É assim a música do futebol: um golaço destes
1. Dois estilos: o bolchevismo activo dos mexicanos; a relativa frieza da Argentina. Basta olhar para eles, Pekerman e Ricardo La Volpe. Imagino Pekerman sentado a uma mesa do Tortoni, ou numa esplanada da Recoleta, em Buenos Aires; e vejo claramente la Volpe comendo "enchiladas", à mão, numa taberna de Oaxaca – um general de Pancho Villa durante a batalha (tem um ar trágico, este homem). Lentas, ambas as equipas – distinguindo-se pelo som. Os mexicanos, servindo-se do "bolero" como metáfora central; os argentinos aguardando o momento de tocar "milongas" ou de afinar o tango. Mas tanto o tango como o bolero precisam de encenação e de tranquilidade – e aquele jogo estava amedrontado pelos vulcões de Cuernavaca ou pelas tempestades da Patagónia. Poderia haver mudança nessa altura, quando Tevez e Pablo Aimar entraram para substituir Cambiasso e Crespo, logo a seguir à vinda de Zinha. Tardou Pekerman. À velocidade de Tevez (talento em movimento) e de Aimar juntou-se ainda o miúdo Messi. Mas o golaço de Maxi Rodríguez arrumou a questão, com a precisão de um instrumentista. É assim a música do futebol: um golaço destes, a bola sem parar no chão, direitinha àquele lugar. Aquele lugar onde se fazem os golos de Maxi Rodríguez.
2. A Alemanha passou e convenceu-nos: ficámos a saber que Lukas Podolski aparece de onde menos se espera, mesmo que saibamos quem são Lahm, Frings, Ballack ou Klose. A Alemanha também aparece de onde menos se espera. Contem com ela, com a Alemanha.
3. O Brasil está fechado num castelo. Faz bem; as estrelas, com os jornalistas à vista, fizeram estragos e mostraram amuos. A certa altura, os próprios jogadores entretiveram-se a escalar o "time" para a imprensa. Lá, têm saudades de Scolari.
4. Eu acho que as televisões já entrevistaram cerca de metade da comunidade portuguesa na Alemanha. Temos direito a descanso agora, não?
5. As conferências de imprensa da selecção não servem para nada. Nem a nossa nem, em geral, a das outras. Banalidades e vulgaridades. Bom para dormir.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 25 Junho 2006
2. A Alemanha passou e convenceu-nos: ficámos a saber que Lukas Podolski aparece de onde menos se espera, mesmo que saibamos quem são Lahm, Frings, Ballack ou Klose. A Alemanha também aparece de onde menos se espera. Contem com ela, com a Alemanha.
3. O Brasil está fechado num castelo. Faz bem; as estrelas, com os jornalistas à vista, fizeram estragos e mostraram amuos. A certa altura, os próprios jogadores entretiveram-se a escalar o "time" para a imprensa. Lá, têm saudades de Scolari.
4. Eu acho que as televisões já entrevistaram cerca de metade da comunidade portuguesa na Alemanha. Temos direito a descanso agora, não?
5. As conferências de imprensa da selecção não servem para nada. Nem a nossa nem, em geral, a das outras. Banalidades e vulgaridades. Bom para dormir.
in "Topo Norte", Jornal de Notícias - 25 Junho 2006
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