outubro 05, 2008

Livros de nossa casa

Programa de Francisco José Viegas no cabo revela obras marcantes para leitores conhecidos.

Depois de "Livro aberto", Francisco José Viegas regressa à grelha da RTPN com um formato intitulado "Guarda livros". É, pois, de obras literárias que vai tratar, mas, desta vez, entra na biblioteca de diversas personalidades.

Será num registo mais intimista que, a partir do próximo domingo, semanalmente, pelas 23 horas, Francisco José Viegas voltará ao pequeno ecrã. Como não poderia deixar de ser, os livros são uma vez mais protagonistas, mas segundo uma lógica invertida àquela a que nos tem vindo a habituar.

"Guarda livros" privilegia não os autores ou as obras recentemente publicadas, mas antes livros que marcaram a vida de várias figuras portuguesas. Desta feita, as mesmas não só abrirão a porta de suas casas, como irão desvelar o universo literário que povoa o seu imaginário e se consubstancia nas prateleiras de uma biblioteca pessoal.

"O convidado fala sobre os seus livros, sobre a sua memória desses livros, como formou a sua biblioteca, como a arruma ou desarruma. A prioridade vai para os livros de nossa casa", elucida Francisco José Viegas. O apresentador esclarece que, neste caso "será apenas o pivot", uma vez que a ideia do programa germinou de uma proposta de José Alberto Lemos, director da RTPN, acolhida pela produtora e originalmente concebida por José Fanha.

Pese embora Viegas preferisse "fazer um programa com convidados e debates", deixou-se cativar por "Guarda livros", que no fundo mostra "que as pessoas não podem viver sem livros, que não imaginam a sua vida sem eles", enaltece. O grande propósito do formato é "divulgar a paixão pelo livro" personalizada nos convidados, até porque "o exemplo de grandes leitores é muito mais eficaz do que os discursos patetas sobre a 'leitura como um acto de cidadania'", refere.

Para o apresentador, "a leitura não tem nada a ver com cidadania. Cidadania é votar, participar na vida pública. Ler e ter livros é uma actividade puramente individual, privada, que tanto pode abrir-nos a porta para a felicidade como para a desgraça", sublinha.

"Guarda livros" pautar-se-á pela diversidade de convidados. António-Pedro Vasconcelos, António Borges Coelho, Maria Filomena Mónica, Marcello Mathias, José Miguel Júdice, Rúben de Carvalho, Vasco Graça Moura, Lauro António ou Urbano Tavares Rodrigues são apenas alguns dos exemplos apontados. Cerca de 15 programas estão já gravados, todos eles "em casa das pessoas, junto dos seus livros, das suas estantes, das suas memórias".

Na senda de "Guarda livros" está também, à sua maneira, prestar serviço público. De acordo com Francisco José Viegas, "mostrar pessoas que lêem e amam os livros dá um exemplo para os outros" e acrescenta: "Provam como a sua paixão pode ser deliciosa e fatal e partilham-na connosco. É muito raro isso acontecer num país em que as elites se demitiram de dar bons exemplos", assinala.

Interrogado se ainda se lê pouco no nosso país, responde: "Lê- -se o normal para um país da nossa dimensão, mas não se lê bem". Que medidas deveriam, então, ser implementadas para se cultivar o hábito da leitura? "A escola devia ter um papel mais formativo nessa área como espaço de socialização que é, e devíamos prestar mais atenção aos clássicos. São eles a garantia do prolongamento da nossa identidade", remata.

in Jornal de Notícias - 3 Setembro 2008

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