novembro 09, 2009

Blog # 478

Convém irmos à literatura para de vez em quando. Numa das ‘Novelas do Minho’, Camilo Castelo Branco lamenta-se pelo fim dos fidalgos das Terras de Basto. “É pena”, escrevia ele, que foi um retratista de exceção – além de um dos nossos maiores e prodigiosos escritores. Há cada vez menos fidalgos, de facto. Em vez deles e de quem os simboliza, o plebeísmo da corrupção invadiu e tomou conta do país, devorando-o e desculpando os salteadores à falta de fidalgos que deem o exemplo – e à míngua de exemplos que sejam um modelo de honra na política, na cultura e na vida. Nada escapa e tudo se desculpa como se a permissividade bastasse para esconder a desgraça em que estamos e o retrato grotesco desta gentinha. Já não há fidalgos, bem dizia Camilo. O país vai ficando deserto.

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Grande acontecimento editorial, sem dúvida: as Edições 70 preparam-se para lançar as Obras Completas do filósofo Jürgen Habermas. O primeiro volume sai ainda em Novembro. Livros que mudam a vida dos leitores – isso é ser editor.

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FRASES

"Todos muito ajeitadinhos, muito bem esmaltados, quiçá boémios. Somos todos gente tímida." Masson, no blogue Almocreve das Petas.

"E hoje amamos e traímos por telemóvel." Fernando Lopes, realizador de ‘Os Sorrisos do Destino’. Ontem, no CM.

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