março 06, 2008

Blog # 44

Basta atravessarmos uma ‘onda de crimes’ para logo aparecerem estudos que garantem que a criminalidade não aumentou. Tiro e queda, salvo seja. Anteontem, como se esperava, lá foram apresentados os números de mais um ‘observatório’ que tem ‘acompanhado a situação’. A fase seguinte seria, logicamente, encabeçada por uma douta reflexão sobre a necessidade de não reagir ‘a quente’. Foi por isso que o ministro da Justiça anunciou que confia na Polícia Judiciária e que se prepara mais legislação. Esse é um golpe baixo, caro Alberto Costa. Mais legislação? Os bandidos estão encurralados. Com essa novidade, eles tremem, do Minho ao Algarve. Mas há uma terceira reacção; ainda não apareceu à luz do dia, mas calculo que se prepara: um sociólogo, ou equiparado, virá dizer que a culpa deve ser atribuída à imprensa, que dá espaço a mais aos crimes que têm vindo a correr. Nessa perspectiva, a imprensa não deve pingar sangue; devia, para proteger as instituições, pingar mentira.

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Apesar de tudo, o líder do PSD declarou isto com ar sério: “O PSD ainda não merece ser Governo, o PS já não merece ser Governo.” Entre uma coisa e outra, fica ali um espaço para preencher. É aquilo que Menezes chama “um vazio complicado”. Está a ser optimista. Na verdade, é esse o estado geral do País desde há uns tempos.

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A jornalista Anabela Natário começou a publicar (no Círculo de Leitores) a série ‘Portuguesas com História’ – retratos de mulheres ilustres. Muito bem escrita. Já saíram os dois primeiros volumes.

Fundamental: ‘Os Homens do Terror’, de H. Magnus Enzensberger (Sextante), ensaio sobre o terrorismo contemporâneo.

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FRASES

"Não temos carros-patrulha para nos deslocarmos aí." Agente da PSP depois de um assalto, ontem no ‘CM’

"Ou o PS faz uma demonstração de rua que deixa o País de boca aberta ou é o PS que fica de boca aberta." Tomás Vasques, no blogue Hoje Há Conquilhas

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