junho 29, 2010

Primeiro livro Infantil


"Se eu fosse... Nacionalidades» marca a estreia de Francisco José Viegas na literatura infantil, um género que nunca cativou o autor, como o próprio admitiu na apresentação da obra. Editado pela Booksmile e com ilustrações de Rui Penedo (que também faz a sua estreia), este é o primeiro livro (também disponível para a plataforma iPad quando estiver à venda em Portugal) de uma colecção que vai abordar vários temas (o segundo, com lançamento em Julho, será sobre as profissões). Em todos eles teremos a companhia de Leonel, ou melhor, Lio, como é conhecido pelos familiares e amigos, um menino que anda sempre com a cabeça no ar, «mais distraído do que uma abóbora. Uma abóbora na lua, ainda por cima». No final, Lio vence com facilidade o combate com «o reinado das abelhinhas, formiguinhas e princesinhas louras com olhos azuis»...

A apresentação de «Se eu fosse... Nacionalidades» esteve a cargo de Carla Maia de Almeida, também ela uma escritora de livros infantis (uma designação que não gosta de usar) e uma das especialistas deste género no nosso país. Se Viegas e Penedo faziam a sua estreia a escrever e desenhar, a escritora também dava os primeiros passos na apresentação. Mas não parecia, já que o seu à vontade foi notório e quase não teve de recorrer às suas cábulas para falar da obra.

Carla Maia de Almeida destacou em primeiro lugar o bom momento que a literatura infantil ou infanto-juvenil vive no nosso país e no Mundo, «uma melhoria qualitativa significativa na ilustração, nos textos e no arranjo gráfico, mas também há um maior cuidado no próprio livro como objecto editorial». Deste modo, e segundo a apresentadora, «o reinado das abelhinhas, formiguinhas e princesinhas louras com olhos azuis terminou. Não sou contra esses livros, mas sou a favor da biodiversidade e portanto da existência de outras espécies».

Evidentemente que Carla Maia de Almeida considera que «Se eu fosse... Nacionalidades» se encontra neste novo mundo imaginário dos livros infantis, ressaltando que Francisco José Viegas conseguiu fugir a uma tendência da maior parte dos autores que iniciam as suas carreiras neste género: «A grande maioria dos escritores quando escrevem o seu primeiro livro infantil ficam obcecados por passarem a MENSAGEM, sentem-se obrigados a transmitir um valor positivo com o livro. Isso irrita-me bastante! Muitos dos livros para as crianças andam sequestrados por boas intenções mas esquecem o principal, a boa história, a ilustração e o cuidado com as palavras. A verdade é que os miúdos vivem sequestrados pela MENSAGEM. E felizmente Viegas conseguiu evitar isso.»

A apresentadora salientou ainda que um dos méritos de «Se eu fosse... Nacionalidades» é ser um livro informativo, um atributo que tende a ser subestimado pelos adultos na sua capacidade de provocar a efabulação. «E a verdade é que nos livros informativos se escondem muitas vezes variados mundos. O protagonista do livro, o Lio, revela uma das grandes capacidades das crianças, que é a de fazer perguntas. O condicional do título, «Se», não é mais do que uma pergunta."

in Diário Digital - 28 Junho 2010

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