Somos os melhores
Não fosse Fábio Coentrão e a coisa passaria: «Portugal é um forte candidato a vencer o Mundial», foi o que disse – preto no branco – o extremo do Benfica e da selecção nacional. Isso é uma coisa; outra, inteiramente diferente, é ouvir Carlos Queiroz a dizer que a selecção não vai à África do Sul para passear. A diferença entre uma declaração e outra não põe em causa o «patriotismo» de nenhum deles, apenas serve para apontar limites à ambição e ao entusiasmo, coisas que consumimos com bastante imoderação quando se trata da velha pátria.
De repente, depois de uma campanha moderadamente feliz (a verdade é que só nos apurámos num playoff contra esse «colosso» do futebol mundial, a Bósnia, ai de nós...), não convém disparar foguetes na direcção da África do Sul. Devemos aprender alguma coisa com a moderação dos sábios: vamos à África do Sul, sim, tentar o melhor dos lugares. Não apenas «honrar a camisola», erguer a bandeira, mostrar o que há a mostrar – mas mostrar o melhor de nós. O melhor de nós devia ser a moderação, justamente, o equilíbrio emocional, e não o desvario tão entusiasta como desleixado que levámos à Coreia (lembram-se?).
Queiroz tem razão: trabalhar, trabalhar, trabalhar. E, já agora, marcar golos. Uma coisa de nada.
A França passou pelo playoff como uma velhinha gaiteira que não hesita em fazer batota às claras, o que provocou uma das maiores injustiças duplas deste apuramento: primeiro, a derrota da Irlanda; depois, a passagem da França à fase final, coisa que não merecia. Que Henry tivesse tentado, a partir de um fora-de-jogo, meter a mão à bola – admite-se. Está-lhes no sangue, aos avançados desesperados. Mas o árbitro devia ter visto, devia ter expulso Henry e devia ter mandado a França para o balneário, com o nariz levantado e a honra ferida.
No futebol, há derrotas que nos dão alento. As da França estão entre as que conferem mais felicidade ao espectador; mesmo quando são imerecidas. Há, naquele futebol manhoso (mais manhoso do que o da Itália, apesar de tudo) e delapidado, um apelo à antipatia. Espero que não passe da primeira fase. Nem a França nem, aliás, Platini.
in A Bola - 22 Novembro 2009
De repente, depois de uma campanha moderadamente feliz (a verdade é que só nos apurámos num playoff contra esse «colosso» do futebol mundial, a Bósnia, ai de nós...), não convém disparar foguetes na direcção da África do Sul. Devemos aprender alguma coisa com a moderação dos sábios: vamos à África do Sul, sim, tentar o melhor dos lugares. Não apenas «honrar a camisola», erguer a bandeira, mostrar o que há a mostrar – mas mostrar o melhor de nós. O melhor de nós devia ser a moderação, justamente, o equilíbrio emocional, e não o desvario tão entusiasta como desleixado que levámos à Coreia (lembram-se?).
Queiroz tem razão: trabalhar, trabalhar, trabalhar. E, já agora, marcar golos. Uma coisa de nada.
A França passou pelo playoff como uma velhinha gaiteira que não hesita em fazer batota às claras, o que provocou uma das maiores injustiças duplas deste apuramento: primeiro, a derrota da Irlanda; depois, a passagem da França à fase final, coisa que não merecia. Que Henry tivesse tentado, a partir de um fora-de-jogo, meter a mão à bola – admite-se. Está-lhes no sangue, aos avançados desesperados. Mas o árbitro devia ter visto, devia ter expulso Henry e devia ter mandado a França para o balneário, com o nariz levantado e a honra ferida.
No futebol, há derrotas que nos dão alento. As da França estão entre as que conferem mais felicidade ao espectador; mesmo quando são imerecidas. Há, naquele futebol manhoso (mais manhoso do que o da Itália, apesar de tudo) e delapidado, um apelo à antipatia. Espero que não passe da primeira fase. Nem a França nem, aliás, Platini.
in A Bola - 22 Novembro 2009
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