março 16, 2011

Blog # 823

Por que razão nos incomodam tanto as imagens que vêm do Japão? Por causa do sofrimento dos outros, da destruição, da catástrofe; mas, sobretudo, da violência imprevista que arrasa parte de um país consagrado à ordem, à disciplina, à contenção. Navios arrastados pelo mar, levando à sua frente carros, casas e estradas. O rasto de imprevisibilidade mata mais do que se espera, apesar de as sociedades avançadas “estarem preparadas” para os acidentes. Mas nunca para o imprevisto: as falhas das placas, os tsunamis, os desastres naturais. Por um lado, uma certa contenção; por outro, a inquietação que não deixa pedra sobre pedra. E, no meio da tragédia, a estranha tranquilidade de um povo educado para esperar, obedecer e honrar. Só o imprevisto podia magoar tão profundamente.

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Para quem leu ‘Brooklyn’, do irlandês Colm Tóibin, a Bertrand prepara a edição de ‘Mães e Filhos’, histórias marcadas pela mesma melancolia, pelo mesmo olhar agudo e insistente de um escritor de primeiríssima ordem. Tóibin é grande.

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FRASES

"Não nasci com o dom de estar a par." Maradona, no blogue A Causa Foi Modificada.

"Este país já não é um Estado independente que pode decidir o futuro. É um protetorado." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

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