fevereiro 04, 2008

Blog # 21

Não me interessa conhecer o passado, pessoal e íntimo, do primeiro-ministro. Já as notícias sobre as “assinaturas de favor” nos tempos da Guarda são relevantes e não podem ser lidas como “apenas um deslize”. Houve deslizes menores que levaram ao fim de boas carreiras políticas. O primeiro-ministro não pode limitar-se a dizer que se trata de “perseguição pessoal” e seguir em frente, mesmo contando com a tolerância dos eleitores, que parecem desculpá-lo. É uma armadilha: se eles o desculpam e se Sócrates se contenta com isso daqui em diante não pode criticar quem fuma nos casinos ou quem aceita presentes nas autarquias ou ‘luvas’ no Governo. Pode sentir-se a salvo, dentro da lei. Mas, aos olhos do público, ele será “um como nós”. Ou seja: tudo passa a ser permitido, o que é imoral. Pior: Sócrates passará a ser um alvo fácil onde quer que esteja.

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O funeral dos dois adolescentes assassinados em Rio de Mouro decorreu em silêncio. Para além da tragédia, há um cenário de guerra a aproximar-se, cheio de momentos simbólicos, como o ocorrido com a cova de Osvaldo Beagi, que a família quis que ficasse mais funda. Eles sabem que não basta enterrar os mortos. É preciso protegê-los.

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- Divirta-se muito a ler ‘A Filosofia Segundo Woody Allen’, de Mark Conard e Aron Skoble (edição Estrela Polar).

- A Asa publicará ‘Era no Tempo do Rei’, romance de Ruy Castro (biógrafo de Garrincha, Nelson Rodrigues e Carmen Miranda) sobre os desvarios do príncipe D. Pedro na noite carioca.

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