A semana do mau-carácter
1. A meio desta semana insultei os jogadores e o treinador do F. C. Porto no meu blogue "Origem das Espécies"; na altura chamei-lhes, passo a citar, "bando de avestruzes coxas", "uma equipa de bovinos esdrúxulos" ou "bando de repolhos". Acho que fiz bem. Milhares de adeptos portistas fizeram o mesmo e estão no seu pleno direito. O primeiro argumento contrário é o de que a Carlsberg Çup não tem importância nenhuma e, portanto, Jesualdo Ferreira teve motivos para fazer alinhar aquele onze destinado à tragédia; se ganhasse, era uma pequena glória e, se perdesse, não era grave dado que o importante se pode reduzir ao campeonato e à Champions, competições para as quais haverá agora mais tempo. Até admito, mas não concordo. Perder com o C. D. Fátima não é irrelevante; a estratégia de "poupar a equipa". Jesualdo Ferreira fala da vergonha que ele e o plantei sentiram: acho bem que a sintam, porque envergonharam os adeptos, sim. Não é coisa que se faça ao fim de 114 anos de história, perder nos penáltis alinhando uma equipa desastrada. O próprio treinador assumiu: "Fomos incompetentes." Eles merecem o mau-carácter.
2. Dizem-me que insultar os jogadores, chamando-lhes "bando de repolhos" pode criar-lhes "um problema psicológico", porque eram jogadores de estreia. Lamento muito, mas é irrelevante. Jesualdo Ferreira pode ser um bom mestre no tabuleiro (de certeza que o é), mas tem de entusiasmar as hostes e fazer-lhes esquecer o que não tem remédio. Aliás, vem no contrato que assinou, de forma explícita e em letras garrafais: não se pode brincar em serviço. Ao fim de cinco jogos não é admissível nenhuma quebra psicológica. No ano passado, a célebre "paragem de Inverno", uma idiotice criada para beneficiar o infractor, foi a principal quebra psicológica. Este ano, a rapaziada tem de compreender que podem ser insultados se cometerem actos de pura mariquice. Convenhamos: a derrota com o C. D. Fátima foi um acto de pura mariquice. Os adeptos desculpam, mas não esquecem tão cedo. A menos que esta semana entre tudo nos eixos.
3. Duarte Gomes pediu desculpa pelo erro que cometeu. Não foi bem um erro; tratou-se de uma bênção que pôs Camacho a rir, no banco do Benfica. O país inteiro ri manhoso, divertido, consolado. É o destino.
4. José Mourinho chegou a Portugal e interrompeu Santana Lopes, que estava na televisão a defender o adiamento das eleições internas no PSD, um puro dislate. O ex-primeiro-ministro ficou chocado e acabou logo ali a entrevista. Fez bem. Foi um acto de coragem muito bem calculado. Mas entre José Mourinho e as opiniões políticas de Pedro Santana Lopes, prefiro Mourinho.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 29 Setembro 2007
2. Dizem-me que insultar os jogadores, chamando-lhes "bando de repolhos" pode criar-lhes "um problema psicológico", porque eram jogadores de estreia. Lamento muito, mas é irrelevante. Jesualdo Ferreira pode ser um bom mestre no tabuleiro (de certeza que o é), mas tem de entusiasmar as hostes e fazer-lhes esquecer o que não tem remédio. Aliás, vem no contrato que assinou, de forma explícita e em letras garrafais: não se pode brincar em serviço. Ao fim de cinco jogos não é admissível nenhuma quebra psicológica. No ano passado, a célebre "paragem de Inverno", uma idiotice criada para beneficiar o infractor, foi a principal quebra psicológica. Este ano, a rapaziada tem de compreender que podem ser insultados se cometerem actos de pura mariquice. Convenhamos: a derrota com o C. D. Fátima foi um acto de pura mariquice. Os adeptos desculpam, mas não esquecem tão cedo. A menos que esta semana entre tudo nos eixos.
3. Duarte Gomes pediu desculpa pelo erro que cometeu. Não foi bem um erro; tratou-se de uma bênção que pôs Camacho a rir, no banco do Benfica. O país inteiro ri manhoso, divertido, consolado. É o destino.
4. José Mourinho chegou a Portugal e interrompeu Santana Lopes, que estava na televisão a defender o adiamento das eleições internas no PSD, um puro dislate. O ex-primeiro-ministro ficou chocado e acabou logo ali a entrevista. Fez bem. Foi um acto de coragem muito bem calculado. Mas entre José Mourinho e as opiniões políticas de Pedro Santana Lopes, prefiro Mourinho.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 29 Setembro 2007
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