A explosão do Manchester e a bola mal chutada
1. O jogo do Manchester foi uma explosão. Não pelos números, extraordinários em si mesmos, mas pela atitude da equipa que sabia que bastava jogar a primeira parte. Os 4-0 eram mais do que suficientes, mas não veríamos o segundo golo de Cristiano Ronaldo. Também houve coisas que não vimos: nenhum sintoma de mialgias, de cansaço no rosto dos jogadores, de esgotamento nas suas pernas. Eu sei – ouço daqui o reparo – que depois de marcar quatro golos à Roma (bem feito) o entusiasmo teria de se manter firme e elevado. Mesmo assim. Não houve quarenta e cinco minutos maus (a primeira parte do Benfica, a segunda do FC Porto). Não houve perdas psicológicas, não houve "recuo previdente", não houve "economia de meios", não fizeram "gestão do plantel". Jogaram. O meu dever (e a minha vantagem, como adepto) não é compreender a estratégia ou a táctica dos treinadores: é querer ver jogar bem e humilhar os adversários. Nelson Rodrigues falava das maravilhosas vitórias por 1-0 (como as de Mourinho), porque no futebol não há certezas absolutas: 1-0 e 7-1 fazem parte do mesmo universo. Por isso, o jogo de Manchester foi uma explosão.
2. Luiz Felipe Scolari deu uma entrevista ao "Estado de São Paulo" em que, diante da pergunta do jornalista sobre um cenário hipotético ("treinar de novo o Brasil?"), deu uma resposta cheia de hipóteses (sim). Houve um certo exagero na maneira como os portugueses reagiram, noticiando que Scolari estaria a preparar o seu adeus português. Tratou-se apenas de matéria para consumo brasileiro. Na verdade, Scolari está farto de nós. Ele vive forçado a fazer coisas que não quer. Só que nós sabemos.
3. Depois de, em tempos, ter dito que Nani era muito superior a Ronaldo (Nani seria o sucessor de Figo), Scolari ficou rendido ao miúdo que os scolarinianos queriam ver afastado do Mundial, porque era "muito individualista"; quer dizer, não era da sacristia de Scolari. Hoje, Scolari usa Ronaldo e há-de ser forçado a usar Quaresma. Ele vive forçado a fazer coisas que não quer.
4. Cuidado com o Sporting. Há um tom compacto naquele futebol; não maravilha na primeira parte nem desilude na segunda, mas, mais importante do que isso, tem a vantagem de pensar na "possibilidade do título", o que é uma vantagem sobre "ter o título ao alcance".
5. No estádio da Luz, para culminar uma boa carreira europeia, o Benfica enviou bolas à trave e esteve perto de marcar para afastar a divisão espanhola da Catalunha. Bola à trave, já se sabe, é bola mal chutada. Mas reconheçamos o essencial: esteve quase. Não falo de justiça, porque em futebol há factores muito mais flutuantes. Há quem diga que o facto de o Espanyol jogar vestido daquela maneira também contou muito.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 14 Abril 2007
2. Luiz Felipe Scolari deu uma entrevista ao "Estado de São Paulo" em que, diante da pergunta do jornalista sobre um cenário hipotético ("treinar de novo o Brasil?"), deu uma resposta cheia de hipóteses (sim). Houve um certo exagero na maneira como os portugueses reagiram, noticiando que Scolari estaria a preparar o seu adeus português. Tratou-se apenas de matéria para consumo brasileiro. Na verdade, Scolari está farto de nós. Ele vive forçado a fazer coisas que não quer. Só que nós sabemos.
3. Depois de, em tempos, ter dito que Nani era muito superior a Ronaldo (Nani seria o sucessor de Figo), Scolari ficou rendido ao miúdo que os scolarinianos queriam ver afastado do Mundial, porque era "muito individualista"; quer dizer, não era da sacristia de Scolari. Hoje, Scolari usa Ronaldo e há-de ser forçado a usar Quaresma. Ele vive forçado a fazer coisas que não quer.
4. Cuidado com o Sporting. Há um tom compacto naquele futebol; não maravilha na primeira parte nem desilude na segunda, mas, mais importante do que isso, tem a vantagem de pensar na "possibilidade do título", o que é uma vantagem sobre "ter o título ao alcance".
5. No estádio da Luz, para culminar uma boa carreira europeia, o Benfica enviou bolas à trave e esteve perto de marcar para afastar a divisão espanhola da Catalunha. Bola à trave, já se sabe, é bola mal chutada. Mas reconheçamos o essencial: esteve quase. Não falo de justiça, porque em futebol há factores muito mais flutuantes. Há quem diga que o facto de o Espanyol jogar vestido daquela maneira também contou muito.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 14 Abril 2007
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