Algumas coisas divertidas
1. Começou o campeonato, regressou o hooligan. Eu. Vai ser uma época fatal. O Benfica já é campeão e do Mondego para o norte as prisões estão a abarrotar.
2. Mas isto acontece depois de uma semana divertida que se traduziu no afastamento de um treinador benfiquista, mas mal amado, por um treinador madridista, mas bem amado. Fernando Santos, ou melhor, a cabeça de Fernando Santos, foi servida à multidão como o bode expiatório de todos os males do Benfica – num só dia, o clube trouxe Camacho, pôs milhares no campo de treinos, encheu de pontos de exclamação as primeiras páginas de "A Bola" e do "Record" e fez esquecer que Santos não era o culpado daquilo que Nuno Gomes quis denunciar mas não denunciou. A SAD benfiquista, a mesma que anunciou que tinha oitenta milhões para gastar em dois ou três jogadores, foi a responsável pela entrega de algumas das melhores peças – não foi Santos. Mas da fama ninguém o livra. O Benfica (ou seja, L.F. Vieira) pode estar-lhe grato: a sua melancolia impede-o de protestar contra o clube do seu coração. Não tem de estar surpreendido. O pesadelo já passou.
3. Nuno Gomes falou depois do jogo contra o Leixões; percebeu-se o que ele queria dizer. Como se sabe, não sou propriamente um fã do futebol de Nuno; ele pode ser bom a marcar golos mas foi, seguramente, e só com estas declarações, um campeão de más oportunidades. Chutou, mas o jogo já estava decidido.
4. Dois leitores perguntam-me: se às vezes escreve o que escreve sobre o Benfica, por que razão às vezes escreve sobre o Benfica? Só uma resposta: porque é divertido.
5. Outra coisa divertida é escrever o seguinte: "A Arménia, esse colosso." Há quem pense que não se deve brincar com as desgraças da selecção nacional. Pelo contrário, eu acho que só se deve brincar. O leitor já tinha percebido, quando Scolari anunciou que o relvado de Erevan era tramado. Depois do relvado, outra desgraça: o jogo. Aqui vai um brinde aos pequenos flibusteiros que perseguiam todo e qualquer cidadão que tivesse dúvidas sobre Scolari. Afinal de contas, ele não é a Nossa Senhora do Caravaggio. É um homem como os outros. Tivessem mencionado isso e tudo se compreenderia. Até eu lhe dava uma palmada nas costas.
6. Lendo a imprensa da semana, também é divertido ver como, nos jornais "da cor" (eles sabem que seis milhões de leitores aos saltos são melhor negócio do que seis milhões deprimidos - só eu e os psiquiatras gostamos de ver multidões em depressão), se desvalorizou a vitória do F. C. Porto em Braga. Para a generalidade da rapaziada, foi Quaresma que ganhou o jogo, inteirinho, contra o Braga. Eles nunca cedem às evidências para que as evidências não prejudiquem a sua felicidade. Mas numa coisa eles têm razão: o segundo golo de Quaresma não é deste mundo.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 25 Agosto 2007
2. Mas isto acontece depois de uma semana divertida que se traduziu no afastamento de um treinador benfiquista, mas mal amado, por um treinador madridista, mas bem amado. Fernando Santos, ou melhor, a cabeça de Fernando Santos, foi servida à multidão como o bode expiatório de todos os males do Benfica – num só dia, o clube trouxe Camacho, pôs milhares no campo de treinos, encheu de pontos de exclamação as primeiras páginas de "A Bola" e do "Record" e fez esquecer que Santos não era o culpado daquilo que Nuno Gomes quis denunciar mas não denunciou. A SAD benfiquista, a mesma que anunciou que tinha oitenta milhões para gastar em dois ou três jogadores, foi a responsável pela entrega de algumas das melhores peças – não foi Santos. Mas da fama ninguém o livra. O Benfica (ou seja, L.F. Vieira) pode estar-lhe grato: a sua melancolia impede-o de protestar contra o clube do seu coração. Não tem de estar surpreendido. O pesadelo já passou.
3. Nuno Gomes falou depois do jogo contra o Leixões; percebeu-se o que ele queria dizer. Como se sabe, não sou propriamente um fã do futebol de Nuno; ele pode ser bom a marcar golos mas foi, seguramente, e só com estas declarações, um campeão de más oportunidades. Chutou, mas o jogo já estava decidido.
4. Dois leitores perguntam-me: se às vezes escreve o que escreve sobre o Benfica, por que razão às vezes escreve sobre o Benfica? Só uma resposta: porque é divertido.
5. Outra coisa divertida é escrever o seguinte: "A Arménia, esse colosso." Há quem pense que não se deve brincar com as desgraças da selecção nacional. Pelo contrário, eu acho que só se deve brincar. O leitor já tinha percebido, quando Scolari anunciou que o relvado de Erevan era tramado. Depois do relvado, outra desgraça: o jogo. Aqui vai um brinde aos pequenos flibusteiros que perseguiam todo e qualquer cidadão que tivesse dúvidas sobre Scolari. Afinal de contas, ele não é a Nossa Senhora do Caravaggio. É um homem como os outros. Tivessem mencionado isso e tudo se compreenderia. Até eu lhe dava uma palmada nas costas.
6. Lendo a imprensa da semana, também é divertido ver como, nos jornais "da cor" (eles sabem que seis milhões de leitores aos saltos são melhor negócio do que seis milhões deprimidos - só eu e os psiquiatras gostamos de ver multidões em depressão), se desvalorizou a vitória do F. C. Porto em Braga. Para a generalidade da rapaziada, foi Quaresma que ganhou o jogo, inteirinho, contra o Braga. Eles nunca cedem às evidências para que as evidências não prejudiquem a sua felicidade. Mas numa coisa eles têm razão: o segundo golo de Quaresma não é deste mundo.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 25 Agosto 2007
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