Balanço fácil
1. Nesta altura pedem-se balanços, porque está praticamente tudo decidido sobre a primeira fase do Mundial. Eu escolho com facilidade - não sou treinador de bancada, só "doido da bola" - e a evocação que Jorge Marmelo fez, no "Público" de ontem, do poema de Vinicius de Moraes, fez-me dar-lhe toda a razão. Lembram-se dos versos? "As feias que me perdoem/ mas beleza é essencial." Isto serve essencialmente para a selecção brasileira - a maior decepção até agora. Alguém disse que parecia a Alemanha vestida de amarelo, mas é mentira a Alemanha marca golos e surpreendeu os que esperavam uma divisão Panzer armada de força bruta. Custa a admitir, mas o futebol brasileiro está uma miséria; aquele bando de abóboras merece perder o jogo que lhes falta nesta fase. É a minha vingança contra Zagallo, o "vai com Deus", à imagem de quem se joga aquele futebol sem gozo nem virtude. São, retomando Nélson Rodrigues, virgens de uma peça de Lorca.
2. Há uma melancolia da derrota (a do Paraguai, certamente), claro, mas também há uma melancolia da vitória o papel coube por inteiro ao Equador e ao Gana. E, se a França ficar pela fase inicial, a única coisa a lamentar é que Thierry Henry parta tão cedo.
3. O incidente diplomático John Pentsil, que joga no Hapoel Telavive, festejou a vitória do Gana com a bandeira de Israel - país onde vive. O "internacionalismo árabe" tratou de lhe chamar "imbecil" e o governo ganês pediu desculpa à comunidade internacional, dizendo que Pentsil não sabe muito de política. Mas sabe de gratidão e conhece o lugar onde se sente em casa. A imprensa já inventou os novos Protocolos dos Sábios de Sião.
4. Portugal primeiro jogo muito fraco; segundo jogo satisfatório, com mais alegria no jogo. Os responsáveis foram Deco, Costinha, Figo, Maniche e Cristiano Ronaldo. Agora, a "intelligentsia" debate se ao jogo com o México deve ir a linha avançada ou a segunda equipa. Lógico que devem ir jogadores que não ameacem o conjunto - ou seja, quem não tem amarelos e quem precisa de jogar na ponta da unha contra a Argentina, ou a Holanda.
5. Espanha bom futebol, uma revelação. Mas eu gosto desse jogo.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 21 Junho 2006
2. Há uma melancolia da derrota (a do Paraguai, certamente), claro, mas também há uma melancolia da vitória o papel coube por inteiro ao Equador e ao Gana. E, se a França ficar pela fase inicial, a única coisa a lamentar é que Thierry Henry parta tão cedo.
3. O incidente diplomático John Pentsil, que joga no Hapoel Telavive, festejou a vitória do Gana com a bandeira de Israel - país onde vive. O "internacionalismo árabe" tratou de lhe chamar "imbecil" e o governo ganês pediu desculpa à comunidade internacional, dizendo que Pentsil não sabe muito de política. Mas sabe de gratidão e conhece o lugar onde se sente em casa. A imprensa já inventou os novos Protocolos dos Sábios de Sião.
4. Portugal primeiro jogo muito fraco; segundo jogo satisfatório, com mais alegria no jogo. Os responsáveis foram Deco, Costinha, Figo, Maniche e Cristiano Ronaldo. Agora, a "intelligentsia" debate se ao jogo com o México deve ir a linha avançada ou a segunda equipa. Lógico que devem ir jogadores que não ameacem o conjunto - ou seja, quem não tem amarelos e quem precisa de jogar na ponta da unha contra a Argentina, ou a Holanda.
5. Espanha bom futebol, uma revelação. Mas eu gosto desse jogo.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 21 Junho 2006
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