Ir à Madeira para mostrar as mazelas
1. Depois da tentativa ciclística de Lisandro López aos 53 minutos do jogo de ontem contra o Nacional, e reflectindo bem, tentei esquecer o que viria a seguir. Não porque discuta as dioptrias de Jesualdo Ferreira ao avaliar o modo como redesenhou tarde o tabuleiro deste F. C. Porto, mas porque percebi o que viria a seguir. O que veio foi o remate de Lipatin, e o 1 -O, no meio de alguns insultos que enviei a Hélder Postiga. Porquê? Porque as câmaras de televisão o mostraram. Postiga é um jogador peculiar. Em primeiro lugar, irrita-me. Em segundo lugar, desilude bastante. Basicamente, se marca um golo é porque marca um golo; se não marca é porque não consegue marcar. Como não tenho propósitos pedagógicos posso insultar à vontade. Ontem foi Postiga. Mas também poderiam ser outros (os buracos de Lisandro, por exemplo), só que não o merecem tanto. O facto de Quaresma e Tarik não terem jogado não justifica que tenhamos de fazer esta pergunta fatal e cheia de más intenções: o que foi Postiga lá fazer? Nada. Moer-nos a paciência.
2. O Nacional fez um bom jogo útil. Ainda antes de terminar a partida, eu poderia escrever com à-vontade e tranquilidade: fez um bom jogo. Imobilizou o campeão nacional, cresceu por duas ou três vezes em contra-ataque, explorou as debilidades do meio-campo do F. C. Porto, cresceu com humildade ao longo da primeira parte. Fez bem. Fez o que lhe competia. Não quis ganhar por mais porque não pôde. Como não é depreciativo ganhar a repolhos coxos e com pernas, o Nacional contentou-se com a vantagem mínima. Aliás, o festival de bolas falhadas por parte do F. C. Porto não me comove.
3. E agora, a maldade (só agora, notem bem): quando o F. C. Porto perde desta maneira, notam-se muito bem as suas debilidades. Porque quando perde, é por falta de brio que perde. Dá pena.
4. Ao fim de quase duas semanas em que não se falava de outra coisa, o Benfica não trouxe Delgado do México. Se fosse qualquer outro clube, coraria de vergonha depois de montar esta "operação mariachi". Como é o Benfica, a "imprensa" desportiva remata ao lado, ciosa do seu mealheiro. Todos não seremos demais para salvar o Benfica.
5. E, agora, Paulo Bento suspenso. A pena não é despropositada, mas revela a pequena pasmaceira portuguesa, que permitiu que o processo se arrastasse durante três meses. Ao fim de três meses, a justiça desportiva veio recordar-nos o caso (o discurso era equilibrado, valha-nos isso); mas andou este tempo a fazer o quê?
in Topo Norte, Jornal de Notícias – 22 Dezembro 2007
2. O Nacional fez um bom jogo útil. Ainda antes de terminar a partida, eu poderia escrever com à-vontade e tranquilidade: fez um bom jogo. Imobilizou o campeão nacional, cresceu por duas ou três vezes em contra-ataque, explorou as debilidades do meio-campo do F. C. Porto, cresceu com humildade ao longo da primeira parte. Fez bem. Fez o que lhe competia. Não quis ganhar por mais porque não pôde. Como não é depreciativo ganhar a repolhos coxos e com pernas, o Nacional contentou-se com a vantagem mínima. Aliás, o festival de bolas falhadas por parte do F. C. Porto não me comove.
3. E agora, a maldade (só agora, notem bem): quando o F. C. Porto perde desta maneira, notam-se muito bem as suas debilidades. Porque quando perde, é por falta de brio que perde. Dá pena.
4. Ao fim de quase duas semanas em que não se falava de outra coisa, o Benfica não trouxe Delgado do México. Se fosse qualquer outro clube, coraria de vergonha depois de montar esta "operação mariachi". Como é o Benfica, a "imprensa" desportiva remata ao lado, ciosa do seu mealheiro. Todos não seremos demais para salvar o Benfica.
5. E, agora, Paulo Bento suspenso. A pena não é despropositada, mas revela a pequena pasmaceira portuguesa, que permitiu que o processo se arrastasse durante três meses. Ao fim de três meses, a justiça desportiva veio recordar-nos o caso (o discurso era equilibrado, valha-nos isso); mas andou este tempo a fazer o quê?
in Topo Norte, Jornal de Notícias – 22 Dezembro 2007
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