FC Porto - Campeão Nacional 2005-2006
1 – A quem deve ser atribuído o grande mérito deste título?
O grande mérito cabe a uma serie de jogadores que se revelaram peças essenciais durante o campeonato - e alguns foram mesmo surpresas (dou a mão à palmatória em alguns casos). Da linha actual do FC Porto só um ou outro são dispensáveis. Há muito tempo que, tirando "o caso Jorge Costa" (que eu ainda lamento), o balneário do FC Porto não estava tão tranquilo, mesmo quando os resultados eram decepcionantes. Isso deve-se a uma boa cultura de equipa. É verdade que Co Adriaanse tem mérito, mesmo que muita gente continue a não confiar plenamente no seu estilo - teoricamente perfeito e significa futebol de ataque, como eu gosto; é teimoso, como convém, e um pouco obstinado. Mas falta-nos (isto pode ser só obsessão minha) um finalizador em pleno, um goleador - e um bom rematador de bolas paradas. São também saudades do Jardel, claro. Mas é a vida. Também tenho saudades do Cubillas e não é por isso que não somos campeões.
2 – Qual o momento-chave desta temporada?
Não faço a mínima ideia. Gostaria de responder, para arrumar a questão, que foi o Penafiel-FC Porto. Mas a generalidade das pessoas vai achar que o momento-chave foi o Sporting-FC Porto. Na verdade, foi a partir de Alvalade que o FC Porto garantiu o título, só que o momento-chave nunca é a altura a partir da qual se garante uma coisa e sim o momento em que alguém acreditou que era possível. E esse momento, lamento desiludir os especialistas, aconteceu na primeira jornada.
3 – Apesar do título, Co Adriaanse deve continuar?
Simpatizo com ele e acho-o um tipo corajoso. Se Co Adriaanse julgar que tem condições para ficar, deve ficar. Como já disse, agrada-me o modelo de jogo do treinador, embora me tenha irritado bastante a meio da época e nos jogos europeus. Acho que Adriaanse começou a construir uma equipa à sua imagem ou à imagem desse modelo de jogo e mudar agora significaria ter de refazer tudo, reencontrar afinidades, espírito de equipa, tudo isso. Penso que Adriaanse terá de fazer um esforço no sentido de conseguir ainda mais ligação ao balneário, certamente. Mas seria ridículo ele sair, agora que ganhou um campeonato. Isto é o FC Porto, não é o Benfica.
4 – Dentro de dias, Pinto da Costa será o presidente de um clube português há mais tempo no activo. O FC Porto precisa dele para o futuro?
Pinto da Costa foi o grande presidente do FC Porto e é presidente do FC Porto. Incontornável. Não há memória de um percurso semelhante na presidência de um clube. Eu lembro-me de ser portista em Lisboa e de como isso era difícil - e de como isso mudou também graças ao FCP de Pinto da Costa. Mas ele deve estar farto de elogios e o meu iria somar-se a esses. O que eu penso é que o seu conhecimento do FC Porto e do futebol português são essenciais, sem prejuízo da necessidade de preparar o futuro com a sua colaboração e o seu empenho. De resto, como a direcção do FC Porto não é escolhida pela banca, nem pelos sócios ou adeptos dos outros clubes, nem pela imprensa, e qualquer pessoa se pode candidatar ao cargo (e não me parece haver limite de mandatos), acho que a sua rendição é uma hipótese como qualquer outra.
Francisco José Viegas, in Jornal "Público" - 23 Abril 2006
O grande mérito cabe a uma serie de jogadores que se revelaram peças essenciais durante o campeonato - e alguns foram mesmo surpresas (dou a mão à palmatória em alguns casos). Da linha actual do FC Porto só um ou outro são dispensáveis. Há muito tempo que, tirando "o caso Jorge Costa" (que eu ainda lamento), o balneário do FC Porto não estava tão tranquilo, mesmo quando os resultados eram decepcionantes. Isso deve-se a uma boa cultura de equipa. É verdade que Co Adriaanse tem mérito, mesmo que muita gente continue a não confiar plenamente no seu estilo - teoricamente perfeito e significa futebol de ataque, como eu gosto; é teimoso, como convém, e um pouco obstinado. Mas falta-nos (isto pode ser só obsessão minha) um finalizador em pleno, um goleador - e um bom rematador de bolas paradas. São também saudades do Jardel, claro. Mas é a vida. Também tenho saudades do Cubillas e não é por isso que não somos campeões.
2 – Qual o momento-chave desta temporada?
Não faço a mínima ideia. Gostaria de responder, para arrumar a questão, que foi o Penafiel-FC Porto. Mas a generalidade das pessoas vai achar que o momento-chave foi o Sporting-FC Porto. Na verdade, foi a partir de Alvalade que o FC Porto garantiu o título, só que o momento-chave nunca é a altura a partir da qual se garante uma coisa e sim o momento em que alguém acreditou que era possível. E esse momento, lamento desiludir os especialistas, aconteceu na primeira jornada.
3 – Apesar do título, Co Adriaanse deve continuar?
Simpatizo com ele e acho-o um tipo corajoso. Se Co Adriaanse julgar que tem condições para ficar, deve ficar. Como já disse, agrada-me o modelo de jogo do treinador, embora me tenha irritado bastante a meio da época e nos jogos europeus. Acho que Adriaanse começou a construir uma equipa à sua imagem ou à imagem desse modelo de jogo e mudar agora significaria ter de refazer tudo, reencontrar afinidades, espírito de equipa, tudo isso. Penso que Adriaanse terá de fazer um esforço no sentido de conseguir ainda mais ligação ao balneário, certamente. Mas seria ridículo ele sair, agora que ganhou um campeonato. Isto é o FC Porto, não é o Benfica.
4 – Dentro de dias, Pinto da Costa será o presidente de um clube português há mais tempo no activo. O FC Porto precisa dele para o futuro?
Pinto da Costa foi o grande presidente do FC Porto e é presidente do FC Porto. Incontornável. Não há memória de um percurso semelhante na presidência de um clube. Eu lembro-me de ser portista em Lisboa e de como isso era difícil - e de como isso mudou também graças ao FCP de Pinto da Costa. Mas ele deve estar farto de elogios e o meu iria somar-se a esses. O que eu penso é que o seu conhecimento do FC Porto e do futebol português são essenciais, sem prejuízo da necessidade de preparar o futuro com a sua colaboração e o seu empenho. De resto, como a direcção do FC Porto não é escolhida pela banca, nem pelos sócios ou adeptos dos outros clubes, nem pela imprensa, e qualquer pessoa se pode candidatar ao cargo (e não me parece haver limite de mandatos), acho que a sua rendição é uma hipótese como qualquer outra.
Francisco José Viegas, in Jornal "Público" - 23 Abril 2006
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