outubro 08, 2011

James

Há altos e baixos no rendimento de qualquer equipa – e há o estatuto do adepto, capaz de descobrir catástrofes onde se desenha apenas um deslize. Mas sem os adeptos uma equipa é um corpo vazio e um instrumento sem objectivo. Assim o FC Porto e, claro, assim a liderança de Vítor Pereira. A tarefa do treinador do FC Porto, estava escrito, seria a mais difícil da época; mesmo mais difícil do que a do próprio clube, que resiste com facilidade a todas as erosões, mesmo quando não ganha o campeonato (justamente devido à alma, demasiado flutuante algumas vezes, insuflada pelos adeptos).

Como adepto, já o escrevi aqui, este arranque teve uma perda fundamental: a de Radamel Falcao. A sua eficácia, visão de jogo (lembram-se, noutras posições, da omnipresença de Lucho?, da serenidade de Deco?) Mas depois do jogo com a Académica, que representou o regresso da alma do FC Porto depois da derrota (merecida) diante do Zenit, James Rodríguez merece ser considerado um candidato ao lugar de Falcao; não ao seu lugar, evidentemente, para o qual se posiciona Kléber, mas ao seu espaço na alma portista, capaz de atingir – até agora – a marca de um golo por jogo e de mobilizar a bancada em dia de inspiração. A sua alegria adolescente no relvado não é apenas uma promessa de êxito, mas também a garantia de um prolongamento dos grandes dias do clube. Estou por ele.

O que, no entanto, torna a época do FC Porto mais serena e promissora são, ainda, as entradas previstas de Alex Sandro, Danilo e Iturbe para a corrida por lugares na equipa. São contributos desiguais para a segunda metade da época, mas capazes – qualquer um deles – de desequilibrar o tabuleiro e de inclinar o relvado a nosso favor.

O leitor dirá que esta semana estou optimista, ao contrário do habitual. Seja. Há jogadas que, apreciadas de longe (como as de James e as de James em ligação a Hulk), providenciam alegrias raras.

in A Bola - 8 Outubro 2011

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