Desculpas
Estava escrito: o FC Porto devia ganhar ao Benfica. A expressão pode ser excessiva a ouvidos sensíveis, mas nada fazia prever (a não ser a injustiça e a falta de lógica que a anima) que o Benfica pudesse resistir à grande qualidade do futebol portista. O problema foi o da reacção exagerada a uma derrota inteiramente normal. No dia seguinte, quando esperava que o destaque fosse concedido à vitória do FC Porto, deparo com a crucificação de Jesus nas primeiras páginas, que há semanas o davam como o grande apóstolo da revalidação do título. Essa tentativa de assassinato é injusta e estrategicamente desmiolada. Ou seja: mais uma vez, à semelhança do que aconteceu com o guarda-redes Roberto, o benfiquismo elegeu um bode expiatório – agora o treinador. O objectivo é claro e limpinho: não manchar a «marca Benfica» nem o seu trilho de más decisões histriónicas. De quem é a culpa exclusiva das primeiras derrotas do Benfica nesta época? De Roberto. O pobre homem, arrancado a um banco de suplentes tranquilo onde gozava um salário moderado e tranquilizador veio defender uma baliza desguarnecida de defesa e arcar com a enorme responsabilidade de salvar as redes benfiquistas. Que azar. Felizmente que havia Roberto, ainda por cima estrangeiro. Depois de um penalti defendido e de meia-dúzia de actuações supimpas, está reabilitado. Agora, diante da derrota com o FC Porto, o arqui-responsável é Jorge Jesus, a quem o benfiquismo pôs a carreira em perigo e o emprego à beira do fim. Será? Inventou David Luiz para segurar Hulk? Queriam quem? O cotovelo de Luizão?
2. O caminho é este: de bode expiatório em bode expiatório, até conseguir um honroso segundo ou terceiro lugar. Tudo menos reconhecer que André Villas-Boas não merecia as subtis ou alarves ironias que teve de suportar no arranque da época, tudo menos reconhecer que o providencial roubo de Hulk (na época passada) ajudou na conquista do (indiscutível) título, tudo menos reconhecer que o FC Porto está, de facto, a ocupar o seu lugar.
in A Bola - 13 Novembro 2010
2. O caminho é este: de bode expiatório em bode expiatório, até conseguir um honroso segundo ou terceiro lugar. Tudo menos reconhecer que André Villas-Boas não merecia as subtis ou alarves ironias que teve de suportar no arranque da época, tudo menos reconhecer que o providencial roubo de Hulk (na época passada) ajudou na conquista do (indiscutível) título, tudo menos reconhecer que o FC Porto está, de facto, a ocupar o seu lugar.
in A Bola - 13 Novembro 2010
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