outubro 30, 2010

Título e antetítulo

Anualmente, e no pino do Verão, a maior parte das luminárias garante que o título do próximo campeonato pertence (como não podia deixar de ser) ao Benfica. A maior parte destes cavalheiros parece saída de um guião do saudoso e nunca por demais abençoado presidente Vale e Azevedo, que quase chegou a defender que o Benfica nem devia ir a campo para discutir os campeonatos – bastava-lhe disputar a coisa por televoto.

Este ano, o cenário repetiu-se. E foi tão escandaloso que alguns deles tiveram de pedir desculpa aos seus leitores por terem menosprezado o FC Porto. Parece que o título que já estava no papo antes da primeira jornada não passava, afinal, de «antetítulo».

À oitava jornada é André Villas-Boas que aparece a impor um módico de sensatez e de moderação lembrando que o FC Porto ainda só tem uma vantagem de 7 pontos sobre o segundo lugar, o que é manifestamente pouco se pensarmos que isso significa apenas mais 3 pontos do que em 2009 (o Benfica tem menos 7 pontos e menos 19 golos do que na época passada; o Braga menos 8 pontos e mais um golo). O que é novidade é um plantel mais motivado, menos nervoso, com mais juízo – e uma série de jogadores (entre os quais Hulk – que no ano passado foi criminosamente afastado dos estádios) a jogarem de forma mais decisiva e nos seus lugares. Além disso, este pormenor importante para o bom estado da equipa e dos adeptos: o FC Porto não joga à defesa – nem no estádio, nem fora dele. Para isso tem sido importante, além do conjunto de exibições notáveis, o discurso de Villas-Boas, que não tem deixado sem resposta as alarvidades dos bertoldinhos do costume. Antevejo que, se o FC Porto conquistar o título, haverá muita gentinha a descer nas audiências. Só isso seria uma felicidade para a pátria e para sua sanidade mental.

2. Vi adeptos do Benfica fora de casa, a apoiar (como deviam) o seu clube no jogo contra o Portimonense. Espero vê-los no Dragão, daqui a uma semana. É mais uma derrota da direcção benfiquista.

in A Bola - 30 Outubro 2010

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outubro 29, 2010

Blog # 727

Há um caso de amor entre Portugal e os Tindersticks (contando com o de ontem, este ano foram já sete concertos). O novo disco, ‘Falling Down a Mountain’, não é muito diferente dos anteriores – melancolia, tristeza, às vezes tragédia, medo e, sempre, lágrimas (‘Tiny Tears’, como uma das suas melhores canções). Às vezes, por uma questão de equilíbrio emocional, tenho de fugir dos Tindersticks, embora a voz de Stuart Staples continue a ecoar, profunda como uma sombra projetada do alto. Este excesso compreende-se por intuição sociológica: grande parte dos portugueses entre os 26 e os 50 encontra eco nas melodias e no carácter depressivo de muitas das músicas dos Tindersticks. Aquele som e aqueles versos são uma alegoria dos tempos que correm. O Outono não vai grande coisa.

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Na série de excelentes títulos publicados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (na Relógio d’Água), está aí ‘Difícil É Educá-los’, do ex-ministro da Educação, David Justino. Um retrato do cenário conturbado das nossas escolas.

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FRASES

"Há um Conselho de Prevenção da Corrupção. Não faz bem, nem faz mal: é uma inutilidade." Manuel Catarino, ontem, no CM.

"O que se está a negociar não é um orçamento: é um ornamento." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado.

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outubro 28, 2010

Blog # 726

A cadeia americana de livrarias Barnes & Noble apresentou anteontem o seu novo leitor de e-books: o Nook Color, um leitor de livros electrónicos a cores, cativante para livros infantis. O modelo admite vários melhoramentos num futuro próximo, o que é uma característica do marketing vulgar – nunca apresentar um produto definitivo, mas ir abrindo o apetite com sucessivas versões, boas para gastar dinheiro. Acontece que, além disso, os preços são geralmente “muito concorrenciais”; na verdade, o negócio não é a electrónica, propriamente dita, mas sim os livros digitais, em que a Barnes & Noble parece apostar muito. É a diferença entre ter um computador de plástico, o Magalhães, e ter boas coisas para pôr lá dentro. A segunda parte falhou redondamente. E a primeira, enfim.

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A Teorema acaba de publicar ‘Este Ofício de Poeta’, de Jorge Luis Borges – um conjunto de textos em que o escritor trata “da possibilidade da poesia”, mas que é muito mais: fala da possibilidade de beleza na literatura.

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FRASES

"Estou muito triste: pensava que Mário Soares ia ser o mandatário de Cavaco Silva." Henrique Raposo, no blogue Clube das Repúblicas Mortas.

"Sempre esteve ligado à noite, que é um mundo perigoso." Morador de Alcanede, durante o funeral de um ‘empresário da noite’. Ontem, no CM.

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outubro 27, 2010

Blog # 725

Pode acontecer que, no futuro, além dos historiadores, um romancista ou um comediante se interessem pela aprovação deste Orçamento de Estado. Ontem, Mário Soares reafirmou que ele é mau “ou bastante mau até”. À direita e à esquerda, banqueiros e sindicalistas, em simultâneo, insistem em que ele é péssimo. De todas as figuras públicas falta-nos apenas o primeiro-ministro a reunir-se à confraria dos críticos, mas haja esperança. O episódio lembra uma cena de ‘Os Maias’, acerca do empréstimo – ‘Então faz-se o empréstimo?’, perguntam vários personagens. Mais de cem anos depois, a situação é a mesma: “Aprove-se o mau, o péssimo orçamento, para que se faça o empréstimo.” Porque é disso que se trata – de um empréstimo. Vivemos de empréstimo; não temos, portanto, vida própria.

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Lê-se com entusiasmo e sem paragens a magnífica biografia de Francisco Sá Carneiro, de Miguel Pinheiro (Esfera dos Livros): pormenores, diálogos, reconstituições – recordando o tempo em que os políticos não falavam só por falar.

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FRASES

"Portanto, é assim: ignorar o manual das ideias feitas, ler os autores à luz da obra precedente." Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura.

"A política está como o País. Pobre de ideias e cheia de oportunistas que tratam das suas vidinhas." António Ribeiro Ferreira, ontem, no CM.

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outubro 26, 2010

Blog # 724

A nova lei do cinema (em fase de consulta pública, como vem ontem no CM) impõe uma cobrança de 80 milhões de euros (uma parte para filmes, outra para a Cinemateca) às empresas de media e de telecomunicações. Ou seja: o Estado faz uma lista de empresas e impõe-lhes taxas, porque elas são malandras e é preciso ir-lhes às receitas. As operadoras de telemóveis já esclareceram que vão aumentar o preço das chamadas, enquanto a RTP, do Estado, vai dar 3% (vêm de onde?) ao cinema, ficando a SIC e a TVI pelos 2%. Não é uma tragédia, mas devíamos pensar no assunto. Seria bom começar por estabelecer critérios rigorosos de produção, bilheteira, remunerações, retorno financeiro e execução dos projetos. E, como se trata de dinheiros públicos, as contas também seriam públicas.

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Veja bem o título: ‘A Arte e o Modo de Abordar o Seu Chefe de Serviço para lhe Pedir um Aumento’. Não é auto-ajuda para funcionários – literatura, isso sim, numa única frase de 60 páginas, de Georges Perec (edição da Presença).

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FRASES

"À atenção das equipas de negociação do OE: Adriana Lima veste soutien de 2 milhões de dólares." Tomás Vasques, no blogue Hoje Há Conquilhas.

"Daqui a vinte anos, voltaremos a encontrar-nos aqui, eu presidente e tu primeiro-ministro." Hugo Chávez para José Sócrates. Ontem, no CM.

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outubro 25, 2010

Blog # 723

A prosa de Jane Austen sempre foi vista como uma das mais elegantes da língua inglesa – ‘Orgulho e Preconceito’ ou ‘Sensibilidade e Bom Senso’ são duas pérolas literárias. O ‘Daily Telegraph’ de sábado dava conta da investigação de uma professora de Oxford que analisou à lupa os manuscritos de Jane Austen e descobriu que ela escrevia com bastantes ‘erros de gramática’ e ‘desvios’ – o que conhecemos hoje foi obra de um editor consciencioso e conservador (um homem) que corrigiu os originais que eram entregues para publicação. Austen era, supõe-se, uma vanguardista que antecipara a escrita de Virgínia Woolf, mas com gramática deficiente. Nada disso interessa. Jane Austen continua a ser a autora do maravilhoso ‘Orgulho e Preconceito’, sem o qual seríamos muito mais pobres.

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Acabo de ler ‘Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro’, de Carlos Moreno (edição Caderno), sobre o assalto que o Estado faz aos nossos bolsos e a incompetência criminosa das última décadas. Devia ser distribuído por todos os contribuintes.

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FRASES

"Entre os que mais gastam e menos poupam encontra-se o omnipresente e omnipotente Estado." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

"Eu aprendi a não gostar das mulheres apenas para que conseguisse não odiar uma delas." No blogue O Ouriquense.

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outubro 22, 2010

Blog # 722

Limitar o nome de Mariana Rey Monteiro às suas aparições televisivas é entrar numa contabilidade errada. Além do mais, num país com teatro a sério, Mariana Rey Monteiro seria vista como a grande dama do palco. Meninas anoréticas e com dificuldade em soletrar, com um sotaque irreparável, estão convencidas (meia dúzia de ignorantes e alarves convenceram-nas) de que fazem teatro ou de que atuam numas telenovelas de segunda categoria. Nada a ver. Na despedida de Mariana Rey Monteiro devia dizer-se isto, até pelo respeito a figuras que nunca envergonharam o teatro e a arte. Ela, que representou Shakespeare, Ibsen, Molière, Wilde, Pirandello, Camus, Miller ou Ionesco – e de que maneira – está todos os degraus acima. É de outro tempo e de outra categoria. Uma estrela.

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Um novo volume da Biblioteca de Babel, imaginada por Franco Maria Ricci e dirigida por Jorge Luis Borges: ‘O Abutre’, de Franz Kafka (Editorial Presença). É Borges quem destaca Kafka como “inventor de situações intoleráveis”.

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FRASES

"Em Portugal discute-se muita política e muito pouco o país." Henrique Burnay, no blogue 31 da Armada.

"No partido de Obama, a ordem é para abraçar mulheres e só depois os jovens e os negros." João Vaz, ontem, no CM.

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outubro 21, 2010

Blog # 721

Há vários países em Portugal. Um deles imagina que os cortes orçamentais não devem chegar à cultura, que está uns milímetros acima do mundo, elevando-se sobre o comum dos cidadãos, uns brutos – a Plataforma das Artes, aliás, ‘exige’ que não se reduzam “os apoios” porque isso “é o fim”. Outro dos países vive no interior do Estado e faz promessas fantásticas que, a prazo, resolveriam todos os problemas. Não resolvem. Veja-se o célebre ‘cheque-obra’, que se traduziria em doações de 1% do valores de concursos públicos ganhos pelas empresas e aplicados na recuperação de património. Um ano depois não há um único projeto e o tema desapareceu nos ‘Assuntos Fiscais’. Depois do fim do ‘Estado Social’, esta gente decreta o fim do ‘Estado Cultural’. Nada lhes pode ir parar às mãos.

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Para quem não esqueceu (nem pode) a sua voz na rádio: João Paulo Guerra lançou ontem o seu novo livro em Lisboa – leva o título ‘Romance de uma Conspiração’ (Oficina do Livro). É um romance. E João Paulo Guerra merece ser lido.

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FRASES

"Se a Tobis deixar de existir, o cinema acaba em Portugal." Pedro Efe, um dos realizadores do documentário ‘Tóbis Portuguesa’, ontem, no CM.

"Nos serviços qualquer labrego imprestável dá secas sobre a performance, o ROI e a excelência." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

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outubro 20, 2010

Blog # 720

O CM escrevia ontem, a propósito de um concerto dos The Psychedelic Furs, que há uma ‘onda de revivalismo’ e que a música dos anos 80 está de regresso. Isto pode aplicar-se a quase toda a pop de hoje, rock “mais sério” incluído. Ao passar os olhos pelos iPods meus vizinhos deparo com centenas de versões de velhas canções dos anos 60, 70 e 80 – e com a surpresa de muitos adolescentes quando lhes digo que se trata de ‘covers’ e não de ‘originais’. Eu gosto. Também gosto de grande parte das bandas ‘indie’ de hoje, que replicam o melhor dos anos 60 (a inocência e a simplicidade do rock) e fogem do pior (o folclore, ‘a mensagem’ – geralmente idiota – ou a arrogância). Nem sempre se pode juntar o melhor dos mundos, mas é possível escolhê-lo com alguma serenidade e talento.

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‘Doutor Avalanche’, de Rui Manuel Amaral (o autor de ‘Caravana’) pode ser uma boa surpresa para leitores incautos, que é como deve ser os leitores disponíveis para bons livros (edição Angelus Novus)

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FRASES

"Em Portugal, vamos estar a pagar mais e a receber menos." Pedro S. Guerreiro, ontem, no CM.

"A pornografia da alma é uma grande conquista das nossas sociedades, todos nus num reality-show." Bruno Vieira do Amaral, no blogue A Douta Ignorância

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outubro 19, 2010

Blog # 719

Um dos grandes prodígios da política é o uso que se faz de certas palavras ou expressões. Por exemplo, ‘Estado Social’. O governo gosta muito dela e o primeiro-ministro usa-a sempre que pode, porque é uma bela síntese e serve para vários fins. Ora, se há coisa que põe em causa o ‘Estado Social’, é o novo orçamento – é estranho que o primeiro-ministro tenha ontem defendido exatamente o contrário: que é o garante do ‘Estado Social’. Aí está outro grande prodígio. Por exemplo: o primeiro-ministro diz que esta ou aquela medida “são de esquerda” porque ele decide que é assim, não porque haja alguma correspondência com o real. A realidade, aliás, é um limite aos desejos de José Sócrates, e um empecilho diante dos seus projetos. Por isso usa as palavras como lhe apetece.

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Denis Johnson traduzido por João Tordo para a editora Ahab: trata-se de ‘Filho de Jesus’ – uma grande voz da América, sobretudo daquela que não vem nos filmes, não obedece cegamente nem aposta na Bolsa. Um bom momento.

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FRASES

"Gosto muito de interpretar personagens tragicómicas, porque acho que a vida é assim mesmo." Miguel Guilherme, ontem, no CM.

"Estranho que ninguém tenha proposto a fusão dos Serviços Prisionais com o Parlamento." António Manuel Venda, no blogue Delito de Opinião.

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outubro 18, 2010

Blog # 718

Este governo multiplicou o número de institutos públicos, transformando grande parte deles em albergues para ‘boys’ de estimação. Aproveitando o Orçamento de 2011, tratou agora de acabar com alguns, misturando tudo para que não se entendesse a aldrabice. A Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, herdeira do Instituto Português do Livro dos tempos de Teresa Gouveia (foi então o motor da rede de leitura pública e da única política do livro consistente que até agora tivemos), é uma delas – integrada na Biblioteca Nacional. Primeiro, os políticos retiraram poder, dinheiro e funções à DGLB; depois, tornaram-na inútil – o livro não tem a ver com a política do espetáculo ou com o parlapié dos burocratas, de efeito mais fácil, que é o que lhes interessa verdadeiramente.

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‘Liberdade’, o mais do que falado romance de Jonathan Franzen, sai em Abril próximo na Dom Quixote; para já, no último dia de Outubro é publicado o romance anterior, ‘Correções’ – em meu entender, muito superior. Já para a lista!

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FRASES

"O novo Orçamento do Estado é o maior saque aos contribuintes, empresas e cidadãos." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

"Teixeira dos Santos foi apanhado desprevenido. Nunca pensou que o governo chegasse a Outubro." Rodrigo Moita de Deus, no blogue 31 da Armada.

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outubro 16, 2010

São uns ases

Volto ao assunto, porque ele merece. Viram o foguetório lançado por vários exércitos depois do jogo do FC Porto em Guimarães? «Será desta», perguntava a pátria, exangue e saltitando, «que o FC Porto vai entrar em declínio?» Sinceramente, uma pessoa fica comovida com o interesse – um empate à sétima jornada, e com uma vantagem apreciável, e logo nos manifestam esses cuidados extremos? Percebe-se: afinal, estão em guerra, decretam excomunhões contra os adeptos que vão ver futebol (o que me parece, vá lá, um belo exemplo às gerações vindouras) aos campos dos adversários, excitam-se com um empate, mostram as enxúndias da alma por quase nada.

O problema é que, envolvida nos assuntos do futebol-futebol (aquele que, de facto, se joga nos relvados – onde os adeptos estão proibidos de ir, sob risco de excomunhão), está uma galáxia de interesses comerciais, bancários, subdesportivos além de um gigantesco défice que precisa de vitórias, pontos, transacções e epopeia. Trata-se de uma guerra surda, que teve no triste «episódio do túnel» um dos seus mais altos momentos, com a «partidarização» dos órgãos da assim chamada «justiça desportiva». Pressionada, essa «justiça» opera maravilhas; uma delas é a promessa de avaliar a arbitragem lá para a 15.º jornada, caso o campeonato esteja ameaçado, imagino. Trata-se de uma soberba inovação metodológica. Uma decisão muito supimpa. Quando chegarmos lá, uma comissão de sábios, servidos por técnicos de vídeo (espero que sejam melhores do que os «do túnel»), há-de aparecer nas televisões, gesticulando muito, puxando os colarinhos e arrebatando os punhos, pedindo o linchamento de todos os suspeitos, que nomeiam desde há anos. Esta implacável tropa justiceira, apoiada por inúmeros ficheiros do YouTube, está a fazer história. Podem não ir aos estádios (onde os adeptos estão proibidos de ir, sob risco de excomunhão), mas, caramba, são uns ases da tv.

PS – Por falar em tv, fica pública a minha solidariedade com Rui Moreira (que acabou por ser dispensado por um miserável fax).

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outubro 15, 2010

Blog # 717

Os tempos vão maus para falar de excedentes. A Cultura tem sido um excedente para José Sócrates, uma espécie de coroa de flores que se convoca nos momentos solenes, e cujos “agentes” é preciso cativar porque roubam votos se se deixam à solta a debitar queixas nos jornais. No restante, cabe-lhe 5% no Orçamento, menos do que as operações de propaganda. Com o novo orçamento (e com o aumento de 17% no IVA de bens essenciais), há mais cortes, necessariamente. Compreende-se. O problema nem é esse – é mais a função decorativa e a promessa, feita no segundo mandato de Sócrates, de que “haveria mais dinheiro” e “mais investimento”. “Mais dinheiro” é a solução medíocre para todos os problemas; “mais investimento” é apenas uma patifaria que nunca se cumpre. A mentira é a mesma.

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É já este mês que a Gradiva publica o III volume da ‘História da Cultura em Portugal’, de António José Saraiva, dedicado às ‘navegações e à origem da mentalidade científica em Portugal’. Faz-nos muita falta, António José Saraiva.

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FRASES

"O governo pretende o chumbo do Orçamento do Estado e a vinda do FMI. Convém-lhe." Paula Teixeira da Cruz, ontem, no CM.

"Consta que o país vai mal: et alors?" No blogue O Jansenista.

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outubro 14, 2010

Blog # 716

O presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, lembrou anteontem o papel dos museus como parte da ‘oferta cultural’ – e esta como parte essencial da oferta turística portuguesa. Faz bem. Durante anos, a maioria dos museus esteve entregue apenas ao pó, à excepção dos conhecidos, mas o seu renascimento é meritório e feliz. Há, no entanto, um problema: a vontade de multiplicar museus pode não levar à “inflação” mas ao empobrecimento crescente dos seus acervos. Um museu não se cria apenas porque “há vontade” ou porque “era bom”. Além disso, que é importante, um museu cria-se porque tem sentido, porque há dinheiro e porque há coisas para mostrar. Só Cascais quer criar mais três. Não se sabe quantos mais se projetam ou vão nascer pelo país fora. Eu teria mais cuidado.

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Moçambique é o cenário de fundo do novo livro de José Rodrigues dos Santos – está aí ‘O Anjo Branco’ (Gradiva) para ser lançado a 23 de Outubro, com pompa, curiosidade e circunstância. Um romance à medida para a temporada.

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FRASES

"Não será a olhar para as sondagens que sairemos deste atoleiro." João Miranda, no blogue Blasfémias.

"Em toda a carreira, nunca tive um filme com este reconhecimento da crítica internacional." Paulo Branco, sobre ‘Mistérios de Lisboa’, ontem, no CM

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outubro 13, 2010

Blog # 715

José Hermano Saraiva vai ser hoje homenageado pela Academia Portuguesa de História. Há tempos visitei-o na sua casa de Palmela – para falar de livros, para visitarmos a sua biblioteca e para ver as primeiras páginas do seu novo livro (um estudo sobre filosofia do Direito). Na altura com 90 anos, surpreendeu-me a energia; não apenas a do apresentador de televisão, mas também a do leitor, a do colecionador e do bibliófilo. José Hermano Saraiva despertou, em portugueses anónimos, mais interesse pela História de Portugal do que milhares de comemorações. A sua linguagem era atrevida e nem sempre rigorosa? Verdade. Dávamos um desconto, mas admirávamos o homem que apontava um lugar incerto e dizia: «Foi aqui que tal coisa aconteceu.» Às vezes, não era. Mas era como se fosse.

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Reedição oportuna a caminho das livrarias: a dos fantásticos ‘Contos da Sétima Esfera’, de Mário de Carvalho (Caminho), desta vez com ilustrações de António Jorge Gonçalves. Oportunidade para reler o nosso melhor contista.

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FRASES

"Todos os tipos do PSD que têm tacho de Sócrates, armam-se agora em arautos do entendimento." J. Adelino Maltez, no blogue Albergue Espanhol.

"Isto é o retrato do País que temos." Júlia Pinheiro, ontem, no CM.

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outubro 12, 2010

Blog # 714

Joan Sutherland (1926-2010), ‘La Stupenda’, a grande soprano australiana, morreu ontem. De alguma maneira, coube-lhe recuperar algumas das grandes ‘óperas italianas’ para o século XX, mas a sua voz (recordo-a como D. Anna em ‘D. Giovanni’, ou Lucia em ‘Lucia di Lammermoor’) brilhava para lá da fixação num estilo ou numa herança do ‘bel canto’. Tenho uma memória infiel das suas interpretações, mas guardo a voz em discos que relembram a magia das primeiras óperas ou das primeiras peças líricas escutadas na minha adolescência, que não viveu só de rock (longe disso) e pretendia alguma elevação. Uma voz como a de Sutherland aproximava-se disso – de uma dependência do sublime, que tantas vezes falta à vida e só se encontra numa partitura a que alguém empresta génio e timbre.

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O novo livro de Gonçalo M. Tavares, ‘Uma Viagem à Índia’ (Caminho) vai, no mínimo, surpreender. Leva o subtítulo ‘Melancolia Contemporânea’, está em verso e dividido por ‘cantos’. Leva prefácio de Eduardo Lourenço e sai em outubro.

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FRASES

"Onde houver um tirano que morda os EUA, a extrema-esquerda lambe-lhe os pés." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado.

"Não faço música cínica. Tento fazer sempre boa música em cada disco." Lloyd Cole, ontem, no CM.

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outubro 11, 2010

Blog # 713

François Mauriac completaria hoje 125 anos. A minha geração ainda leu livros como ‘O Deserto do Amor’ ou ‘O Ninho de Víboras’ – foram publicados nos anos setenta e a revolução varreu-os. Mauriac também sofreu desse mal em França e, apesar de o Nobel lhe ter batido à porta em 1952, os primeiros anos do pós-guerra foram-lhe difíceis, perseguido pela esquerda. Era um escritor de posições dilaceradas pela dúvida, o que não ia bem com os tempos. Nos seus romances (escrevia com delicadeza), são centrais essa dúvida e os dramas espirituais, individuais e familiares (depois da morte soube-se que teve paixões homossexuais). Foi um polemista político que amou a França do seu tempo, culta e conservadora (o Maio de 68 colocou-o na lista dos inimigos). Valia a pena voltar a lê-lo.

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O livro de Ingrid Betancourt, a política colombiana mantida em cativeiro durante anos pelas FARC, leva o título ‘Não Há Silêncio que Não Termine’ – será publicado em Portugal no início do próximo ano pela editora Objectiva.

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FRASES

"Este tem sido um ano em que sinto uma criatividade especial." Katia Guerreiro, ontem, no CM.

"A ‘minha pessoa’ não suporta ler […] a expressão ‘lê-se como um romance’." Tiago Moreira Ramalho, no blogue A Douta Ignorância.

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outubro 09, 2010

Saber empatar

O empate do FC Porto em Guimarães foi tratado pelos expoentes do futebolês nacional como uma derrota. Segundo essas boas almas, o campeonato «está relançado», o que demonstra que a bola é, para eles, mais uma evidência da fé do que um jogo no relvado. Mas é falso: o campeonato não precisa de ser «relançado» – esteve sempre em jogo, está em jogo, há-de estar em jogo até Maio.

No entanto, se nos mantivermos no estrito domínio do relvado, é verdade que o empate diante do Vitória de Guimarães deve fazer soar alguma campainha no Dragão. Como aqui escrevi na semana passada, houve momentos preocupantes nos jogos do FC Porto com o Olhanense e com os búlgaros do CSKA – em ambos os casos, tratou-se de golos desperdiçados, de excesso de confiança e, portanto, de preguiça estratégica e prática. Se é verdade que, diante do Olhanense, o resultado de 2-0 mascarou as perdas diante da baliza, já com o CSKA não se compreendem os deslizes. No jogo de Guimarães, depois do 1-0 não é admissível que o FC Porto tivesse reiniciado a segunda parte dando a sensação de uma estratégia pobre – a de «segurar o jogo», mais do que «segurar o resultado», a de abrandar o ritmo. Essa demonstração de preguiça deve ter assustado todos os adeptos. E devia ter assustado André Vilas-Boas.

Não se compreende, por isso, que a reacção de André Vilas-Boas tenha imitado vagamente o ressentimento de outros clubes diante dos próprio desaires. André Vilas-Boas devia ter dito o óbvio: que o Guimarães conseguira empatar com mérito e sentido de oportunidade, que a vida continua e que o FC Porto ia tratar das mazelas. E, sinceramente, poder-se-ia ter poupado a sugestão do penálti inexistente contra o Guimarães.

Quando aqui, ao longo de algumas semanas, se pedia o regresso de um módico de cavalheirismo ao futebol, falava-se também disso: de saber ganhar e de saber perder. Saber empatar diante de uma boa equipa, bem gerida por Manuel Machado, não é assim tão mais difícil.

in A Bola - 9 Outubro 2010

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outubro 08, 2010

Blog # 712

Era inesperado – mas não deixou de ser uma confirmação: Mario Vargas Llosa é um dos grandes criadores da literatura contemporânea. Do primeiro ao último livro, passando por esses dois momentos maiores que são ‘A Guerra do Fim do Mundo’ (uma narrativa revolucionária sobre as revoluções perdidas da América) e ‘A Festa do Chibo’ (uma anatomia do poder, do caudilhismo e da ditadura), sem mencionar ‘Conversa na Catedral’, Vargas Llosa nunca deixou de ser o centro de uma erupção cuja lava tanto comoveu os leitores como chocou os burocratas ideológicos – ou por não se ter comovido com o comunismo em Cuba, ou por achar que a América Latina merecia destino melhor. Há muito que o Nobel também merecia um autor assim para dignificar um prémio que nos devia alegrar a todos.

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Mais do que imagens: uma comoção imperfeita, a de ver ‘Terezín’, de Daniel Blaufuks (edição Steidl/Tinta da China), uma espécie de resposta ao desafio colocado por W.B. Sebald. Blaufuks é um dos nossos expoentes.

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FRASES

"Ele ficou muito, muito feliz e muito comovido." Peter Englund, secretário permanente da Academia Sueca, sobre Vargas Llosa. Ontem, no CMonline.

"Tem sentido de humor, filigrana técnica e compreensão rara dos derrotados da história." Luís Naves, no blogue Albergue Espanhol.

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outubro 07, 2010

Blog # 711

O Prémio Nobel da literatura é, cada vez mais, um prémio residual e muitas vezes atribuído por motivos não literários. Philip Roth é ‘inferior’ a Elfried Jelinek? Jorge Luis Borges não merecia o Nobel, ao contrário de Dario Fo? Todos os anos repetimos estas perguntas e a Academia Sueca vota em quem lhe apetece – cumprindo o dever, imune a críticas, mesmo que sejam justas. Dos nomes que este ano circulam como prováveis candidatos, há nomes impensáveis, há alguns admissíveis e outros que são repetentes. O problema é que a literatura não obedece às determinações das ‘estrelinhas dos críticos’ nem às embirrações de académicos suecos que, naturalmente, não leram tudo. Por isso, amanhã, entre as onze e o meio-dia, repete-se a emoção habitual. Ou não. É como nos livros.

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Edna O’Brien é um pequeno milagre irlandês. O seu romance ‘Raparigas de Província’ (‘Country Girls’), agora publicado pela Relógio d’Água, é um bálsamo que não nos cura da infelicidade, mas que suspende o ruído. Uma pérola.

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FRASES

"Os miúdos sabem quem são Batman e Che Guevara , mas nem sonham com Gonçalo Mendes da Maia." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado.

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outubro 06, 2010

Blog # 710

Os discursos de ontem, em redor do centenário da República, podiam ter sido lidos em qualquer circunstância mais ou menos solene. Salve-se o pretexto e ironize-se (largamente) sobre a tentativa de comparação dos dois regimes (o de 1911 e o de agora) e das duas épocas. Os políticos e o Estado têm sempre a tentação de recorrer a leituras muitíssimo particulares da História para daí retirarem lições, ensinamentos morais e paralelismos forçados. É fácil demais – e é batota. As barbichas e os bigodes ideológicos de há cem anos não se reproduzem hoje. A nostalgia de uma “república séria, culta e honrada”, pelo contrário, só se faz com gente séria, culta e honrada. É isso que falta. O resto, como provam os discursos de ontem, são só repetições, coisas ocas e banalidades.

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Elogiemos a editora Angelus Novus, de Coimbra. Em comunicado – por uma questão “de ecologia editorial” – a Angelus reafirma que não publicará nenhum livro sobre o 5 de Outubro e o centenário da República. Bem hajas, Angelus Novus.

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FRASES

"É claro que nos revoltamos. O ‘Plano de Austeridade’ devia chamar-se ‘Plano da Impunidade’." Pedro Guerreiro, ontem, no CM

"Pelas reações ao centenário percebe-se melhor a quem o Estado Novo prestava vassalagem." José Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

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outubro 05, 2010

Blog # 709

A Feira do Livro de Frankfurt abre amanhã as portas; com a crise económica e as convulsões tecnológicas, são portas cada vez mais estreitas. Antigamente, sem mail nem a rapidez das comunicações, era uma feira “mais necessária”; hoje, os negócios fazem-se pela internet e as novidades circulam diariamente sem esperar pelo mês de outubro. No entanto, para lá das vaidades (cada vez mais caras, cada vez mais raras), há coisas que os editores têm em comum com os amantes de livros: o olhar. Olhar nos olhos, olhar nas páginas. Olhar um livro. Estão aqui 12 quilómetros de livros disponíveis – mas não interessam muito. O que Frankfurt hoje significa é isso: encontrar alguém que acredite num livro, num deles – e nos comunique esse entusiasmo. Essa é, ainda, a grande novidade.

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“Ás vezes o sono quando chega/ é quase um espírito.// E se ao adormecermos o corpo não cai/ no escuro, é porque existem as cores/ de Deus.” Poema de Teresa M.G. Jardim, em ‘Jogos Radicais’ (Assírio & Alvim), para começar o outono.

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FRASES

"É uma criminosa, sim. Vejo-a perversa, má, esbanjadora. Mas com classe e muito culta." Sofia Alves, sobre a sua personagem ‘Sabina Freire’. Ontem, no CM.

"Estes são os melhores anos de Portugal. Não temos ilusões e está tudo por fazer." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

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outubro 04, 2010

Blog # 708

Amanhã comemora-se em todo o país o centenário da República. Para além dos festejos e do folclore houve algum debate que teve o mérito de assinalar que o regime de 1910 não foi propriamente a instauração do paraíso, como pretendem a propaganda e a historiografia revolucionárias e ainda oficiais. Cem anos depois, a distância permite observar melhor o radicalismo republicano, os seus tiques ditatoriais e o número das suas vítimas. Mas deixa também espaço livre para uma releitura do século XX, o que há de fazer vítimas, sobretudo entre os que dividem o mundo em bons e maus. Era bom que não se confundisse “a República” com “o republicanismo” – a ideologia autoritária que montou e encenou o regime e permitiu a violência desses anos, prolongando-se no folclore que sabemos.

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Thomas Pynchon de volta à edição portuguesa com ‘Vício Intrínseco’ (Bertrand) – um dos grandes autores americanos do século XX, uma pérola que só brilha depois de ser lida e muito relida. Para apreciadores, portanto.

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FRASES

"Se Lula escolhesse um rinoceronte como sucessor, os brasileiros votavam no rinoceronte." João Pereira Coutinho, ontem, no CM.

"É triste: as mudanças necessárias são sempre impostas a partir de fora." Henrique Raposo, no blogue Clube das Repúblicas Mortas.

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outubro 02, 2010

Balanço & contas

Sei que não é justo criticar os pobres especialistas que, no início da pré-época, já tinham o título atribuído. André Villas-Boas conseguiu, com o jogo de ontem à noite na Bulgária, um mais do que satisfatório pleno de vitórias do FC Porto. Não se tratando de um feito inédito na história do clube, ele é – nas suas condições –, uma vingança do trabalho sobre o estardalhaço e o provincianismo futebolístico. Para o clube, um necessário suplemento de cavalheirismo (como durante meses aqui insisti antes da sua escolha); para o futebol português, uma injecção de qualidade e de contenção, em simultâneo. Ambas as coisas são boas. Ambas são qualidades essenciais de um líder sereno.

2. Preocupações? Claro: no jogo do passado sábado contra o Olhanense, golos desperdiçados; no jogo contra o CSKA, golos desperdiçados. Cada um deles não foi apenas uma oportunidade perdida; foi, também, uma distracção que podia ter sido perigosa.

3. Confirmações? Naturalmente: Belluschi e sobretudo Moutinho como excelentes manobradores que, com tempo, podem fazer esquecer uma parte das saudades de Lucho. Falcao como artilheiro generoso. Fernando como «encarregado das muralhas» e vigia à distância. Silvestre Varela como lanceiro disponível para percorrer todo o campo. Mas Villas-Boas lançou também um desafio a Hulk (o jogo com o Braga foi um marco): o de se concentrar e, também, de servir jogo. É provável que Maicon esteja a ser uma peça menos dispensável, tal como aconteceu com Rolando. E que Otamendi, que no primeiro jogo assinou um golo, revele mais das qualidades secantes do seu estilo. Helton, no seu lugar. O resto, com flutuações ligeiras, de Sapunaru para Fucile, de Ruben para Souza e Walter ou Rodríguez, a caminho da estabilidade. E da solidez. Por isso, o jogo de ontem foi também um aviso redundante que deve levar a equipa, agora, a procurar mais eficácia e instinto goleador (ou, pelo menos, a não desperdiçar tentos).

in A Bola - 2 de Outubro 2010

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outubro 01, 2010

Blog # 707

Tony Curtis entrou em ‘Spartacus’, ao lado de Kirk Douglas e Lawrence Olivier. Também em ‘Quanto Mais Quente Melhor’, de Billy Wilder, com Marilyn e Jack Lemmon. A verdade é que Curtis entrou em cerca de 140 filmes e séries de televisão – mas ficou na segunda linha. Esse é o seu papel na história do cinema e da televisão, mas nenhuma pessoa com uma memória razoável o esquece tão cedo – seria um crime em relação a uma das figuras mais emblemáticas na chamada “galeria dos galãs”, onde também cabem Roger Moore, Douglas ou Cary Grant (que Curtis considerava “o ator dos atores”). A sua morte, ocorrida ontem, lembra-nos os filmes sem glória nem grande bilheteira, alguns deles muito amáveis. Nem todos são Brando, ou Burton, ou Olivier. Mas ser Curtis foi uma grande ocupação.

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Útil, importante, exemplar, indispensável: o ‘Novo Dicionário do Islão’, da jornalista Margarida Santos Lopes (Casa das Letras), é um instrumento único para conhecer o Islão e os problemas e equívocos que ele gera no nosso mundo.

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FRASES

"O PSD tem de deixar passar o orçamento. Que prepare as lágrimas, o copo de água e o batráquio." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

"Ajudei um bocadinho o Fernando Pessoa [com ‘Conversa Acabada’], agora ajuda-me ele a mim." João Botelho, ontem, no CM.

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