Rejubilemos: ganhámos ao Cazaquistão
1. Manuel Alegre acaba de publicar a reunião das suas crónicas de futebol (o livro chama-se "O Futebol e a Vida. Do Euro 2004 ao Mundial 2006", publicado pela Dom Quixote) e há aqui coisas dignas de Nelson Rodrigues que, salvo erro, foi o mais brasileiro dos cronistas do futebol brasileiro. Onde Nelson é comovente na observação da bancada do seu amado Maracanã (cujo verdadeiro nome é Mário Pilho, seu irmão e fundador da "Gazeta dos Esportes", o autor desse livro fascinante que é "O Sapo de Arubinha"), Manuel Alegre transporta a epopeia para as páginas do futebol lusitano. Ele gosta de Figo, das vitórias e do inesperado. Um dia telefonam-lhe de um jornal a querer saber coisas sobre o congresso do PS: "Escusei-me. O que neste momento me aflige é saber se Cristiano Ronaldo joga ou não." (pág. 79) Manuel Alegre é um patriota, para quem Portugal está acima de tudo; a minha pátria, pelo contrário, é o meu clube, o meu bairro, a minha rua - ou uma cidade completamente diferente (eis porque sou gremista também). As suas crónicas são amostras de um entusiasmo quase pueril que aproximam o seu autor das coisas quotidianas e das distracções mais comuns; coisas humanas, próprias de nós, próprias da alegria de ver futebol. Vão lê-las, aproveitem.
2. Já agora: eu gostaria de assistir a um Benfica - F. C. Porto com Manuel Alegre. Seria um jogo e tanto. E seria um triunfo razoável. Eu regressaria com mais um sócio do F. C. Porto.
3. Agora, em homenagem aos patriotas de pacotilha: Portugal rejubilou com os três golos obtidos diante da excepcional selecção cazaque. Vitória retumbante e genial, avassaladora, que esmagou uma das selecções mais perigosas, contundentes e esclarecidas do futebol europeu da nova geração. Não percebo como a rua não foi invadida por fãs a festejar a data. Desculpem a moderação deste elogio – é o pudor que nos limita. É o pudor que nos salva. Daqui até à Ásia Central, a nossa vénia.
4. O molho holandês que Adriaanse deixou no Dragão continua a revelar-se: o Werder Bremen agradece ao F. C. Porto ter dispensado por 9 milhões um jogador como Diego - para não dizer que Hugo Almeida vai subir de forma. Tenho contas a ajustar, sim.
5. Materazzi, aquele italiano ridículo que foi cabeceado por Zidane na final com a França, publicou um livro: "O que é que eu disse mesmo a Zidane". O governo francês recusou protecção policial ao jogador, que iria a França apresentar o livro. Uma onda de insanidade percorre esta gente.
6. Anda muita gente preocupada com o peso de Vítor Baía na equipa técnica do F. C. Porto. Eu fico aliviado e tranquilo.
7. Vieira e Veiga: como vos disse, não há nada para dizer. É o destino.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 18 Novembro 2006
2. Já agora: eu gostaria de assistir a um Benfica - F. C. Porto com Manuel Alegre. Seria um jogo e tanto. E seria um triunfo razoável. Eu regressaria com mais um sócio do F. C. Porto.
3. Agora, em homenagem aos patriotas de pacotilha: Portugal rejubilou com os três golos obtidos diante da excepcional selecção cazaque. Vitória retumbante e genial, avassaladora, que esmagou uma das selecções mais perigosas, contundentes e esclarecidas do futebol europeu da nova geração. Não percebo como a rua não foi invadida por fãs a festejar a data. Desculpem a moderação deste elogio – é o pudor que nos limita. É o pudor que nos salva. Daqui até à Ásia Central, a nossa vénia.
4. O molho holandês que Adriaanse deixou no Dragão continua a revelar-se: o Werder Bremen agradece ao F. C. Porto ter dispensado por 9 milhões um jogador como Diego - para não dizer que Hugo Almeida vai subir de forma. Tenho contas a ajustar, sim.
5. Materazzi, aquele italiano ridículo que foi cabeceado por Zidane na final com a França, publicou um livro: "O que é que eu disse mesmo a Zidane". O governo francês recusou protecção policial ao jogador, que iria a França apresentar o livro. Uma onda de insanidade percorre esta gente.
6. Anda muita gente preocupada com o peso de Vítor Baía na equipa técnica do F. C. Porto. Eu fico aliviado e tranquilo.
7. Vieira e Veiga: como vos disse, não há nada para dizer. É o destino.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 18 Novembro 2006
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