Eles passam-se frequentemente
1. O chamado mercado de Inverno reedita as romarias de contratações por confirmar. Não se pode pedir mais: quem não tem dinheiro não pode manter vícios e o foguetório de contratações falhadas é sempre muito mais barato. Convinha que nos entendêssemos: no futebol português o dinheiro não abunda (ao contrário do parlapié) e, para os devidos efeitos, ainda bem. Resta a propaganda.
2. Houve um mini-debate sobre a paragem de Natal e Ano Novo; de facto, a paragem é prejudicial para toda a gente, a começar pelo próprio futebol, que tem dois arranques sucessivos – um, até Outubro, para afinar a pontaria; outro até ao Carnaval para voltar a afiná-la. Só se compreenderia este festival de paragens absurdas se nevasse abundantemente nos estádios (como no Leste europeu), ou se todos os jogadores multiplicassem a Missa do Galo durante a quadra. Como isso não acontece, pelo menos vêem-se os jogos da Liga inglesa durante "a quadra" – o que constitui uma vantagem, vá lá.
3. Lamento confirmar o que tinha aqui escrito: o principal prejudicado pelo "caso Nuno Assis" foi o próprio jogador. O Benfica conduziu-o a esta situação: desacreditou-o publicamente, servindo-se dele para os seus jogos de política; não impediu a suspensão que era inevitável. E a Federação devia ser também interrogada pelo prejuízo causado ao jogador e por se ter feito cúmplice disto tudo.
4. O presidente do Benfica acha que há uma conspiração socialista contra o clube; parece que a detenção de Vale e Azevedo ocorreu durante um governo do PS (se bem que um dos juízes fosse benfiquista). Infelizmente, para contrariar, Sócrates é benfiquista como Guterres era benfiquista. Acresce dizer que Marques Mendes é benfiquista e Jerónimo de Sousa também. Mais: Ribeiro e Castro é benfiquista e Francisco Louçã também. O regime é benfiquista, tal como o Benfica já foi "o clube do regime". De qualquer modo, o anterior presidente da agremiação, para dar razão a esta guerra, foi em tempos apresentar-se a um comício do PSD jurando fidelidade a Durão Barroso em nome do Benfica. Eles passam-se frequentemente, lá pela Luz.
5. Uma lição, "o caso José Veiga". Na altura escrevi aqui que o personagem não me era simpático e que a sua gramática era defeituosa – mas que nada permitia o arraial televisivo sobre o arresto dos seus bens nem o julgamento na praça pública pelos moralistas do costume. E chamei a atenção para o facto de o caso estar mal explicado. Continua, aliás, mal explicado – mas há contornos grotescos a desenharem-se à volta das saídas e entradas de João Vieira Pinto.
6. Continua a minha campanha pessoal a propósito de Diego, o que veio do Brasil, estagiou no F. C. Porto e, graças a Co Adriaanse, rumou para Bremen: foi considerado o jogador mais decisivo da equipa. Será difícil esquecer o "molho holandês" – continuo a dizer que Adriaanse deveria indemnizar os adeptos do F. C. Porto, que agora se vão contentar com o Diego que vem do Penafiel. Oxalá compense.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 6 Janeiro 2007
2. Houve um mini-debate sobre a paragem de Natal e Ano Novo; de facto, a paragem é prejudicial para toda a gente, a começar pelo próprio futebol, que tem dois arranques sucessivos – um, até Outubro, para afinar a pontaria; outro até ao Carnaval para voltar a afiná-la. Só se compreenderia este festival de paragens absurdas se nevasse abundantemente nos estádios (como no Leste europeu), ou se todos os jogadores multiplicassem a Missa do Galo durante a quadra. Como isso não acontece, pelo menos vêem-se os jogos da Liga inglesa durante "a quadra" – o que constitui uma vantagem, vá lá.
3. Lamento confirmar o que tinha aqui escrito: o principal prejudicado pelo "caso Nuno Assis" foi o próprio jogador. O Benfica conduziu-o a esta situação: desacreditou-o publicamente, servindo-se dele para os seus jogos de política; não impediu a suspensão que era inevitável. E a Federação devia ser também interrogada pelo prejuízo causado ao jogador e por se ter feito cúmplice disto tudo.
4. O presidente do Benfica acha que há uma conspiração socialista contra o clube; parece que a detenção de Vale e Azevedo ocorreu durante um governo do PS (se bem que um dos juízes fosse benfiquista). Infelizmente, para contrariar, Sócrates é benfiquista como Guterres era benfiquista. Acresce dizer que Marques Mendes é benfiquista e Jerónimo de Sousa também. Mais: Ribeiro e Castro é benfiquista e Francisco Louçã também. O regime é benfiquista, tal como o Benfica já foi "o clube do regime". De qualquer modo, o anterior presidente da agremiação, para dar razão a esta guerra, foi em tempos apresentar-se a um comício do PSD jurando fidelidade a Durão Barroso em nome do Benfica. Eles passam-se frequentemente, lá pela Luz.
5. Uma lição, "o caso José Veiga". Na altura escrevi aqui que o personagem não me era simpático e que a sua gramática era defeituosa – mas que nada permitia o arraial televisivo sobre o arresto dos seus bens nem o julgamento na praça pública pelos moralistas do costume. E chamei a atenção para o facto de o caso estar mal explicado. Continua, aliás, mal explicado – mas há contornos grotescos a desenharem-se à volta das saídas e entradas de João Vieira Pinto.
6. Continua a minha campanha pessoal a propósito de Diego, o que veio do Brasil, estagiou no F. C. Porto e, graças a Co Adriaanse, rumou para Bremen: foi considerado o jogador mais decisivo da equipa. Será difícil esquecer o "molho holandês" – continuo a dizer que Adriaanse deveria indemnizar os adeptos do F. C. Porto, que agora se vão contentar com o Diego que vem do Penafiel. Oxalá compense.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 6 Janeiro 2007
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