Os terceiros
Jorge Jesus não merecia ter-se referido ao FC Porto da forma deselegante como o fez ontem, repetindo banalidades e alarvidades: “O FC Porto tem sido a melhor equipa, porque está em primeiro lugar, mas com a ajuda de terceiros.” Também as suas declarações sobre André Villas-Boas não são, propriamente, um mimo de elegância e de cavalheirismo: “É um jovem treinador e está a começar pela positiva, mas isto não é como se começa, é como se acaba.” Num só dia, numa só tarde, Jorge Jesus destruiu um capital de inegável sensatez – não se sabe se para provar que pertence ao clube dos ressentidos, se para garantir um lugar que não lhe conhecíamos na galáxia dos perdedores, ou se, pura e simplesmente, estamos diante de uma banalíssima dor de cotovelo. Mas é a vida. Sem saber, o treinador do Benfica deu o argumento que faltava para que os próximos meses lhe sejam fatais. O desafio lançado a Villas-Boas (saber como o treinador do FC Porto enfrentará a pressão) não é muito diferente do desafio a que Jesus respondeu de forma periclitante; ou achará ele que “os terceiros” só não se aliam ao Benfica?
Pareceram as palavras de um derrotado, mais do que de um homem que, com inteira justiça, venceu o campeonato anterior. Ou seja, em vez de se assumir como o valente e inteligente treinador das “águias” do ano passado, pareceu mais o treinador da pobre águia Vitória.
Quanto à sua reacção às palavras de Pinto da Costa, um só comentário: Jorge Jesus saberá as linhas com que se cose, e conhecerá – certamente –as razões que o levaram a reagir desta forma. Ficámos cientes. Leiam nas entrelinhas.
Mas estas declarações de Jorge Jesus não existem vindas do nada. São, antes de mais, a reacção do desespero diante da evidência. A de que não basta um altíssimo investimento financeiro, além de imagem e marketing, para fabricar campeões com constância e equilíbrio. Se fosse apenas isso, Jesus valeria menos que nada. E, na verdade, é um bom treinador – um treinador com problemas com terceiros.
in A Bola - 25 Dezembro 2010
Pareceram as palavras de um derrotado, mais do que de um homem que, com inteira justiça, venceu o campeonato anterior. Ou seja, em vez de se assumir como o valente e inteligente treinador das “águias” do ano passado, pareceu mais o treinador da pobre águia Vitória.
Quanto à sua reacção às palavras de Pinto da Costa, um só comentário: Jorge Jesus saberá as linhas com que se cose, e conhecerá – certamente –as razões que o levaram a reagir desta forma. Ficámos cientes. Leiam nas entrelinhas.
Mas estas declarações de Jorge Jesus não existem vindas do nada. São, antes de mais, a reacção do desespero diante da evidência. A de que não basta um altíssimo investimento financeiro, além de imagem e marketing, para fabricar campeões com constância e equilíbrio. Se fosse apenas isso, Jesus valeria menos que nada. E, na verdade, é um bom treinador – um treinador com problemas com terceiros.
in A Bola - 25 Dezembro 2010
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