Portugal jogou com 13
1. Assim vale a pena, mesmo que os holandeses protestem o jogo pelo facto de Portugal ter jogado sempre com dois jogadores a mais - Scolari aos berros em Nuremberga e Na Sa do Caravaggio a fazer figas em Farroupilha, lá na serra gaúcha. Portugal jogou com 13. Eu gostei: um jogo em que Petit é agredido constitui para mim novidade (só estava habituado ao contrário) e Simão a dar quatro voltas sobre a bola antes de marcar uma falta é um espectáculo para se ver.
Compreendam-me: enquanto se trata de jogar, muito bem, eu sou um espectador civilizado; quando se trata de ganhar e de eliminar a Holanda ou a Inglaterra, convoco as armas que me apetecer. Pelo menos não fico com aquela camiseta justinha e irritante vestida pelo Van Basten. Na verdade, fizemos bastante antijogo de forma talentosa, o árbitro foi uma abécula, o Deco foi expulso injustamente por aquele Ivanov assustadiço, Miguel esteve bem, Figo foi um valente, o golo de Maniche fez-me insultar o F.C. Porto por tê-lo deixado partir (bem como a Costinha, claro), e gostei de ver Scolari aos berros – nada daquele ar civilizado do Van Basten, hirto e genial, vendo a Holanda ser inferior em campo.
Há muito tempo que não me divertia tanto a ver um jogo. Todos os meus piores instintos vieram à tona, do riso escarninho até à gargalhada diante de eventuais fracturas expostas.
2. Imagem perfeita: Deco e Gio, expulsos, sentados a parlamentar. Quando Tiago falhou o golo, Deco levanta-se, de um pulo; Gio ficou sentado, preso ao banco. É isso o futebol: uns ganham, outros ficam naquele limbo da humilhação, coisa que acontece frequentemente quando os holandeses jogam com Portugal.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 26 Junho 2006
Compreendam-me: enquanto se trata de jogar, muito bem, eu sou um espectador civilizado; quando se trata de ganhar e de eliminar a Holanda ou a Inglaterra, convoco as armas que me apetecer. Pelo menos não fico com aquela camiseta justinha e irritante vestida pelo Van Basten. Na verdade, fizemos bastante antijogo de forma talentosa, o árbitro foi uma abécula, o Deco foi expulso injustamente por aquele Ivanov assustadiço, Miguel esteve bem, Figo foi um valente, o golo de Maniche fez-me insultar o F.C. Porto por tê-lo deixado partir (bem como a Costinha, claro), e gostei de ver Scolari aos berros – nada daquele ar civilizado do Van Basten, hirto e genial, vendo a Holanda ser inferior em campo.
Há muito tempo que não me divertia tanto a ver um jogo. Todos os meus piores instintos vieram à tona, do riso escarninho até à gargalhada diante de eventuais fracturas expostas.
2. Imagem perfeita: Deco e Gio, expulsos, sentados a parlamentar. Quando Tiago falhou o golo, Deco levanta-se, de um pulo; Gio ficou sentado, preso ao banco. É isso o futebol: uns ganham, outros ficam naquele limbo da humilhação, coisa que acontece frequentemente quando os holandeses jogam com Portugal.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 26 Junho 2006
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