março 20, 2008

Blog # 54

Ninguém pediu a José Sócrates para reformar o País, é verdade. Lembrem-se da campanha eleitoral de há três anos e enumerem os apelos reformistas do actual primeiro-ministro. Quantos? Muito poucos. Não era despropositado – na altura, Barroso e Santana Lopes tinham destroçado o ânimo aos portugueses com o discurso sobre a tanga, cheio de ameaças e de promessas de castigo, com efeitos desastrosos. Sócrates limitou-se a prometer o essencial: que iria governar com competência, que as escolas abriam a horas e que o lixo seria recolhido. Coisas elementares. Para retomar a classificação de Agustina Bessa-Luís, ele seria o ‘homem comum no poder’. Mas Sócrates não contava com o País neste estado. Ao meter mãos à obra, teve de fazer o que se vê; para efeitos políticos, a Direita ficou de mãos a abanar: tudo o que defendera, Sócrates fez. Resta-lhe muito pouca margem de manobra, mas falta-lhe sobretudo inteligência para não parecer órfã de si mesma, abandonada à má-sorte.

Etiquetas: