setembro 03, 2011

Confiança

Serão Kléber ou Walter capazes de substituir aquele lugar vazio, o de Falcao, ou teria sido avisado entrar na corrida por Leandro Damião, Wagner Love, Stracqualursi, Bendtner ou Funes Mori, nomes entretanto sugeridos para o FC Porto? Dar-se-á o caso de o futebol ser uma operação de recorte e colagem em que se substituem nomes em funções pré-estabelecidas? Duvido em ambos os casos. A procura do “jogador ideal” ou do “avançado ideal” levou a bastantes desvarios – não apenas financeiros, mas também estratégicos e de “arquitectura”, em que o treinador é visto a sacrificar tudo a um desenho que funciona na perfeição antes dos jogos, mas que pode não resultar durante os jogos propriamente ditos.

O FC Porto é, aliás, uma das equipas que tem provado – e por várias vezes – que se pode entrar em combate sem preencher as posições tradicionais. Claro que Kléber, primeiro, e Walter, depois, tentarão essa posição fatal, servidos com disciplina. Mas o leque de soluções disponíveis há-de surpreender (até Thibaut Vion é capaz de vir a fazê-lo), com James Rodríguez, Guarín ou Juan Iturbe chamados à linha da frente – e com Hulk, um jogador especial, mas sobretudo uma força da natureza (tanto como outros eram um prodígio acidental). O problema, para comentadores fascinados com reforços que não são utilizados, é que o FC Porto, até agora, tem sido a mesma equipa do ano passado (o facto de Alvaro Pereira continuar é mais um sinal importante e de grande utilidade), apenas menos moralizada e ligeiramente mais inquieta. No jogo com o Barcelona, aliás, pese embora o resultado, provou que pode atingir um excelente nível de competitividade. O essencial, agora, é reunir uma equipa onde estes talentos indiscutíveis exigem atenção, preparação e disciplina. E, pelo que eu vi do Chelsea (ah, nós, os que não esquecemos...), vai dar vontade de ver e rever.

in A Bola - 3 Setembro 2011

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