Três notas
Alex Fergusson foi suspenso cinco jogos por ter feito reparos à actuação de um árbitro de futebol. Em Portugal, o assunto mereceria primeira página – não a aplicação do castigo, evidentemente, mas o reparo. Seria amplificado, multiplicado, objecto de conferências de imprensa, pretexto para convocar manifestações de desagravo e de agravo, justificação para mau futebol.
Será que os árbitros não falham? Falham. Mas o futebol deve protegê-lo. E, antes de proteger a arbitragem, deve honrá-la e sujeitá-la a um rigoroso “controle de qualidade”. Mais do que a aplicação de “novas tecnologias no futebol” (um debate que não deve ser inquinado, à partida, pela suspeita), a protecção da arbitragem seria um serviço ao futebol. E haver critérios de qualidade exigentes seria um passo essencial – no sentido de que não se pode ter bom futebol com árbitros que erram grosseiramente e se defendem a si mesmos, à porta fechada.
2. Nuno Gomes é um jogador desprezado. São vários os factores que levam ao seu afastamento. Pessoalmente, gosto desses jogadores desprezados, empurrados para o banco – não por serem maus, claramente maus, mas “por causa da idade”. Não há nada mais cretino do que invocar a idade de um futebolista para o relegar para o balneário. Ele transporta consigo a experiência, a memória, a disponibilidade, e a arte que o fez ser indispensável. O golo de Nuno Gomes contra o Portimonense reabilita esses jogadores injustamente afastados; fica como um símbolo de permanência do que é bom no futebol.
3. No final do Benfica-Portimonense, um repórter não se conteve e, embevecido, declarou para as câmaras: “Com este resultado, o Benfica reduz para dez pontos a distância para o FC Porto.” Uma coisa destas merece ser notícia. Aliás, logo depois da eliminação do Benfica na Champions, o telejornal da RTP começou com esta declaração festiva: “O Benfica qualificou-se para a Liga Europa.” Isto sim, é melhor do que a realidade.
in A Bola - 19 Março 2011
Será que os árbitros não falham? Falham. Mas o futebol deve protegê-lo. E, antes de proteger a arbitragem, deve honrá-la e sujeitá-la a um rigoroso “controle de qualidade”. Mais do que a aplicação de “novas tecnologias no futebol” (um debate que não deve ser inquinado, à partida, pela suspeita), a protecção da arbitragem seria um serviço ao futebol. E haver critérios de qualidade exigentes seria um passo essencial – no sentido de que não se pode ter bom futebol com árbitros que erram grosseiramente e se defendem a si mesmos, à porta fechada.
2. Nuno Gomes é um jogador desprezado. São vários os factores que levam ao seu afastamento. Pessoalmente, gosto desses jogadores desprezados, empurrados para o banco – não por serem maus, claramente maus, mas “por causa da idade”. Não há nada mais cretino do que invocar a idade de um futebolista para o relegar para o balneário. Ele transporta consigo a experiência, a memória, a disponibilidade, e a arte que o fez ser indispensável. O golo de Nuno Gomes contra o Portimonense reabilita esses jogadores injustamente afastados; fica como um símbolo de permanência do que é bom no futebol.
3. No final do Benfica-Portimonense, um repórter não se conteve e, embevecido, declarou para as câmaras: “Com este resultado, o Benfica reduz para dez pontos a distância para o FC Porto.” Uma coisa destas merece ser notícia. Aliás, logo depois da eliminação do Benfica na Champions, o telejornal da RTP começou com esta declaração festiva: “O Benfica qualificou-se para a Liga Europa.” Isto sim, é melhor do que a realidade.
in A Bola - 19 Março 2011
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