falso. Nada contra; mas é bom distinguir esta ocupação da Bela Vista do som original de uma guitarra manejada por um bom rocker. Shakira e Miley Cyrus estão bem num pátio de adolescentes ou de famílias que transportam os filhos, mas temos o direito de temer pelo uso da palavra “rock”. Salvas as devidas proporções, é como convidar Elton John para um ajuntamento de fanáticos de canto alentejano ou ter Tony Carreira a oficiar um concerto de Deep Purple, há vinte anos.

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Mathew Pearl tomou entre mãos ‘O Mistério de Edwin Drood’, de Dickens e escreveu ‘O Livro Inacabado de Dickens’, um divertimento que os leitores podem seguir com proveito e exemplo (Planeta), entre o policial e o mistério literário.

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FRASES

"Não costumo mentir, só conto anedotas." Isaltino de Morais, ontem, no CM.

"Com os Torquemadas à solta, Cavaco apareceu, imóvel, mais centrista." J. Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

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