março 11, 2008

Blog # 47

É certo que se trata de futebol, assunto a que se deve dar um crédito de noventa minutos. Mas a forma como José Antonio Camacho se despediu na noite de domingo foi honesta e serena; além disso, foi também uma lição de dignidade. Poucos poderiam fazê-lo desta forma, sem atirar culpas para cima de outros ou sem mencionar “as condições” (que, como se sabe, quase nunca estão reunidas no nosso país). Camacho já tinha estreado uma nova forma de justificar alguns resultados do seu clube ao mencionar que “a bola não entra”, uma evidência indesmentível que não era apenas candura – era também verdade. Desta vez, no seu adeus ao Benfica, Camacho disse mais coisas evidentes: que não conseguiu entusiasmar os jogadores, que eles andavam desanimados e que era melhor contratarem outro treinador. Dito assim, o assunto deixa de ser futebol e passa a ser matéria de carácter. Comparando com o que se diz nestas ocasiões nos nossos estádios, resulta que Camacho é um cavalheiro.

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Luís Filipe Menezes tem uma tese curiosa sobre o seu lugar na política e no coração dos portugueses: o povo ama-o e votará nele, na proporção inversa à crítica que recebe das “elites” e da imprensa. Mas convém não confundir coisas que são distintas. Um exemplo? O povo aprecia pantomineiros, mas não gosta deles no Governo.

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