Jogar a sério
Acabo de ver o Rio Ave-FC Porto e fico ainda mais convencido de que os jogos da pré-temporada, com equipas inteiras substituídas, deviam decorrer ou à porta fechada ou, pelo menos, com recato televisivo. Deu para ver um Kléber promissor, a velocidade de Djalma, um pouco da arte e da competência de Moutinho, um par de jogadas de Fucile (que assistiu maravilhosamente para golo) e o deslize da defesa que proporcionou o penálti a João Tomás. Podíamos, para sermos absolutamente justos, acrescentar mais três jogadas superiores – mas seriam esmagadas pela falta de coordenação que, acredito, já não acontecerá no encontro diante do Peñarol.
O futebol é um jogo de guerra e – por isso – de estratégia. Ganham os que marcam mais golos mas o sentido de justiça nem por isso fica garantido; mas o nervo de qualquer partida é a corrida para a vitória, o embate duro e fatal, o equilíbrio no arame que divide o território entre ganhar e perder. O resto, que me perdoem os senhores jornalistas e os comentadores do Tiny Pub ou do Sem Palavras, casas onde costumo ver os jogos da televisão, não me comove especialmente. Pelo contrário, faz-me apenas desejar que o campeonato comece e que seja publicada uma lei que impeça anúncios de novos jogadores.
Enquanto isto parece acontecer em Portugal, decorre a Copa América – uma final entre o “meu” Uruguai (depois da derrota da “minha” Argentina) e o “meu” Paraguai. É uma espécie de regresso dos clássicos, uma reinvenção das “melodias de sempre” do futebol, não fosse eu gostar de Oscar Tabarez; tem a figura típica do uruguaio como eu o conheço (aliás, tem o rosto do uruguaio mais uruguaio que conheço, o meu amigo Mario Delgado Aparaín). Só um uruguaio do mundo podia dizer, no final de um jogo do último Mundial, com aquele sorriso patife ao canto da boca (o de quem aprendeu a fingir que não está a ser irónico), «não jogámos bem, mas parece que alguma coisa nos está a empurrar, deve ser a força destes rapazes». Vamos, rapazes. Joguem a sério.
in A Bola - 23 Julho 2011
O futebol é um jogo de guerra e – por isso – de estratégia. Ganham os que marcam mais golos mas o sentido de justiça nem por isso fica garantido; mas o nervo de qualquer partida é a corrida para a vitória, o embate duro e fatal, o equilíbrio no arame que divide o território entre ganhar e perder. O resto, que me perdoem os senhores jornalistas e os comentadores do Tiny Pub ou do Sem Palavras, casas onde costumo ver os jogos da televisão, não me comove especialmente. Pelo contrário, faz-me apenas desejar que o campeonato comece e que seja publicada uma lei que impeça anúncios de novos jogadores.
Enquanto isto parece acontecer em Portugal, decorre a Copa América – uma final entre o “meu” Uruguai (depois da derrota da “minha” Argentina) e o “meu” Paraguai. É uma espécie de regresso dos clássicos, uma reinvenção das “melodias de sempre” do futebol, não fosse eu gostar de Oscar Tabarez; tem a figura típica do uruguaio como eu o conheço (aliás, tem o rosto do uruguaio mais uruguaio que conheço, o meu amigo Mario Delgado Aparaín). Só um uruguaio do mundo podia dizer, no final de um jogo do último Mundial, com aquele sorriso patife ao canto da boca (o de quem aprendeu a fingir que não está a ser irónico), «não jogámos bem, mas parece que alguma coisa nos está a empurrar, deve ser a força destes rapazes». Vamos, rapazes. Joguem a sério.
in A Bola - 23 Julho 2011
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