dezembro 29, 2007

Revisão da matéria dada

1. Balanços soltos – é a época deles. Vanessa Fernandes, evidentemente, que esteve em todos os palcos. Nelson Évora. José Bosingwa e Ariza Makukula provaram que não é preciso acordo ortográfico para terem nomes destes, portuguesíssimos, na senda do que já demonstrara Obikwelo. É o ano da multiplicação dos nomes. Mas vejam-se estes, de seguida.

2. O de Cristiano Ronaldo, por exemplo. Ronaldo é génio puro, talento, brilho, inocência. No seu pior, desculpa-se em nome daquele sorriso de miúdo. Durante um ano, os “scolarinianos” odiaram-no, porque ele “não jogava para a equipa”, e o mestre (Scolari) chegou a afrontá-lo, dizendo que Nani é que era, Ronaldo não ia lá, era uma criança. É verdade: é uma criança cheia de talento. Odiado porque namorava com loiras exuberantes, porque queria a bola só para ele, porque “não jogava para a equipa” (o Manchester nunca se queixou), porque era preciso invejá-lo e baixar-lhe o nível de brilho – para se parecer mais com a merda do futebolinho luso. Na verdade, ele é o melhor. É uma figura do ano.

3. O do FC Porto, campeão nacional. Contra a “imprensa” desportiva e contra a opinião da larguíssima maioria dos portugueses, o que é saboroso. Se fosse por votos e televotos, o FC Porto seria afastado. Mas futebol é no relvado. Bola mesmo. “Vai buscar” – é a essência do futebol.

4. O de Quaresma, claro. Outro caso de génio puro, de talento, de sabor do risco. Valdano citava-o como capaz de fazer coisas estranhas, próximas do talento puro. Mas Quaresma é um solista notável e objecto de inveja, quando não de racismo, por ser cigano. Trivela é coisa dele.

5. O do Sporting. O Sporting joga, joga, joga – e dá sinais de uma fragilidade que é injusta para Paulo Bento e para três ou quatro talentos do seu balneário. Mas ainda há muito campeonato.

6. O de OPA. Berardo anunciou uma Opa sobre o Benfica. Não resultou mas alguém ganhou com a especulação. Depois, “alguns chineses” iriam fazer uma Opa sobre o Benfica. Não se fez, mas as acções melhoraram a vida de alguém. A CMVM estava onde? Ou ninguém quer o Benfica?

7. O de justiça. O guarda-redes do AC Milan simulou ter sido agredido e foi punido exemplarmente com vários jogos de suspensão por ter encenado aquela pequena tirada de teatro no jogo com o Celtic.

8. Os Lobos, fantásticos – perderam todos os jogos, mas que importa. No mundo do futebol mariquinhas onde todos se magoam e todos aterram no chão, os nossos heróis do “rugby” entraram no Mundial, olharam de frente os All Blacks, fizeram suar os escoceses e provaram era possível. A forma como a rapaziada cantava o hino nacional antes de cada jogo era uma espécie de reabilitação da pátria, medricas e faceira. Tão cedo não os esqueceremos.

in Topo Norte - Jornal de Notícias – 29 Dezembro 2007

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