janeiro 31, 2008

Blog # 19

De repente, Vitalino Canas (o porta-voz do PS) pareceu-me um sujeito simpático: comparou-se a George Smiley, personagem de John Le Carré que se define a si próprio como ‘cinzentão’. E também discreto, silencioso, batalhador – e muito triste, por oposição a Ribau Esteves, secretário-geral do PSD, que fala de ‘gajas boas’ e tem aquele sorriso de quem passou muito tempo a pensar no assunto. Subitamente, Vitalino Canas passou a ter uma aura melancólica, rodeado de memórias amargas, silêncios fatais. Há diferenças, e essas é que são assassinas: o cinzento George Smiley, que é um dos meus personagens literários favoritos, nunca diria o que o cinzento Vitalino Canas é obrigado a dizer para defesa da honra do seu partido. Smiley, por exemplo, nunca vê esperança onde há desastre; já Vitalino Canas acredita que os novos ministros irão reforçar a capacidade governativa. O País, de facto, comoveu-se ao saber da notícia. Está tudo muito entusiasmado com os novos ministros.

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Há dias que correm mal. Se Sócrates não ‘remodelasse’ o Governo, era um caso de autismo. Como Sócrates ‘remodelou’, das duas uma – ou o Governo estava errado e corrigiu o rumo; ou estava certo mas cedeu aos apelos da rua, que queria sangue. A culpa não é de Sócrates nem da opinião pública. É do destino: ninguém nos entende.

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FRASES

- "Pode ser lido tanto na horizontal como na vertical. Acertámos na mosca." Luís Lopes, da PTMultimedia, sobre o novo nome da empresa, ZON. Ontem, no CM

- "O europeu bem instalado esqueceu o motivo pelo qual os avós rapavam o prato com o pão." Filipe Nunes Vicente no blogue Mar Salgado

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