outubro 06, 2010

Blog # 710

Os discursos de ontem, em redor do centenário da República, podiam ter sido lidos em qualquer circunstância mais ou menos solene. Salve-se o pretexto e ironize-se (largamente) sobre a tentativa de comparação dos dois regimes (o de 1911 e o de agora) e das duas épocas. Os políticos e o Estado têm sempre a tentação de recorrer a leituras muitíssimo particulares da História para daí retirarem lições, ensinamentos morais e paralelismos forçados. É fácil demais – e é batota. As barbichas e os bigodes ideológicos de há cem anos não se reproduzem hoje. A nostalgia de uma “república séria, culta e honrada”, pelo contrário, só se faz com gente séria, culta e honrada. É isso que falta. O resto, como provam os discursos de ontem, são só repetições, coisas ocas e banalidades.

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Elogiemos a editora Angelus Novus, de Coimbra. Em comunicado – por uma questão “de ecologia editorial” – a Angelus reafirma que não publicará nenhum livro sobre o 5 de Outubro e o centenário da República. Bem hajas, Angelus Novus.

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FRASES

"É claro que nos revoltamos. O ‘Plano de Austeridade’ devia chamar-se ‘Plano da Impunidade’." Pedro Guerreiro, ontem, no CM

"Pelas reações ao centenário percebe-se melhor a quem o Estado Novo prestava vassalagem." José Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

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