novembro 20, 2010

Chicuelina & revolera

Gosto muito do Moreirense porque tem o estádio português com o melhor restaurante nas proximidades, quase acoplado (o São Gião, príncipe da gastronomia portuguesa). Mas o FC Porto tem de cumprir a sua missão e seguir em frente. Não se enganem na digestão. É na baliza.

2. A selecção jogou como há muito tempo não a via, a trucidar, empurrada para o ataque (acho que nunca a vi fazer isso), o que significa que Paulo Bento pode ter conquistado o coração dos jogadores no balneário – e o dos portugueses através da televisão. Bento merece-o. Pelo seu estilo. Por se tratar de um ajuste de contas com o futebolinho português, que ora não gosta da sua marrafa, ora não aprecia a forma como pede aos jogadores para serem guerreiros. Paulo Bento teve três testes mas o mais decisivo vem agora, depois do festival de toureio espanhol, uma lide de primeira categoria com quatro mudanças de tércio e uma chicuelina seguida de revolera, dançante e patriótica. Se a selecção conseguir manter o ritmo e servir espectáculo na arena, declaro desde já que a acompanharei na fase final.

3. Já agora, Espanha. A Comissão contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Desporto (existe uma outra, divertidíssima, que pretende «normalizar os horários» e acabar com a sesta, e mesmo um «observatório» que zela para que as crianças não tenham brincadeiras sexistas e machistas nos recreios da escolas) proibiria Antonín Panenka de marcar penáltis daquela maneira, humilhando os guarda-redes. Como já não vai a tempo, trata de pedir à federação espanhola de futebol para «adoptar medidas disciplinares» contra José Mourinho por ter dito o que disse. Um Mourinho caladinho e temeroso, envergonhado, isso sim, fazia-lhes falta. Nisto transformaram a Espanha – esta gente de plástico e de acrílico, desenhada à imagem de Zapatero. Uma tristeza.

in A Bola - 20 Novembro 2010

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