Scolari sem inimigos para se desculpar
1. Luiz Felipe Scolari diz - e bem - que os polacos "tiveram uma disposição fantástica e uma grande capacidade física" e que o jogo deles foi bom de ver. É simpático concordar com Scolari em matéria de futebol. Mas logo a seguir o treinador da selecção acha que os polacos só marcaram porque "cometemos erros". Juntamente com Fernando Santos, o gaúcho é um dos melhores do género a justificar derrotas, embora fique a anos-luz do actual treinador do Benfica - Santos enreda-se em frases de graciosa engenharia que funcionam porque vencem qualquer um pelo cansaço; Scolari é directo como se estivesse em Passo Fundo; lá na serra: "Pô-, nada nos correu bem, tchê."
Acontece que "nada nos correu bem" porque Scolari está com sérias dificuldades em reorganizar uma equipa que ele não conhece e onde lhe falta o espírito de sacristia com que tem gosto em trabalhar: meninos arrumados e respeitosos, rapazes que se contentam em ouvir Roberto Leal a caminho do estádio e se comovem com os vídeos e power-points que "incentivam o grupo de trabalho". Acontece, além disso, que Scolari não tem, como teve durante o Euro, uma equipa-base (treinada por Mourinho) a guiar o fio de jogo e a que a sua teimosia se dobrou depois do primeiro jogo com a Grécia que resultou naquele 0-1 desgraçado. É bom ser um "treinador conservador" quando se tem matéria-prima (como ele tinha na época do Mundial da Coreia-Japão e, depois, no Euro), mas construir uma equipa é outra coisa. Por isso Nani entrou tarde de mais, por isso havia laterais que deviam estar no miolo (como Deco), e havia gente no meio do campo que devia estar na bancada. Isso, Scolari não explicou, tchê. E agora não tem inimigos para se desculpar. Aquele silêncio incomoda-o.
2. Os sub-21 portaram-se como uns valentes. Sim, os russos pareciam barqueiros do Volga; mas os portugueses deram a volta, e dar a volta é coisa rara por estes lados.
3. A Liga de Luís Filipe Vieira e Valentim Loureiro acabou com cenas lamentáveis, mas adequadas aos personagens. É bom que não se esqueça que aquilo foi obra destes dois cavalheiros.
4. Jesualdo Ferreira diz que o F. C. Porto não perde três vezes seguidas. Pode ser. Até agora, o F. C. Porto tem o melhor ataque do campeonato; o Braga tinha o nono, mas contava com uma defesa ao nível dos portistas, ex-aequo. O que significa que os rapazes se comportaram como uma manada durante a digestão, ruminando o jogo. A vantagem é que Jesualdo não é queixinhas quando tem razões de queixa – nomeadamente, a falta de agressividade, de bons pontas-de-lança ou de alguém para rematar como deve ser. Mas não pode anunciar melhorias de jogo para jogo porque isso, caro Jesualdo, não se vê ainda. Pode ser esta semana, pode ser.
5. 0 que mais me assusta no F. C. Porto: o quarteto Quaresma, Anderson, Lucho e Helton - e o prejuízo da SAD.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 14 Outubro 2006
Acontece que "nada nos correu bem" porque Scolari está com sérias dificuldades em reorganizar uma equipa que ele não conhece e onde lhe falta o espírito de sacristia com que tem gosto em trabalhar: meninos arrumados e respeitosos, rapazes que se contentam em ouvir Roberto Leal a caminho do estádio e se comovem com os vídeos e power-points que "incentivam o grupo de trabalho". Acontece, além disso, que Scolari não tem, como teve durante o Euro, uma equipa-base (treinada por Mourinho) a guiar o fio de jogo e a que a sua teimosia se dobrou depois do primeiro jogo com a Grécia que resultou naquele 0-1 desgraçado. É bom ser um "treinador conservador" quando se tem matéria-prima (como ele tinha na época do Mundial da Coreia-Japão e, depois, no Euro), mas construir uma equipa é outra coisa. Por isso Nani entrou tarde de mais, por isso havia laterais que deviam estar no miolo (como Deco), e havia gente no meio do campo que devia estar na bancada. Isso, Scolari não explicou, tchê. E agora não tem inimigos para se desculpar. Aquele silêncio incomoda-o.
2. Os sub-21 portaram-se como uns valentes. Sim, os russos pareciam barqueiros do Volga; mas os portugueses deram a volta, e dar a volta é coisa rara por estes lados.
3. A Liga de Luís Filipe Vieira e Valentim Loureiro acabou com cenas lamentáveis, mas adequadas aos personagens. É bom que não se esqueça que aquilo foi obra destes dois cavalheiros.
4. Jesualdo Ferreira diz que o F. C. Porto não perde três vezes seguidas. Pode ser. Até agora, o F. C. Porto tem o melhor ataque do campeonato; o Braga tinha o nono, mas contava com uma defesa ao nível dos portistas, ex-aequo. O que significa que os rapazes se comportaram como uma manada durante a digestão, ruminando o jogo. A vantagem é que Jesualdo não é queixinhas quando tem razões de queixa – nomeadamente, a falta de agressividade, de bons pontas-de-lança ou de alguém para rematar como deve ser. Mas não pode anunciar melhorias de jogo para jogo porque isso, caro Jesualdo, não se vê ainda. Pode ser esta semana, pode ser.
5. 0 que mais me assusta no F. C. Porto: o quarteto Quaresma, Anderson, Lucho e Helton - e o prejuízo da SAD.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 14 Outubro 2006
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