Coisas que é bom não terem desaparecido dos EUA
A tolerância. As ementas de Sunday brunch. Os parques. O taxista caboverdiano Joseph Santos. Os restaurantes de onde se vê Manhattan ao longe. As estradas entre florestas. As cidades «do mar» entre NY e Rhode Island, Newport incluída. Georgetown, a M Street e o bar Nathan’s (e as longas conversas tardias com o Nuno M.P.) em Washington. O The Sports na 7ª Av, em NY. A comida que recupera os sabores de infância com níveis de colesterol médios e ovos cozinhados de todas as maneiras. O prime rib steak. As batatas novas salteadas com alho. As smoker’s stations à porta dos aeroportos, que evitam que os passeios estejam sujos de beatas. Onésimo Teotónio de Almeida. Bagels. Barnes & Noble. Os saldos de 50% das livrarias. Os saldos de 60% na livraria da Brown, em Thayer Street. A mania de proteger as árvores. O arquivo de jazz da Rutgers University e a vitrina onde está o trompete verde de Miles Davis. Sanduíche de pastrami em pão de centeio e batatas fritas passadas por alho, farinha de milho e ervas. A tolerância com que os americanos aturam as ideias feitas dos europeus sobre o seu país. A Brown University – com as suas bibliotecas abertas de noite, os casarões ocupados por estudantes, os relvados, as árvores e o Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros. O túmulo de H.P. Lovecraft, que hei-de ver da próxima vez. As cores, o cheiro dos livros, as sombras (e a multiplicação dos misteriosos exemplares de Lives of the English Poets, de A Journey to the Western Islands of Scotland, de Samuel Johnson e de Life of Johnson, de Boswell), as cadeiras nos recantos mais inesperados da Athenaeum (a quarta mais antiga biblioteca dos EUA, em Providence – que Edgar Allan Poe frequentava). E, já agora, não muito longe, a tranquilidade da John Hay Library, e a beleza da John Carter Brown Library. A pluralidade racial. As capas dos livros, os saldos dos livros, os livros. As public libraries. A mercearia do Sr. Pedroso, no velho bairro português de Providence. Os pequenos-almoços suculentos e cheios de colesterol. As melhores cervejas do mundo, da Sierra Nevada à Sam Adams (Nut Brown ou Triple Bock), da Leinenkugel à Breckenridge, da McNeill’s à Anchor Steam. O hábito de dizer how are you? como cumprimento. Os estrangeiros que são americanos. Os americanos tranquilos. O sistema de financiamento dos estudos universitários. R.W. Emerson. Os restaurantes, o Cliff Walk, a pequena Touro Synagogue e as mansions (The Breakers, Marble House, Rosecliff) de Newport. O comandante do avião que atravessou a pista de Albany a correr, no meio da neve, para arranjar água para os passageiros do avião (que tinha sido desviado por causa do mau tempo). Chávenas de clam chowder. Onésimo outra vez. Cape Cod ao longe.
in A Origem das Espécies - 5 Março 2007
in A Origem das Espécies - 5 Março 2007
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