novembro 09, 2010

Blog # 733

O Goncourt é hoje um prémio sem a vital importância de outros tempos, quando era disputado por livros efetivamente lidos. Mas a sua atribuição a Michel Houellebecq (nascido em 1956) é uma revolução na mais recente tradição literária do prémio. Houellebecq é o provocador, o politicamente incorreto, o autor ameaçado pelos radicais muçulmanos e detestado pela esquerda, o misantropo que tenta, nos seus livros, uma crítica do afecto e da ‘perda do humano’. Não faltarão, contra ele, vozes e estandartes estabelecidos sobre o preconceito. Na literatura europeia atual (um conceito inexistente) Houellebecq é um solitário talentoso, isolado, invejado e mal querido. O Goncourt reconhece, pelo menos, o seu inegável ‘direito a existir’ e a ser mencionado nas letras francesas.

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No meio das publicações sobre o centenário da República, ‘O Cidadão Keil’, de Rui Ramos (D. Quixote) merece atenção: um estudo sobre o autor do hino nacional e o seu significado no contexto do patriotismo republicano. Sai este mês.

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FRASES

"Há os Direitos Humanos e o Tibete, mas […] essas vozes são escondidas para não incomodarem." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

"Alguém deve agarrar Alegre. Ser deputado trinta e tal anos afasta qualquer um da realidade." Tomás Vasques, no blogue Hoje Há Conquilhas.

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