Patriotas, cerrai fileiras
1. Trata-se, de novo, da história do patriotismo lusitano. Acho bem que o tema ressurja e se discuta; e, para que não haja dúvidas, desta vez penso que Scolari tem razão. O treinador da nossa selecção de futebol evocou os casos de Nelson Évora, ou de Obikwelu (mas poderia falar desse nome lusitaníssimo: José Bosingwa) como exemplos de cidadãos portugueses que representam o país em competições desportivas – e ganham medalhas –, justamente quando se ouvem críticas sobre a convocação (aliás falhada, por lesão) de Pepe, um brasileiro naturalizado português. Foi o mesmo com Deco; a sua convocação, na altura, foi seguida de um coro de patetices (sobretudo inexplicáveis as de Figo, sobre "cantar o hino" e outras suposições patrióticas). O que está em causa, neste discussão, não tem a ver com futebol. Tema ver com o pior lado do patriotismo, que é o do preconceito. Por exemplo: eu, quando brinco com Scolari, não é por ele ser brasileiro. É, em segundo lugar, por ser de Passo Fundo, na serra gaúcha (a terra da bela modelo Letícia Birkheuer, vale a pena dizer), onde se come um "galeto" formidável; mas, em primeiro lugar, é por ser treinador da selecção. Sei lá se é brasileiro. Está ali, é para levar.
2. Por exemplo, no último F. C. Porto-Sporting, eu propus que os jogadores portistas que tivessem passado pela selecção fossem obrigados (como os astronautas) a uma rápida quarentena para desinfestação e reparação. Não sei se repararam mas, depois de terem defrontado esse colosso do futebol chamado Arménia e de terem conseguido um milagroso empate, os rapazes estavam frouxos. Pensem duas vezes antes de os deixarem ir.
3. A semana não está para polémicas, lamento. Depois do sorteio da Liga dos Campeões, as equipas portuguesas tiveram um choque de realidade. Até aqui, todos eram putativos campeões, mas nomes como Manchester, Liverpool, AS Roma, Inter ou Celtic puseram em sentido as euforias provincianas. É, certamente, outro campeonato – mas serve sobretudo para esfriar as pequenas arrogâncias de quem se julga "o melhor do mundo" e essas coisas, ou está habituado a gemer de vaidade sempre que se aproxima um jogo caseirinho. Agora é outra música.
4. A frase mais corajosa da semana é a do presidente do Belenenses, confrontado com o sorteio que lhe forneceu o Bayern de Munique para a Taça UEFA: "Vamos jogar agora com o Bayern e vamos ver quem nos calha a seguir." Queriam o quê? É assim mesmo. Patriotas, cerrai fileiras.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 1 Setembro 2007
2. Por exemplo, no último F. C. Porto-Sporting, eu propus que os jogadores portistas que tivessem passado pela selecção fossem obrigados (como os astronautas) a uma rápida quarentena para desinfestação e reparação. Não sei se repararam mas, depois de terem defrontado esse colosso do futebol chamado Arménia e de terem conseguido um milagroso empate, os rapazes estavam frouxos. Pensem duas vezes antes de os deixarem ir.
3. A semana não está para polémicas, lamento. Depois do sorteio da Liga dos Campeões, as equipas portuguesas tiveram um choque de realidade. Até aqui, todos eram putativos campeões, mas nomes como Manchester, Liverpool, AS Roma, Inter ou Celtic puseram em sentido as euforias provincianas. É, certamente, outro campeonato – mas serve sobretudo para esfriar as pequenas arrogâncias de quem se julga "o melhor do mundo" e essas coisas, ou está habituado a gemer de vaidade sempre que se aproxima um jogo caseirinho. Agora é outra música.
4. A frase mais corajosa da semana é a do presidente do Belenenses, confrontado com o sorteio que lhe forneceu o Bayern de Munique para a Taça UEFA: "Vamos jogar agora com o Bayern e vamos ver quem nos calha a seguir." Queriam o quê? É assim mesmo. Patriotas, cerrai fileiras.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 1 Setembro 2007
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