Das maldições e da vantagem da sorte
1. Há uma maldição no Sporting? Há. Vem desde José Peseiro pelo menos, para não irmos à história de Alvalade. O empate com o Aves é um daqueles golpes de azar que destrói as esperanças de Paulo Bento e do clube. Não por ser um empate com o Aves, mas porque o Sporting está a habituar-se a resultados que o deixam no limite da glória e no átrio da perdição. É uma maldição, sim.
2. Há sobre José Mourinho uma maldição – a dele próprio. Creio que vive bem com isso e com o seu imenso, avassalador génio e com o formidável talento que apregoa. Todos nos lembramos da ocasião em que afirmou "estar escrito" que o F. C. Porto seria, campeão. O pequeno mundo português tremeu; há muito tempo que ninguém tinha desafiado a deliciosa pequenez lusitana daquela maneira. E, no entanto, havia naquela frase uma certeza e uma determinação apaixonadas – no próximo ano seremos campeões. Mourinho passou então a ser o bruxo de serviço, porque foi campeão, sim. Também disse, numa fase da Liga dos Campeões, que ia ganhar à Grécia depois de um resultado duvidoso nas Antas. Foi. Há quem diga que ele sabia que ia perder a derradeira Taça de Portugal para o Benfica e que, com uma semana de antecedência, adivinhou as substituições do Benfica naquele derradeiro Benfica-F. C. Porto no velho Estádio da Luz e teria mandado vigiar
Sokota, que não jogava há semanas. Esse talento transformou-se em maldição. Na semana passada, antes e depois do jogo do Chelsea com o F. C. Porto, Mourinho e Wenger, o treinador do Arsenal, discutiam sobre quem era o melhor do mundo. Mourinho não viu a maldição cair sobre ele. Mas caiu. Admitiu que era o melhor. Se Wenger e o Arsenal ganharem e se o Chelsea perder com F.C. Porto, Mourinho está tramado. É uma maldição que o seu talento não merece mas que o seu feitio está a pedir. Mas não é crime ter feitio.
3. Há uma maldição nos jogos do F. C. Porto com os ingleses? Não. Depois do jogo contra o Chelsea, esta semana, a segunda mão em Stamford Bridge está ao alcance. Basta não quebrar a equipa com trocas de alas, como aconteceu na quarta-feira.
4. O Benfica jogou bem com a equipa dos coxos de Bucareste e mereceu ganhar. A vantagem da sorte chama-se PSG, a eliminatória seguinte. Com o Braga, agora estranhamente comandado por Jorge Costa, o Benfica confirma um bom momento de vantagem do seu futebol: claro, transparente, lúcido. Não criativo nem exuberante. A exuberância chama-se Miccoli.
5. Quaresma mostrou mais uma vez quem é: sobre ele paira a maldição do talento e o azar de viver num país de invejosos. Mourinho teve medo de Quaresma.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 24 Fevereiro 2007
2. Há sobre José Mourinho uma maldição – a dele próprio. Creio que vive bem com isso e com o seu imenso, avassalador génio e com o formidável talento que apregoa. Todos nos lembramos da ocasião em que afirmou "estar escrito" que o F. C. Porto seria, campeão. O pequeno mundo português tremeu; há muito tempo que ninguém tinha desafiado a deliciosa pequenez lusitana daquela maneira. E, no entanto, havia naquela frase uma certeza e uma determinação apaixonadas – no próximo ano seremos campeões. Mourinho passou então a ser o bruxo de serviço, porque foi campeão, sim. Também disse, numa fase da Liga dos Campeões, que ia ganhar à Grécia depois de um resultado duvidoso nas Antas. Foi. Há quem diga que ele sabia que ia perder a derradeira Taça de Portugal para o Benfica e que, com uma semana de antecedência, adivinhou as substituições do Benfica naquele derradeiro Benfica-F. C. Porto no velho Estádio da Luz e teria mandado vigiar
Sokota, que não jogava há semanas. Esse talento transformou-se em maldição. Na semana passada, antes e depois do jogo do Chelsea com o F. C. Porto, Mourinho e Wenger, o treinador do Arsenal, discutiam sobre quem era o melhor do mundo. Mourinho não viu a maldição cair sobre ele. Mas caiu. Admitiu que era o melhor. Se Wenger e o Arsenal ganharem e se o Chelsea perder com F.C. Porto, Mourinho está tramado. É uma maldição que o seu talento não merece mas que o seu feitio está a pedir. Mas não é crime ter feitio.
3. Há uma maldição nos jogos do F. C. Porto com os ingleses? Não. Depois do jogo contra o Chelsea, esta semana, a segunda mão em Stamford Bridge está ao alcance. Basta não quebrar a equipa com trocas de alas, como aconteceu na quarta-feira.
4. O Benfica jogou bem com a equipa dos coxos de Bucareste e mereceu ganhar. A vantagem da sorte chama-se PSG, a eliminatória seguinte. Com o Braga, agora estranhamente comandado por Jorge Costa, o Benfica confirma um bom momento de vantagem do seu futebol: claro, transparente, lúcido. Não criativo nem exuberante. A exuberância chama-se Miccoli.
5. Quaresma mostrou mais uma vez quem é: sobre ele paira a maldição do talento e o azar de viver num país de invejosos. Mourinho teve medo de Quaresma.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 24 Fevereiro 2007
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