setembro 10, 2011

E o futebol?

O mais vivo do jogo da selecção não aconteceu no campo, mas antes do jogo, com o lamentável “episódio Ricardo Carvalho” – um jogador que aprecio muito, muito para além da média, mas que (neste caso) não esteve à altura da sua excelente carreira, como o próprio acabou por reconhecer.

Nem por esse episódio o jogo teve vivacidade, interesse (houve os assobios a Ronaldo, que ele agradeceu com categoria) ou foi a demonstração da capacidade de Portugal poder arrasar uma equipa como o Chipre. Com todo o respeito por Chipre e pelos cipriotas, somos de categorias diferentes. O jogo podia ter servido para animar as hostes; não serviu. Podia ter servido para mostrar a qualidade do futebol que aqueles jogadores exibem nos seus clubes; não serviu. Foi, pelo menos, um serviço para o nosso apuramento.

Enfim, para quem já esteve no fio da navalha diante do Azerbaijão ou da Albânia – não nos queixemos muito.

Quanto ao resto – no balanço da semana –, o costume. Palavras. Uma corrida estranha e conspirativa à FPF, com o Sporting e o Benfica a dançarem uma curiosa valsa entre paredes demasiado vizinhas. E o tema da arbitragem de novo incluído nas ementas, a provar que também aqui é necessária uma espécie de “linha zero” ou, pelo menos, de alguma sensatez. Os dirigentes deviam falar em público o menos possível; os árbitros deviam ser avaliados por juízes independentes e autónomos; os departamentos de futebol deviam cuidar de tratar dos seus assuntos estritos; e os jogadores deviam, ao menos, jogar. Este último aspecto, se querem saber, preocupa-me especialmente. Ainda não temos visto quase nada. Nem jogadas de ficar no olho (já agora, a assistência de Defour para Varela pareceu-me uma boa promessa, tal como a hipótese Kléber) nem golos de levantar bancada. E, afinal, foi para isto que viemos.

in A Bola - 10 Setembro 2011

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