Saber empatar
O empate do FC Porto em Guimarães foi tratado pelos expoentes do futebolês nacional como uma derrota. Segundo essas boas almas, o campeonato «está relançado», o que demonstra que a bola é, para eles, mais uma evidência da fé do que um jogo no relvado. Mas é falso: o campeonato não precisa de ser «relançado» – esteve sempre em jogo, está em jogo, há-de estar em jogo até Maio.
No entanto, se nos mantivermos no estrito domínio do relvado, é verdade que o empate diante do Vitória de Guimarães deve fazer soar alguma campainha no Dragão. Como aqui escrevi na semana passada, houve momentos preocupantes nos jogos do FC Porto com o Olhanense e com os búlgaros do CSKA – em ambos os casos, tratou-se de golos desperdiçados, de excesso de confiança e, portanto, de preguiça estratégica e prática. Se é verdade que, diante do Olhanense, o resultado de 2-0 mascarou as perdas diante da baliza, já com o CSKA não se compreendem os deslizes. No jogo de Guimarães, depois do 1-0 não é admissível que o FC Porto tivesse reiniciado a segunda parte dando a sensação de uma estratégia pobre – a de «segurar o jogo», mais do que «segurar o resultado», a de abrandar o ritmo. Essa demonstração de preguiça deve ter assustado todos os adeptos. E devia ter assustado André Vilas-Boas.
Não se compreende, por isso, que a reacção de André Vilas-Boas tenha imitado vagamente o ressentimento de outros clubes diante dos próprio desaires. André Vilas-Boas devia ter dito o óbvio: que o Guimarães conseguira empatar com mérito e sentido de oportunidade, que a vida continua e que o FC Porto ia tratar das mazelas. E, sinceramente, poder-se-ia ter poupado a sugestão do penálti inexistente contra o Guimarães.
Quando aqui, ao longo de algumas semanas, se pedia o regresso de um módico de cavalheirismo ao futebol, falava-se também disso: de saber ganhar e de saber perder. Saber empatar diante de uma boa equipa, bem gerida por Manuel Machado, não é assim tão mais difícil.
in A Bola - 9 Outubro 2010
No entanto, se nos mantivermos no estrito domínio do relvado, é verdade que o empate diante do Vitória de Guimarães deve fazer soar alguma campainha no Dragão. Como aqui escrevi na semana passada, houve momentos preocupantes nos jogos do FC Porto com o Olhanense e com os búlgaros do CSKA – em ambos os casos, tratou-se de golos desperdiçados, de excesso de confiança e, portanto, de preguiça estratégica e prática. Se é verdade que, diante do Olhanense, o resultado de 2-0 mascarou as perdas diante da baliza, já com o CSKA não se compreendem os deslizes. No jogo de Guimarães, depois do 1-0 não é admissível que o FC Porto tivesse reiniciado a segunda parte dando a sensação de uma estratégia pobre – a de «segurar o jogo», mais do que «segurar o resultado», a de abrandar o ritmo. Essa demonstração de preguiça deve ter assustado todos os adeptos. E devia ter assustado André Vilas-Boas.
Não se compreende, por isso, que a reacção de André Vilas-Boas tenha imitado vagamente o ressentimento de outros clubes diante dos próprio desaires. André Vilas-Boas devia ter dito o óbvio: que o Guimarães conseguira empatar com mérito e sentido de oportunidade, que a vida continua e que o FC Porto ia tratar das mazelas. E, sinceramente, poder-se-ia ter poupado a sugestão do penálti inexistente contra o Guimarães.
Quando aqui, ao longo de algumas semanas, se pedia o regresso de um módico de cavalheirismo ao futebol, falava-se também disso: de saber ganhar e de saber perder. Saber empatar diante de uma boa equipa, bem gerida por Manuel Machado, não é assim tão mais difícil.
in A Bola - 9 Outubro 2010
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