janeiro 29, 2008

Blog # 17

A história portuguesa da acusação e da denúncia daria pano para mangas e não seria digna de louvores. Pelo contrário – a Inquisição instituiu a denúncia anónima, a delação abjecta, a perseguição sem justiça. Há, na imprensa do final da monarquia, exemplos bastantes da propaganda pela acusação livre e sem provas. O salazarismo alimentou a perseguição de anónimos com minúcia. Ora, da “denúncia dos nomes” até à “denúncia sem nomes”, o salto não é grande e apenas queima etapas. O espírito permanece, mesquinho, vago e cheio de ressentimento ou desejo de vingança. Daí que a esquizofrenia portuguesa passe por este mundo de suspeita comezinha e provinciana, manchando reputações por desporto e alimentando o mau génio nacional. Em Portugal é fácil acusar, e barato, porque quase nunca se investiga. Uma das figuras mais interessantes da linguagem jurídica é, aliás, a “queixa contra incertos”. Temos medo de apontar o dedo em público, mas nunca perdemos o feitio indignado.

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A comissão das actividades religiosas legalizou a Cientologia em Portugal, o que não é absurdo porque a Espanha já o fez. Não na Alemanha nem em outros países, onde se analisa à lupa a empresa criada por Ron Hubbard e onde Tom Cruise espalha a palavra divina. Divina? Para a Comissão, Deus é um parágrafo do relatório de contas.

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FRASES

- "Devia haver um período de nojo." Manuel Alegre, ontem, no CM

- "Nesta fase do ano não ando à procura de namorados, até porque só começo a fazer a depilação em Maio." Isabela no blogue O Mundo Perfeito

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