Didi perdeu em Braga e Jorge Costa despede-se
1. Por motivos suspeitos e absurdos, o Sporting de Braga-FC Porto desta semana lembrou-me Didi, considerado o melhor criador de jogo no Mundial de 1958, na Suécia – o campeonato que marcou a arrancada do Brasil. Ia distrair-me e falar de Pelé, Mané Garrincha, Vavá, Nilton Santos, Mazzola e Didi, mas não vale a pena. Fico-me por Didi como o contrário de tudo o que o FC Porto fez em campo. Duas frases do génio, apenas. A primeira, enganosa: “Quem corre é ela”, dizia Didi (especialista no golpe de “folha seca”) sobre a bola. Os jogadores do FC Porto também esperavam que a bola corresse e os substituísse ao longo do jogo – mas não fizeram nada por isso, como se sofressem de paralisia temporária nas meninges. A outra frase de Didi é patifaria: “Eu tratava a bola com tanto carinho como trato a minha mulher, tinha por ela um carinho tremendo. Se você a maltratar, quebra a perna.” Se isso fosse verdade, os rapazes tinham saído de Braga em maca e embrulhados em gesso, directamente para a ortopedia do Dragão. Na verdade, em noventa minutos, os jogadores do Porto maltrataram a bola quanto podiam. Já não repito que o segundo golo do Braga foi, também, obra da vastíssima preguiça daquela manada fatigada que defendia a área; o primeiro foi resultado da sua arrogância, o segundo da sua preguiça. Em ambos os casos, mereceram perder, convencidos de que o Braga ia fazer em casa aquilo que tinha feito em Itália na primeira parte do jogo com o Chievo. Ora, de convencidos está o purgatório cheio.
2. Ele, sozinho, cercava os adversários – mas Jorge Costa (eu chamava-lhe “o Bruce Willis de Ermesinde”) anunciou esta semana que vai abandonar os estádios. A notícia tem o seu quê de preocupante, em primeiro lugar porque ainda não se sabe se o FC Porto lhe vai render a justa e justificadíssima homenagem que “o capitão” devia receber. O FC Porto dos melhores anos deve muito a Jorge Costa, afastado da equipa nos tempos de Octávio Machado e, depois, de Co Adriaanse. A ingratidão é o mais vergonhoso e desgraçado dos sentimentos e Jorge Costa não merece que, ao abandonar a carreira, se esqueçam de o convidar para entrar no estádio do Dragão e receber os aplausos devidos. Com Vítor Baía, Jorge Costa é um dos grandes representantes desse FC Porto histórico, campeão dentro e fora de portas. Não se esqueçam. A ingratidão é o pior dos sentimentos.
3. O meu Grêmio de Porto Alegre está em segundo lugar no Brasileirão, perseguindo o São Paulo. Mas não é só isso. Como um verdadeiro gremista assinalo a evidência acrescentando esta informação preciosa: e o Internacional perdeu anteontem. O verdadeiro clube internacional de Porto Alegre é o Grêmio.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 7 Outubro 2006
2. Ele, sozinho, cercava os adversários – mas Jorge Costa (eu chamava-lhe “o Bruce Willis de Ermesinde”) anunciou esta semana que vai abandonar os estádios. A notícia tem o seu quê de preocupante, em primeiro lugar porque ainda não se sabe se o FC Porto lhe vai render a justa e justificadíssima homenagem que “o capitão” devia receber. O FC Porto dos melhores anos deve muito a Jorge Costa, afastado da equipa nos tempos de Octávio Machado e, depois, de Co Adriaanse. A ingratidão é o mais vergonhoso e desgraçado dos sentimentos e Jorge Costa não merece que, ao abandonar a carreira, se esqueçam de o convidar para entrar no estádio do Dragão e receber os aplausos devidos. Com Vítor Baía, Jorge Costa é um dos grandes representantes desse FC Porto histórico, campeão dentro e fora de portas. Não se esqueçam. A ingratidão é o pior dos sentimentos.
3. O meu Grêmio de Porto Alegre está em segundo lugar no Brasileirão, perseguindo o São Paulo. Mas não é só isso. Como um verdadeiro gremista assinalo a evidência acrescentando esta informação preciosa: e o Internacional perdeu anteontem. O verdadeiro clube internacional de Porto Alegre é o Grêmio.
in Topo Norte - Jornal de Notícias - 7 Outubro 2006
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