março 10, 2008

Blog # 46

O passado é uma armadilha e invocá-lo como garantia de pureza democrática é porta aberta para a desgraça. Parece que uns arruaceiros chamaram “fascista” ao ministro Santos Silva. Coisa imbecil. Mas o ex-sociólogo Santos Silva, o mesmo que anunciava um golpe de estado caso Cavaco ganhasse as eleições, tentou ali separar as águas, falando dos heróis da liberdade em 1975, como Soares, Alegre ou Zenha. Nesses anos, Santos Silva queria com toda a certeza uma ditadura do proletariado e, quanto a esses homens, deve tê-los insultado, como era da regra. Maria de Lurdes Rodrigues, a actual ministra da Educação, era, nos finais da década de oitenta, redactora da revista ‘A Ideia’, de “cultura e pensamento anarquista”, e na época devia pensar o contrário daquilo que hoje propõe. Os arquivos estão cheios desses textos. Não vem daí grande mal; as pessoas evoluem, às vezes melhoram, ou basta que mudem. Mas é pena que conservem, lá no fundo, os tiques da época.

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Nada contra a linguagem especializada ou académica, mas custa a acreditar que o prof. Mário Pinto, da Universidade Fernando Pessoa, não tenha encontrado melhor título para um estudo sobre Agustina Bessa-Luís do que ‘Da Plurivocidade Vocabular em Agustina aos Galimatias do Medialecto’. O livro é lançado por estes dias.

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Até 2028, o espólio literário de António Lobo Antunes estará em Torres Novas, num "contrato de comodato" com a Câmara local. Daqui a vinte anos se verá.

'O Código do Alquimista', de Philip Kerr (edição Asa), é uma das boas novidades na ficção de fim-de-semana. Um romance a escolher para o próximo sábado.

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FRASES

"Vou deixar as pessoas completamente perplexas." José Sá Fernandes, vereador da CML, ontem no ‘CM’

"Não tirar a lição política devida para não ceder à ‘rua’ é alimentar a ‘rua’..." João Tunes, no blogue Água Lusa

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