janeiro 25, 2008

Blog # 15

O comboio Lusitânia, que faz a ligação entre Madrid e Lisboa, descarrilou anteontem. Em Espanha, vá lá. Tinha 38 pessoas a bordo, o que é um número baixo e assustador, se pensarmos nas projecções que se fazem para o TGV. A mim preocupa-me a Linha do Tua, que retomará a circulação na próxima semana. Como ‘maluco dos comboios’, sou contra o seu fecho definitivo. Se pudesse, eu punha o País todo a andar de comboio. Mas, consultando os números, vejo que há composições que circulavam com uma dezena de passageiros, o que torna tudo mais difícil. É uma espécie de não-retorno: o País está coberto de asfalto e de camiões e, tirando o Lisboa-Porto, os comboios fazem parte apenas da nossa geografia sentimental. A vitória do asfalto é um sintoma do nosso atraso conjuntural, substituindo um transporte ecológico, cómodo e seguro pela vaidade automóvel e pela indústria da camionagem. Durante anos, a CP encarregou-se de se autodestruir. Hoje, é uma viúva velha e pobretanas.

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Uma agência de comunicação, nada contra, vai ‘fornecer conteúdos’ para o PSD. Os termos do contrato não são esses, mas dá gozo imaginar os telefonemas dos deputados ou dirigentes do partido para os maiorais do marketing: qual deve ser a nossa posição sobre saúde, o que dizemos sobre educação? O PSD devorado por si mesmo.

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Livros para o fim-de-semana: de Francisco Teixeira da Mota, a deliciosa biografia ‘Alves dos Reis, uma História Portuguesa’, sobre o grande falsificador (edição Oficina do Livro). E da mais bonita das escritoras espanholas de hoje, Susana Fortes, ‘O Amante Albanês’ (edição Asa) – um regresso perverso ao mito da Albânia de Enver Hoxha.

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