março 25, 2011

Blog # 830

A literatura não é um território de pacificação ou de anemia. ‘Contra a Literatice e Afins’ (Guerra e Paz), de João Gonçalves, foi ontem lançado em Lisboa, e é um inventário de argumentos sobre a matéria. Gonçalves é um excelente leitor que não depende no universo de deferências literárias e editoriais – tem, a seu favor, o mau génio, a tentação polémica, a necessidade de beleza. Disso tudo fala a literatura; e renascimento, de vingança, de uma eternidade que não demora a passar. As boas consciências que procuram ver na leitura “um ato de cidadania” escusam de passar por estas páginas, verdadeiros textos de guerrilha onde sobrevoa a inspiração de Sena e o deslumbramento diante dos mestres (Gaspar Simões ou Prado Coelho, por exemplo). Pela literatura, contra a literatice.

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A 30 de Março estará no mercado ‘O Cemitério de Praga’, de Umberto Eco (Gradiva) – um romance sobre o quê? O vazio, a falsificação, os labirintos da literatura e da crença. Tudo o que fez de Eco um autor a ler. Isso já é bom.

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FRASES

"Portugal vive um Alcácer-Quibir financeiro, mas esse desastre não aconteceu ontem." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

"Sócrates saiu no melhor momento — para Sócrates, evidentemente." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

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