novembro 28, 2009

Chuva & perguntas

Chove muito nos jogos do FC Porto. Vejam o que aconteceu nesta última quarta-feira: mais remates e menos posse de bola do que o Chelsea; mais passes falhados do que o costume. Deve ser da chuva. Houve uma altura em que, em dias de chuva, Quaresma escorregava mal o risco da área entrava no seu horizonte — desaparecia o artista, entrava o esquiador. O problema, parecia, eram as chuteiras; ele trocou de chuteiras e continuou a cair, até que se descobriu o problema e uma maior dose de confiança melhorou o piso. Com confiança, até o excelente relvado do Dragão ganha aderência. Confiança. Trabalho de cabeça.

Imaginem o que não dirão os jogadores do FC Porto que andam por aí, a distribuir bola em vários relvados, e vêem o seu lugar ocupado por gente que escorrega em todos os jogos e se recusa a fazer passes acertados. Deve ser do frio. Às vezes, o frio é puramente psicológico. Está na cabeça.

Com o campeonato neste patamar, o adepto faz perguntas — a primeira delas é sobre o valor da equipa (o que fazem certos repolhos a actuar num relvado de primeira?) e sobre a razão que nos leva a apreciar as explosões de Belluschi e não a sua constância (porque ainda não está feita a «mudança» entre o Olympiakos e o FC Porto e, portanto, não joga com a frequência requerida?), ou por que razão foram contratados alguns jogadores ainda sob a forma de enzima. Tantos pormenores (a lista deles afligiu-me entre o jogo com o Belenenses e a saída do Dragão, esta quinta-feira) para recolher e comentar, e ouço Jesualdo na rádio: «Nem vou explicar o que me leva a tomar certas decisões tácticas; as opções não são para ser explicadas, nem tenho que as explicar.» Jesualdo tem razão; é capaz de ser pormenor a mais.

Sai hoje um livro intitulado 30 Anos de Mau Futebol. Nele, João Pombeiro recolhe algumas das frases mais disparatadas do mundo do futebolês, ditas por jogadores, técnicos, árbitros, etc. Há ali frases para todos os gostos. No fundo, é um resumo das trapalhadas dos últimos anos de bola. Uma pessoa ri-se, ri-se — e espera que a bola continue a rolar.

in A Bola - 28 Novembro 2009

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