O futebol ao pé da mesquita
1 - Os meus amigos de Casablanca estão humilhados com o tratamento dado a José Romão, que se demitiu do seu clube marroquino depois de, no ano passado, se ter sagrado campeão nacional. Este ano, estava ainda em posição de discutir o título, em terceiro lugar. Na verdade, lendo os textos do "Le Matin", principal jornal do país, temos a impressão de que José Romão partiu com todo o ouro do país, ingrato depois de ter ganho o caminho para ganhar o título. Segundo o "L'Opinion", no entanto, José Romão é um "gentleman" que é preciso respeitar. No fundo, Romão conquistou um título e, farto das querelas com a Direcção do clube, partiu. Devemos, por isso, diz mais ou menos o "L’Opinion", conservar as memórias dos bons momentos e das vitórias.
O caso é importante para os marroquinos e não apenas para os adeptos do clube. Ao ler este exemplo na Imprensa marroquina nos cafés de Casablanca, penso no destino do futebol, uma espécie de furacão onde não contam apenas as vitórias, nem o sucesso, nem o destino. O futebol é mais do que os golos marcados. Factores imprevisíveis como o humor e o mau humor também contam.
2. O procurador-geral da República acha que a Justiça se interessa finalmente pelo futebol. Se Pinto Monteiro não estivesse já relacionado com o futebol, seria caso para lhe darmos as boas-vindas. Visitando as listas dos chamados órgãos dirigentes da Liga ou da Federação, há nomes bastantes que vêm da magistratura. O que acontece sempre nestes casos é uma espécie de ressentimento contra o pai. E a uma velocidade que é acelerada por factores que deviam ser mais ponderados. Portugal estará transformado não numa república de juízes, mas numa espécie de protectorado de magistrados e de juristas. Sinceramente, isso é mau.
3 - Esperavam, portanto, que eu rejubilasse com a derrota do Benfica diante do Varzim, no estádio onde vi os primeiros jogos de futebol da velha 1.ª Divisão? Estão enganados. Fiquei contente por o Benfica ter ultrapassado o Dínamo no último minuto, como convém a uma vitória passional.
4 - Estou longe de Portugal, a sul de Casablanca. Os rumores do futebol chegam aqui como em toda a parte. Sentado no muro, junto de um café, ouço os golos do campeonato do Qatar numa televisão instalada ao pé da mesquita.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 17 Fevereiro 2007
O caso é importante para os marroquinos e não apenas para os adeptos do clube. Ao ler este exemplo na Imprensa marroquina nos cafés de Casablanca, penso no destino do futebol, uma espécie de furacão onde não contam apenas as vitórias, nem o sucesso, nem o destino. O futebol é mais do que os golos marcados. Factores imprevisíveis como o humor e o mau humor também contam.
2. O procurador-geral da República acha que a Justiça se interessa finalmente pelo futebol. Se Pinto Monteiro não estivesse já relacionado com o futebol, seria caso para lhe darmos as boas-vindas. Visitando as listas dos chamados órgãos dirigentes da Liga ou da Federação, há nomes bastantes que vêm da magistratura. O que acontece sempre nestes casos é uma espécie de ressentimento contra o pai. E a uma velocidade que é acelerada por factores que deviam ser mais ponderados. Portugal estará transformado não numa república de juízes, mas numa espécie de protectorado de magistrados e de juristas. Sinceramente, isso é mau.
3 - Esperavam, portanto, que eu rejubilasse com a derrota do Benfica diante do Varzim, no estádio onde vi os primeiros jogos de futebol da velha 1.ª Divisão? Estão enganados. Fiquei contente por o Benfica ter ultrapassado o Dínamo no último minuto, como convém a uma vitória passional.
4 - Estou longe de Portugal, a sul de Casablanca. Os rumores do futebol chegam aqui como em toda a parte. Sentado no muro, junto de um café, ouço os golos do campeonato do Qatar numa televisão instalada ao pé da mesquita.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 17 Fevereiro 2007
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