março 07, 2008

Blog # 45

A UE pretende cercar o Liechtenstein, o Mónaco, Andorra ou a Suíça. Não com militares, mas com “medidas fiscais”, porque parece que há muita gente que coloca lá o seu dinheiro, fora do alcance dos caçadores de impostos. A Europa pensa, ainda, que é o centro do Mundo e que pode controlar o resto do universo a partir de Bruxelas. Em questão estão os impostos sobre a poupança, e haverá mais uma directiva europeia. Os cavalheiros esquecem o essencial: é da natureza humana fugir-lhes. Que cerquem a Suíça ou o Liechtenstein e aparecerão outras ilhas no meio do deserto: em Singapura, em Hong Kong, na Tailândia ou na Indonésia, onde o mundo do dinheiro está a mudar-se a uma velocidade maior do que em Bruxelas. Claro que há “grandes fortunas” e “grandes negócios”, mas um dia os europeus – quando se lhes acabar o “estado social” – vão perguntar-se o que faz a Europa com os seus impostos. Com os meus e os seus. Para onde vai esse dinheiro? Não haverá directiva que os salve.

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Rajoy e Zapatero devolveram a Espanha à Guerra Civil. Ou seja, à sua memória, às suas exclusões e aos seus traumas. O sorriso acrílico de Zapatero e a falta de senso de Rajoy parecem fascinar os apostadores de sondagens mas deixam atrás de si um deserto. Estão bem um para o outro e fazem ter saudades de Felipe ou até de Aznar.

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Literaturas de África: veja-se ‘Hinyambaan’, do moçambicano João P. B. Coelho, uma ‘novela burlesca’ (edição Caminho) com sul-africanos a viajar em Moçambique.

Mário Beja Santos recorda a sua guerra em ‘Diário da Guiné, 1968-1969’ (Temas e Debates). Para quem esteve lá, é um documento. E para quem não, é um retrato.

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FRASES

"Um assassinato em Lisboa ‘é um caso isolado’ e um acidente no Porto é uma ‘suspeita de crime’" Rogério Gomes, ontem no CM

"Um suicida suicida-se e depois de suicidado continua a suicidar-se. Tudo num total de três facadas" Joana Carvalho Dias no blogue Hole Horror

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