Questões de táctica, técnica e estratégia
1. Buzinadelas para muitos dos adeptos, tratava-se de festejar a passagem aos quartos-de-final, uma "proeza" que a selecção portuguesa não conseguia obter em Mundiais desde 1966. São 40 anos. Depois do espectáculo pouco edificante de há quatro anos, os resultados deste Mundial são o contraste absoluto: quatro vitórias em torneio e quartos-de-final na mão. Mas pelo meio houve a "campanha" do Euro 2004. A fasquia subiu, necessariamente. Depois dos investimentos que foram feitos (estádios, marketing, dinheiro vivo, fanatismo patriótico, treinador de luxo, por exemplo), a fasquia teria de estar mais alta. Está. Em 1966, os "magriços" foram uma surpresa no futebol mundial - nasceu a lenda de Eusébio num torneio que castigou o Brasil (que ganhara em 1958 e em 1962) e que foi roubado (literalmente) pela Inglaterra. Em 2006, portanto, sonhar com as meias-finais não parece extraordinário, se é verdade o que a selecção e a federação dizem: que é um lote de bons jogadores, que "as condições" estão reunidas, que os antipatriotas serão fuzilados. Ganhar ao futebol inglês é uma coisa - mas a selecção inglesa tem um futebolzinho alimentado por quatro bons jogadores e um esquema táctico medíocre, e é possível.
2. Se, depois da batalha campal do Portugal-Holanda nós tivéssemos perdido o jogo, Costinha, Figo e até Deco teriam sido crucificados. Injustamente, é claro - mas crucificados de um jogo em que o trabalho de Ricardo Carvalho, Miguel e Meira saiu discreto - mas fundamental.
3. Foi um jogo à Grémio de Porto Alegre nos tempos de Scolari cotovelaço, joelhaço, dedo no olho, fractura exposta. Num jogo com a Roma, Felipão chegou até a estender o pé para que o fiscal-de-linha tropeçasse. Os holandeses caíram que nem patinhos. Num treino do Palmeiras, que treinou episodicamente, o eixo civilizadinho do futebol ficou chocado por aquilo que Scolari disse no balneário: "Na hora do 'bem-bom', não tem ninguém para dar um pontapé, um cascudo, uma cutucada!" Em Nuremberga não teve de que se queixar.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 27 Junho 2006
2. Se, depois da batalha campal do Portugal-Holanda nós tivéssemos perdido o jogo, Costinha, Figo e até Deco teriam sido crucificados. Injustamente, é claro - mas crucificados de um jogo em que o trabalho de Ricardo Carvalho, Miguel e Meira saiu discreto - mas fundamental.
3. Foi um jogo à Grémio de Porto Alegre nos tempos de Scolari cotovelaço, joelhaço, dedo no olho, fractura exposta. Num jogo com a Roma, Felipão chegou até a estender o pé para que o fiscal-de-linha tropeçasse. Os holandeses caíram que nem patinhos. Num treino do Palmeiras, que treinou episodicamente, o eixo civilizadinho do futebol ficou chocado por aquilo que Scolari disse no balneário: "Na hora do 'bem-bom', não tem ninguém para dar um pontapé, um cascudo, uma cutucada!" Em Nuremberga não teve de que se queixar.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 27 Junho 2006
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