O Grêmio, Scolari e o futebol que ganha
1. O grande mérito da França foi o de ter conseguido equilibrar-se até eliminar um Brasil medíocre e cheio de estrelas. Por isso, agora, os franceses dizem que Portugal tem um futebol trapalhão. Eu admitia o reparo se ele viesse de alguém que jogasse futebol que se entendesse e não de uma equipa sem laterais e assente na defesa. Mas a França joga muito como Portugal, com a diferença que tem Henry, Vieira e Zidane, exactamente. Que o futebol de Portugal não é "bonito", ninguém discorda (sim, eu sei, os que faziam "futebol bonito" estão eliminados). Mas tem sido o mais pragmático de todos, como um bloco, o mais eficaz. E os vários deuses da sorte também têm ajudado. O que a França está a fazer é simples: envia recados sobre a hipótese de uma derrota depois de ter sacrificado o Brasil.
2. Para que serve o futebol? Para ganhar. Não vejo outro motivo tão evidente e tão claro. Também serve para "jogar bonito", se o "jogo bonito" resultar em golos. Eu gostava da Espanha a jogar, mas a França trapalhona mostrou que Cesc, Torres e Raúl não conseguiram ser eficazes. Por isso eu apreciava muito o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, e dos jogos que terminavam com nove em campo - mas felizes depois de uma vitória. Scolari foi buscar Jardel ao banco do Vasco e sabia que ele jogava mal com os pés (era vaiado até quando se sentava no banco de suplentes), mas pôs a equipa a jogar para a cabeça do cearense (o talento que depois Veiga destruiu) e Jardel marcava golos de uma elegância forçada - mas eficaz. Scolari pensa que Nossa Senhora do Caravaggio e as velas que acendia a Santo António eram responsáveis; problema dele; em campo, o Grêmio portava-se como se tivesse a santa e o santo a empurrá-los e a justificar aquele género de futebol. Jogo de gana. Duro. Tal como o Grêmio, Portugal tem uma boa dose de cartões amarelos e de manhas praticadas com bom "timing".
Os franceses não viram o Grêmio jogar; julgam que a vitória do Brasil em 2002 se deve apenas à equipa de estrelas magníficas - e desconhecem o pragmatismo de Scolari, fatal nestas fases de competição.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 5 Julho 2006
2. Para que serve o futebol? Para ganhar. Não vejo outro motivo tão evidente e tão claro. Também serve para "jogar bonito", se o "jogo bonito" resultar em golos. Eu gostava da Espanha a jogar, mas a França trapalhona mostrou que Cesc, Torres e Raúl não conseguiram ser eficazes. Por isso eu apreciava muito o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, e dos jogos que terminavam com nove em campo - mas felizes depois de uma vitória. Scolari foi buscar Jardel ao banco do Vasco e sabia que ele jogava mal com os pés (era vaiado até quando se sentava no banco de suplentes), mas pôs a equipa a jogar para a cabeça do cearense (o talento que depois Veiga destruiu) e Jardel marcava golos de uma elegância forçada - mas eficaz. Scolari pensa que Nossa Senhora do Caravaggio e as velas que acendia a Santo António eram responsáveis; problema dele; em campo, o Grêmio portava-se como se tivesse a santa e o santo a empurrá-los e a justificar aquele género de futebol. Jogo de gana. Duro. Tal como o Grêmio, Portugal tem uma boa dose de cartões amarelos e de manhas praticadas com bom "timing".
Os franceses não viram o Grêmio jogar; julgam que a vitória do Brasil em 2002 se deve apenas à equipa de estrelas magníficas - e desconhecem o pragmatismo de Scolari, fatal nestas fases de competição.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 5 Julho 2006
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