outubro 04, 2010

Blog # 708

Amanhã comemora-se em todo o país o centenário da República. Para além dos festejos e do folclore houve algum debate que teve o mérito de assinalar que o regime de 1910 não foi propriamente a instauração do paraíso, como pretendem a propaganda e a historiografia revolucionárias e ainda oficiais. Cem anos depois, a distância permite observar melhor o radicalismo republicano, os seus tiques ditatoriais e o número das suas vítimas. Mas deixa também espaço livre para uma releitura do século XX, o que há de fazer vítimas, sobretudo entre os que dividem o mundo em bons e maus. Era bom que não se confundisse “a República” com “o republicanismo” – a ideologia autoritária que montou e encenou o regime e permitiu a violência desses anos, prolongando-se no folclore que sabemos.

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Thomas Pynchon de volta à edição portuguesa com ‘Vício Intrínseco’ (Bertrand) – um dos grandes autores americanos do século XX, uma pérola que só brilha depois de ser lida e muito relida. Para apreciadores, portanto.

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FRASES

"Se Lula escolhesse um rinoceronte como sucessor, os brasileiros votavam no rinoceronte." João Pereira Coutinho, ontem, no CM.

"É triste: as mudanças necessárias são sempre impostas a partir de fora." Henrique Raposo, no blogue Clube das Repúblicas Mortas.

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