O modelo e o sistema
O FC Porto não anda no seu melhor e abre a defesa sem cerimónia para que o adversário faça pela vida. Isto é muito bom para os adversários, mas nós trememos na bancada ao imaginar a repetição dos primeiros quarenta e cinco minutos contra a Académica. Ao fim desse tempo, apetece a qualquer um entrar em campo e vergastar aqueles repolhos ambulantes que falham passes com galhardia e se expõem aos assobios; mas um resto de pundonor deixa-nos pregados ao assento, à espera de um golo, dois, três. E lá vem o buraco nas trincheiras da defesa.
Jesualdo diz, uma, duas, três vezes, que a equipa não pode jogar assim. E tem razão; mas, então, ele que trate de ordenar aquela barafunda. Recordo aos leitores esta passagem de uma entrevista de Setembro do ano passado (ao Público), em que Jesualdo Ferreira explicava o nervo do jogo: «O FC Porto tem o seu sistema-base. E depois tem princípios, tem métodos e tem estratégias que variam necessariamente tendo em vista alcançar determinados rendimentos e resultados. O sistema-base não define o modelo. O modelo é um conjunto de sistemas, princípios, métodos e estratégias. O que se pretende atingir cada vez com maior eficácia é que é o modelo.»
Lido isto (que na altura me deixou em coma estratégico, mas silencioso), há uma coisa que eu não entendo, e admito que seja por culpa minha: quando é que se joga de novo?
A temporada do Benfica está a ultrapassar todas as expectativas, incluindo as de Jorge Jesus. Ao sair de Braga, deixando o Bom Jesus para trás, ele não imaginava que ia limpar o Everton ou o Nacional com esta clareza – por mais que se tenha na conta de bom treinador (e auto-estima não lhe falta, como sabemos). Alguma coisa haverá, mas não me meto nos balneários do adversário. Escrevo por outra coisa: incomodam-me as “vestais do futebol”, muito moralistas. Desta vez, criticaram Jesus por ter levantado quadro dedos na direcção do treinador adversário. Que isso era uma ofensa. Ofensa? Só se fosse por não lhe ter mostrado os dedos dos golos que faltavam. Deixem-se de mariquices.
in A Bola - 31 Outubro 2009
Jesualdo diz, uma, duas, três vezes, que a equipa não pode jogar assim. E tem razão; mas, então, ele que trate de ordenar aquela barafunda. Recordo aos leitores esta passagem de uma entrevista de Setembro do ano passado (ao Público), em que Jesualdo Ferreira explicava o nervo do jogo: «O FC Porto tem o seu sistema-base. E depois tem princípios, tem métodos e tem estratégias que variam necessariamente tendo em vista alcançar determinados rendimentos e resultados. O sistema-base não define o modelo. O modelo é um conjunto de sistemas, princípios, métodos e estratégias. O que se pretende atingir cada vez com maior eficácia é que é o modelo.»
Lido isto (que na altura me deixou em coma estratégico, mas silencioso), há uma coisa que eu não entendo, e admito que seja por culpa minha: quando é que se joga de novo?
A temporada do Benfica está a ultrapassar todas as expectativas, incluindo as de Jorge Jesus. Ao sair de Braga, deixando o Bom Jesus para trás, ele não imaginava que ia limpar o Everton ou o Nacional com esta clareza – por mais que se tenha na conta de bom treinador (e auto-estima não lhe falta, como sabemos). Alguma coisa haverá, mas não me meto nos balneários do adversário. Escrevo por outra coisa: incomodam-me as “vestais do futebol”, muito moralistas. Desta vez, criticaram Jesus por ter levantado quadro dedos na direcção do treinador adversário. Que isso era uma ofensa. Ofensa? Só se fosse por não lhe ter mostrado os dedos dos golos que faltavam. Deixem-se de mariquices.
in A Bola - 31 Outubro 2009
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